Os gritos desesperados de um menino de três anos, que pedia socorro e chamava pela mãe, terminaram no resgate dele e do irmão de dois anos em um apartamento no Centro de Novo Hamburgo na tarde desta terça-feira (10). Brigadianos tiveram que arrombar a porta. As crianças estavam em situação de abandono na própria casa. Famintas e sujas. Os pais, desacordados e drogados, foram presos em flagrante.
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Foto: Isaías Rheinheimer/GES-Especial
Moradores do prédio, situado na Rua Lima e Silva, já suspeitavam de maus-tratos no imóvel de um autônomo de 27 anos e da companheira de 26. O uso de drogas do casal era de conhecimento no condomínio. Quase todos os dias, entre 15 e 18 horas, havia entrega de maconha e cocaína no apartamento.
Mas, desta vez, o cenário foi assustador. A aflição transmitida nos gritos do menino provocou correria de vizinhos ao imóvel do terceiro andar. Alguns chamaram a Brigada Militar. Os pais não atendiam. A criança não parava de chorar. Quando os policiais chegaram, depararam com moradores ainda batendo à porta. A solução foi arrombar.
Parecia morta
Os soldados encontraram um cenário desolador. A primeira imagem era da mulher, que parecia morta, com o filho caçula nos braços. Ela acordou, entorpecida e confusa, quando um policial pegou o menino. O outro, ainda em choro desesperado, estava em situação ainda mais deplorável. Foi acudido na cozinha, em cima do micro-ondas, pedindo pela mãe, como se implorasse por comida. O pai, deitado no quarto do casal, só acordou após diversos chamados dos policiais.
Faltava comida, mas tinha maconha
As crianças estavam pálidas e com fraldas não trocadas há dias. Não tinha comida no apartamento. Cigarros de maconha foram apreendidos na mesa da sala e no armário da televisão. Os pais saíram algemados do prédio. O delegado plantonista, Marcelo Braga, autuou o casal em flagrante por abandono de incapaz e posse de entorpecentes.
Familiares dos acusados negam maus-tratos. Juntaram dinheiro para a fiança do casal, que foi liberado ainda na terça. O pai pagou R$ 3 mil e a mãe, R$ 1 mil. “O procedimento já tem todas as partes ouvidas e será enviado ao Judiciário com os indiciamentos. As crianças foram encaminhadas ao Conselho Tutelar”, declara o delegado da 1ª DP, Tarcísio Kaltbach.
Meninos foram acolhidos pelos avós maternos
Segundo a conselheira tutelar Michelle Marques, os meninos foram recebidos pelos avós maternos, que moram em outra cidade. “Emergencialmente, a gente procura por parentes mais próximos que possam fazer o acolhimento. Conseguimos localizar os avós, que vieram buscar as crianças. É uma primeira medida de proteção”, expõe. Quando não há familiar para ficar com as vítimas, elas são encaminhadas a um abrigo.
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