NOVO HAMBURGO
Pais de estudante que foi entubado após mata-leão temem pelo psicológico do filho: 'Temos receio de deixar ele sozinho'
Adolescente recebeu alta na última sexta-feira, após ter sido hospitalizado e entubado
Última atualização: 11/12/2023 17:17
As consequências da agressão que o adolescente de 14 anos sofreu na terça-feira (5) da semana passada, na Escola Estadual de Ensino Fundamental Jair Foscarini, em Novo Hamburgo, não foram somente físicas, mas também psicológicas, conforme a família. O jovem, que recebeu alta na última sexta-feira (8), havia sido entubado com um quadro de insuficiência respiratória após sofrer um mata-leão durante o recreio.
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Em um protesto realizado nesta segunda-feira (11) em frente à escola, os pais do estudante, Jeferson Rodrigo Pereira, 34, e Ana Cristina Pereira, 33, informaram que o filho está bem fisicamente, mas traumatizado com tudo o que aconteceu. “Psicologicamente, ele não está bem. Não está conseguindo dormir direito. Não quer socializar, porque todo mundo que vê ele só fala: 'Tu é o rapaz do mata-leão, da brincadeira'”, relata Pereira.
De acordo com o pai, a família recebeu uma ligação de que o filho teria passado mal. “Para nós, foi um baque muito grande”, diz. Depois que o rapaz saiu da intubação e retomou a consciência, Pereira conta que o jovem explicou como se deu a situação. “Ele estava caminhando, conversando com um dos três [colegas], e o outro já não estava mais do lado dele. Só sentiu quando foi pego pelas costas. Não foi uma brincadeira. Se fosse uma brincadeira, seria só para ferrar com ele? Por que os outros também não estavam na brincadeira? Eu conheço meu filho, eu sei que ele jamais iria participar de uma brincadeira que ele tivesse que oferecer o pescoço dele para alguém apertar”, questiona Pereira.
Segundo a mãe, a situação deixou toda a família insegura. “Estamos bastante abalados. Temos receio de deixar ele sair sozinho. Se ele sai sozinho, nós já ficamos preocupados de que algo possa ter acontecido. Não desejo para mãe nenhuma o que aconteceu com a gente”, relata. Ana afirma que pretende transferir o filho para outra escola depois do que aconteceu. “Não tem condições nenhuma dele ficar aqui. Que segurança eu vou ter sabendo que pode acontecer novamente?”, questiona.
Para o pai, o único desejo é que o estudante do 8º ano volte a ser o menino que sempre foi. “Eu só espero que o meu filho fique bem. Um menino que gosta de jogar o futebol dele. Que gosta de estar com os amigos dele. Que ele não tenha receio. Ele está quase concretizando o ensino fundamental. Daqui a pouco vai dar entrada no ensino médio. Eu preciso que esse guri sinta prazer em estudar. Que ele não se esmoreça com essa situação”, afirma Pereira.
Escola diz que foi "fato isolado"
Apesar de os familiares e estudantes afirmarem que o acidente não foi uma brincadeira, o diretor da escola, Roberto Amaral, ressalta que a agressão não aconteceu por querer. “Foi um fato isolado. Foi uma brincadeira dessa gurizada. Estavam na hora do recreio correndo e brincando um atrás do outro. Não foi nada premeditado. Ninguém agrediu ninguém por querer. É uma coisa que acontece em tudo que é escola. Foi um fato triste, mas a gente conseguiu socorrer o menino."
Em relação ao histórico de violência mencionado por alguns estudantes durante o protesto desta segunda, o diretor afirma que não há outros registros de agressões dentro da escola. Após a situação, os dois adolescentes envolvidos no acidente foram suspensos por dois dias.
"O que nós estamos fazendo é revezar entre os professores para circular no recreio e evitar esses tipos de brincadeiras. Tudo aquilo que era para ser feito, foi feito. A Secretaria de Educação está dando toda a assistência. E vamos esperar para que não aconteça mais”, diz Amaral.
O que diz a Secretaria Estadual da Educação
Sobre a necessidade de novos monitores e supervisores nos turnos das escolas, a Secretaria Estadual da Educação (Seduc) informa que foi autorizada, pelo governo do Estado, a contratação emergencial de mais 9 mil novos profissionais, entre professores e funcionários, para suprir a demanda ao longo do ano letivo de 2024.
As escolas estaduais também contam com equipes das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave+), que realizam ações de conscientização, prevenção e combate à violência por meio de atividades como palestras, dinâmicas, rodas de conversa, círculos da paz, entre outros.