O primeiro dia útil de 2023 começou com redução no preço da gasolina em Novo Hamburgo após uma sequência de altas na última semana. Nesta segunda-feira (2), o litro do combustível podia ser encontrado a menos de R$ 5 em alguns postos do Município. No domingo, a gasolina chegava a custar quase R$ 6 na região.
Os postos citavam o fim da desoneração dos combustíveis como justificativa para o aumento repentino nas bombas, mas uma Medida Provisória (MP) publicada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva prorrogou, por 60 dias, a isenção de impostos federais sobre o álcool e a gasolina. Assim, os preços voltaram a cair.
Foto: Júlia Taube/GES Especial
A reportagem do Jornal NH circulou por dez estabelecimentos da cidade, entre os bairros Centro, Primavera, Pátria Nova, Ideal, Ouro Branco, Vila Nova e Hamburgo Velho. O litro da gasolina comum variava de R$ 4,89 a R$ 5,79. A mais em conta era encontrada no bairro Pátria Nova. Em seis deles, os preços haviam sido reajustados nesta manhã, após a medida tomada pelo novo governo.
Em um posto na Avenida Sete de Setembro, a gasolina chegou a baixar 80 centavos, passando para R$ 4,99. No domingo, o valor cobrado era de R$ 5,79. O gerente relata que, no sábado (31), o preço era o mesmo desta segunda-feira e que a pretensão é manter o valor.
No bairro Ideal, o preço também teve queda nesta manhã, chegando a R$ 5,25. De acordo com um funcionário do local, o litro da gasolina comum saía por R$ 5,75 no domingo. No entanto, o preço desta segunda-feira ainda não se igualava ao de sábado, quando o litro do combustível custava R$ 4,85.
‘Longe do ideal’
Em um posto às margens da BR-116, o autônomo Cristiano Moraes, 48, abastecia seu veículo. No local, a gasolina chegou a baixar 46 centavos, saindo por R$ 5,29 nesta manhã. Morador de Porto Alegre, ele comenta que o preço em Novo Hamburgo está mais barato do que na capital, mas que ainda “está bem longe do ideal”.
O prejuízo da instabilidade nos preços tem efeito cascata. Para evitar fechar o mês com as contas “no vermelho”, Cristiano decidiu repassar o reajuste do valor do combustível dos últimos dias aos clientes. “Eu trabalho com manutenção. Para eu ir até meu cliente com as minhas ferramentas, ele tem que pagar o meu deslocamento, e o preço da gasolina eu incluí no preço que eu cobro”.
Alta ‘sem justificativa’
Em apenas um posto de Novo Hamburgo, no bairro Hamburgo Velho, a reportagem constatou alta do valor nesta segunda-feira. No domingo, o estabelecimento cobrava R$ 4,99 o litro da gasolina e, nesta segunda-feira, amanheceu com o combustível a R$ 5,58. De acordo com um frentista do estabelecimento, a ordem recebida foi para “trocar o preço”, sem ser mencionada a justificativa. “A gente não sabe por que subiu. O escritório do posto diz que vai subir, e a gente só troca o preço”.
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Aumento por conta dos postos
Antes mesmo do fim de 2022, os postos de gasolina já vinham aumentando o preço da gasolina nas bombas. De segunda a sexta, entre os dias 26 e 30, o valor ficou, em média, 64 centavos mais caro em Novo Hamburgo. No início da semana, era possível encontrar o litro por R$ 4,55.
A elevação ocorreu mesmo enquanto os impostos federais sobre a gasolina ainda estavam zerados. A alta causou indignação no representante comercial Adriano Gemir, 57. “Está um absurdo. De R$ 4,49 eles estão cobrando R$ 5,79. É lamentável.”
Foto: Júlia Taube/GES-Especial
A isenção dos tributos sobre os combustíveis foi determinada no meio de 2022 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com validade até 31 de dezembro daquele ano. Nesta segunda-feira, o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), determinou, por meio de uma MP, que a cobrança de impostos continuaria zerada até 28 de fevereiro de 2023.
O que diz a Sulpetro
De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Estado do Rio Grande do Sul (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, a elevação em dezembro ocorreu por conta de os postos de combustíveis estarem comprando os insumos já com reajustes vindos das distribuidoras.
“Especialmente os postos bandeira branca que estavam com dificuldade de aquisição e, quando conseguiam, tinham relato de até mais de 50 centavos de aumento por parte das distribuidoras. Os bandeirados, além da restrição do fornecimento, não conseguiam comprar nada de adicional. Eles tiveram avisos de reajustes com base em álcool anidro [misturado à gasolina] e, inclusive, de antecipação tributária”, explica o presidente da entidade que representa os postos.
Para o presidente da Sulpetro, a expectativa é que “com a definição da prorrogação por 60 dias, haverá uma acomodação na sequência”, entretanto, frisa, “cada um irá administrar a sua realidade, alguns poderiam já estar praticando preços muito baixos”.