Ao atrasar o início das rotas dos ônibus, a Viação Santa Clara (Visac), que assumiu a operação do transporte público de Novo Hamburgo no último sábado (27), provoca um efeito cascata que vai além de atrapalhar a agenda dos usuários.
Entre as consequências dos atrasos também está a superlotação dos coletivos, o que piora o humor daqueles passageiros que já tiveram que esperar pelo ônibus. A técnica em radiologia, Luana Rocha, 42 anos, ficou impressionada ao embarcar em um ônibus MixMob na antiga rodoviária, por volta das 13h10 desta segunda-feira (29). O ônibus dela deveria ter passado às 12h40 pelo terminal. “Além do atraso, os ônibus estão lotados. Parece uma lata de sardinha, nunca tinha visto um ônibus aqui em Novo Hamburgo deste jeito”, relata.
A condição estrutural do veículo também foi criticada pela passageira. “[A grande maioria] são ônibus bem velhos, recauchutados. Está entrando muita água, mas muita água mesmo, o pessoal não conseguiu nem sentar em alguns lugares porque tinha água pingando na cabeça”, revela.
“Não cabe mais ninguém, moço”
Moradores do bairro Canudos, da linha Aeroclube, enfrentaram situação semelhante no começo da manhã desta segunda-feira. O ônibus das 6h20 chegou com 20 minutos de atraso e acabou absorvendo a demanda de passageiros que foram à parada para pegar os ônibus das 6h40 e das 7 horas, por exemplo. Por conta disso, rapidamente, o veículo ficou superlotado.
A reportagem estava dentro deste ônibus e contabilizou 92 passageiros dentro dele. Era um veículo modelo Padron, que comporta no máximo 80 passageiros. Somente em pé, havia 54 pessoas, entre adolescentes e idosos. “Não cabe mais ninguém, moço”, gritou uma passageira quando o motorista parou em um ponto para embarcar mais oito passageiros.
Explicações da Viação Santa Clara
Em nota, a Visac afirma: “As reclamações de ônibus com muitos passageiros pode ser reflexo de alguns atrasos, fazendo com que usuários ‘da próxima viagem’ acabem pegando aquela em curso. A Visac trabalha com cinco tamanhos de veículos, que vão de 16 passageiros (vans) aos articulados, para 60 passageiro sentados, mais a quantidade de passageiros que ficam em pé de acordo com a NBR 15.570.”
“Não tinha como trabalhar”, motorista revela por que desistiu de dirigir novos ônibus
Um motorista que havia sido contratado pela Viação Santa Clara (Visac RS), que desistiu de trabalhar no sábado, explica os motivos pelos quais tomou a decisão. Em entrevista à reportagem na manhã desta segunda-feira, o homem, que não quer ser identificado, diz que houve mudança de regras no primeiro dia do funcionamento da empresa, após a assinatura de contrato realizada na sexta-feira (26). A Visac contraria a versão e diz que “durante a semana os motoristas foram reunidos em grupos de 50 profissionais para orientações”.
O condutor afirma que houve falta de cumprimento do que foi acordado anteriormente com os motoristas e que não tinham ônibus suficientes para todos no sábado pela manhã.
“No sábado, a Prefeitura e a Visac colocaram que os motoristas se rebelaram, mas não tinha carro. Não tinha como trabalhar. Isso não é justo”, contou o motorista. Já a Viação Santa Clara afirma que “os ônibus estavam todos enfileirados e ligados, prontos para a saída, quando esse grupo de motoristas informou que não iria cumprir a jornada”.
*Colaborou: Susi Mello
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