Uma semana após o anúncio de redução no valor da gasolina nas refinarias da Petrobras – que mudou sua política de preços baseada no mercado internacional – a surpresa nas bombas de postos de combustíveis do Vale do Sinos foi uma alta de quase 7% nesta sexta-feira (26).
Alguns estabelecimentos de São Leopoldo até amanheceram com valores na casa de R$ 4,60, e alguns até alguns centavos a menos, mas foi só a movimentação de alta no mercado da região ser percebida que os preços todos foram para a casa dos R$ 4,90, em sua maioria em R$ 4,96 ou R$ 4,99.
Desde antes do anúncio da Petrobras de mudança no na política de preços, o valor médio da gasolina no Vale do Sinos estava em torno de R$ 4,69 (um pouco mais, um pouco menos), o que ficou inalterado – com raras exceções – nestes 10 dias de redução vinda de Brasília. Na quinta-feira, alguns postos até fizeram um movimento de baixa a R$ 4,59, mas durou pouco. Nem 24 horas, aliás.
Retenção na distribuição
Presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, diz que os donos de postos têm tido dificuldade em receber gasolina. “Estou recebendo muitos relatos de dificuldade de aquisição de produto perante as distribuidoras. Ele não está conseguindo comprar produto.”
Segundo Dal’Aqua, as distribuidoras estão represando a gasolina e entregando apenas o que está em contrato. Isso acontece porque essas empresas estão aguardando a mudança no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
A partir da próxima quinta-feira (1º) o ICMS terá uma cota única, sendo cobrado R$ 1,22 em todo País, o que, de acordo com a projeção, impactaria em uma alta de R$ 0,29 na bomba. “É aquela lei que a gente sempre diz, que quando baixa eles baixam gradual para calibrar e quando sobe eles repassam imediatamente”, esclarece Dal’Aqua.
Mesmo com a dificuldade em receber gasolina, como alega a Sulpetro, o presidente da entidade descarta qualquer possibilidade de desabastecimento neste fim de semana.
A mudança no ICMS anunciada para a próxima semana veio também com uma sinalização do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo ainda pode reduzir mais o preço cobrado nas refinarias.
No mesmo dia de mudança na política de preços da Petrobras, Haddad declarou haver margem para reduzir mais o valor do combustível.
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Fiscalização na segunda-feira
Mesmo com o valor da gasolina sendo de livre mercado, pode ser regulamentado e fiscalizado. Subprocurador do Procon Novo Hamburgo, Nei Sarmento, diz que, na segunda-feira (29), o órgão fará uma ação de fiscalização dos postos na cidade.
“Vamos pedir as notas fiscais e verificar se há um aumento abusivo, se verificarmos essa situação vamos multar os postos”, explica Sarmento. Em abril, o órgão multou 12 postos da cidade por cobrança abusiva.
Redução chegou no gás
A decisão da Petrobras de abandonar o Preço de Paridade de Importação (PPI) se estende também para o diesel e o gás de cozinha. Diferentemente da gasolina, as distribuidoras de gás já têm praticado preços menores desde o anúncio feito no dia 16 de maio.
Fernando Schneider, dono de uma distribuidora de gás no bairro Operário cobrava R$ 103 para o gás comprado na porta do estabelecimento antes do anúncio, e R$ 125 nas entregas. Hoje, os valores praticados são de R$ 95,00 e R$ 125 respectivamente.
“No sábado (20), eu recebi uma nova carga mais barata e já baixei o valor”, relata. Schneider diz que o preço pago à distribuidora baixou cerca de R$ 7,50.
A companhia de entrega de gás de Schneider fica ao lado de um posto de gasolina, que também está cobrando R$ 4,99 pela gasolina, mostrando a diferença de comportamento em cada um dos itens regulados pela Petrobras.
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