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LIGAÇÃO INESPERADA

"Para quem não tinha nada, esse prêmio foi muito", diz moradora de Novo Hamburgo sobre ganhar sorteio após ter casa alagada

Dona Rosa, de 49 anos, teve a casa no bairro Santo Afonso inundada na sexta-feira e, no domingo, emocionou os gaúchos ao receber ligação dos apresentadores

Ubiratan Júnior
Publicado em: 21/06/2023 às 19h:13
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Da casa alagada ao prêmio de um sorteio regional. A vida da cozinheira Rosa da Silva, de 49 anos, teve uma reviravolta em apenas três dias. Na madrugada da sexta-feira (16) ela acordou com água invadindo a casa onde mora há 22 anos no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo. Ela e o marido de 51 anos precisaram deixar a residência e se abrigar na casa do filho, que mora no mesmo bairro, porém em área não atingida pela enxurrada.

No domingo (18), enquanto visitava a residência alagada, recebeu uma ligação que fez a tristeza dar lugar à esperança. A hamburguense ganhou uma motocicleta Kawasaki Ninja avaliada em R$ 30 mil. “Para quem não tinha nada, esse prêmio foi muito”, comemora.



Dona Rosa conta que quando recebeu a ligação do Trilegal recém tinha chegado na sua casa para ver a situação do local atingido pela enchente. A cozinheira lembra que estava triste e abalada vendo que havia perdido bens materiais de uma vida inteira de trabalho. “Eu estava na garagem vendo a situação do que a água tinha feito. Estava pensando ‘como vou fazer agora para arrumar’. De repente meu telefone toca, era um número estranho. Pensei comigo ‘não vou tender, não sei quem está me ligando’”, detalha.

A hamburguense conta que quando revelaram ser do Trilegal, a emoção tomou conta. “Minhas pernas começaram a tremer e eu comecei a chorar. Na hora, não pude acreditar que poderia ser real”, lembra dona Rosa. Ela ainda fala que, somente depois que a adrenalina passou, lembrou que o bilhete foi um presente do marido, comprado no Zé da Sorte.

Ela não lembra quando começou a apostar, mas garante que sempre teve esperança de um dia ser premiada. “Eu acordo todos os domingos, ligo a TV e assisto o sorteio. Só que no último domingo a minha cabeça não estava boa, eu só chorava. Não estava bem emocionalmente”, salienta. “A gente vê muita gente ganhando. Eu sempre tive muita fé e pensava ‘um dia eu vou ganhar’, até que chegou a minha hora de ganhar mesmo”, acrescenta.

“Foi uma emoção, eu estava muito abalada pela perca das coisas de dentro de casa”

O vídeo em que dona Rosa recebe a notícia do prêmio é emocionante pois, chorando, ela conta que a sua casa foi atingida pela enchente. “Tudo mais ou menos, a minha casa foi atingida pela água. Agora cheguei aqui e perdi tudo”, disse ela logo no começo do telefonema.

Na terça-feira (20), quando voltaram para casa, ela e o marido puderam analisar melhor os prejuízos. Armários, utensílios domésticos, roupas e outras mobílias se perderam com a enxurrada.

Para dona Rosa, receber o prêmio entregue na segunda-feira (19) foi uma oportunidade de recomeçar. “Foi uma emoção, eu estava muito abalada pela perca das coisas de dentro de casa”, afirma.

Além de ajudar neste momento difícil para a família, a cozinheira diz que também servirá para realizar um desejo de muito tempo: a reforma da casa. Inclusive, ela revela que esse era o motivo de apostar. “Eu comecei a erguer a minha casa quando teve o primeiro alagamento. Levantei a minha cozinha, o meu banheiro, o corredor, o quarto que era do meu filho. Porém, ainda falta o meu quarto, a sala e o quarto que era da minha filha”, detalha.

Além disso, outras coisas que incomodam dona Rosa passam a ter perspectiva, como o chão da casa que é feito de cimento e que causa muita poeira. “Eu olhava o meu forro todo comido por cupins e pensava ‘quando será poderei trabalhar e ter dinheiro para arrumar a minha casa?’. Eu não queria nada, só queria ter a minha casa com a cerâmica bonita, com o forro bonitinho”, desabafa.

Todo mundo que trabalha sonha em ter uma casa boa para morar. Esse era o meu sonho. Quando ganhei pude passar a sonhar que tudo isso poderá se realizar. Eu sei que muitos vão dizer é pouco, mas para mim é muito”, finaliza.

Emoção nos bastidores 

A história de dona Rosa emocionou também quem estava nos bastidores do programa do Trilegal. O apresentador Fernando Waschburger conta que o programa costuma ser “alto astral”, mas que no domingo passado começou falando sobre os desastres causados pela passagem do ciclone no Estado e se solidarizando com as famílias que perderam entes queridos e bens materiais. 

“Quando comecei a dar a notícia para ela, ela não dava sinais de que tinha algum problema. Normalmente quando as pessoas recebem a ligação elas ficam desconfiadas, ficam em dúvida se é um trote ou não. Quando eu dei a notícia de que ela ganhou prêmio e ela aos prantos disse que havia perdido tudo. Eu fiquei muito impactado”, revela o apresentador. 

“Mesmo com todos esses anos de experiência, fiquei bastante sensibilizado porque ao mesmo tempo que uma família está passando por um sofrimento gigante, a gente tem uma boa notícia para essa pessoa”, completa.

Fernando conta que logo após a ligação o programa foi para o intervalo comercial e um curto silêncio se instaurou no estúdio. “Todo mundo ficou impactado com aquilo. O programa tem 15 anos, já passamos por muitas coisas, mas com esse nível de sentimento foi a primeira vez”, lembra. 

“Ela foi muito genuína no sentimento dela de relatar o problema dela e ao mesmo tempo agradeceu muito o fato de poder recomeçar de alguma maneira com esse prêmio do Trilegal”, finaliza o apresentador. 

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