ELO INEXPLICÁVEL

Pai em choque, pulseiras de identificação e vivências que parecem cenas de filme estão entre as histórias compartilhadas por trigêmeas de Novo Hamburgo

Mara, Marlene e Márcia Berndt nasceram no então Hospital Operário Darcy Vargas há 37 anos; quando bebês, apareceram no Jornal NH duas vezes

Publicado em: 01/11/2023 17:07
Última atualização: 01/11/2023 17:11

O nascimento das trigêmeas Sophia, Alice e Luíza fez a moradora de Novo Hamburgo Mirtes Berndt voltar no tempo. Há 37 anos, ela teve as trigêmeas Mara, Marlene e Márcia no Hospital Municipal, anteriormente chamado de Hospital Operário Darcy Vargas. Nesta quarta-feira (1º), Márcia entrou em contato com a reportagem e contou o quanto o trio que, apesar de não dividir mais o mesmo teto no bairro São Jorge, ainda possui – e muito! – um vínculo fora de série.


Trigêmeas estamparam o Jornal NH no dia 9 de janeiro de 1986, dois dias após o nascimento Foto: Arquivo pessoal

"Sem nos falarmos, escolhemos a mesma roupa, temos o mesmo gosto. Esses dias, fui na academia e uma delas comprou um tênis igual ao meu", conta Márcia, que salienta a força da união das irmãs. Quando Marlene estava grávida, prestes a ganhar o único filho, a irmã lembra que o médico disse que o parto seria induzido. Naquele momento, era como se ela estivesse prestes a ter um filho também. "Eu passei mal. Me acudiram e ele [médico] falou, 'te acalma quem vai ganhar o nenê vai ser ela'", relembra.

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Márcia e Mara são univitelinas, ou seja, gêmeas idênticas. Enquanto as duas herdaram as características de um lado da família, Marlene possui traços de outro. Por isso, é com Mara que Márcia fazia travessuras como tentar enganar as pessoas, especialmente os namorados. "Começamos a namorar na mesma época. Eles [os namorados] esperavam a gente na esquina, tentando adivinhar quem era quem", conta.

Em um dos casos, teve que pedir assistência da irmã, um favor que só se vê em filme. "Eu não tinha coragem de terminar o relacionamento e pedi para a Mara terminar pra mim. Ele [o ex] me amava tanto que nem reconheceu a gêmea", brinca, entre risos. Aconteceu até na hora de pedir aumento. "Minha irmã Mara lembrou agora também que, uma vez, ela que pediu aumento 'pro' meu diretor da época. Entrou na sala dele e conversou como se fosse eu."

Trigêmeas tinham dois para três anos. Da esquerda para a direita está Mara, Marlene e MárciaArquivo pessoal
Marlene, Márcia e Mara aos 13 anosArquivo pessoal
Mara, Marlene e MárciaArquivo pessoal

Pai ficou mudo por oito dias

Sobre a gravidez de Mirtes, mãe das trigêmeas, Márcia soube que a notícia não foi fácil para o pai, Teonício. Na época, o casal já tinha dois filhos, Sidney e Valdeci, e a confirmação de que a família aumentaria de quatro para sete só chegou no fim da gestação. "O médico desconfiou do tamanho da barriga. Achavam que eram dois, mas quando foram feitos os exames e viram que eram três, meu pai ficou mudo por oito dias", diz a filha. Elas nasceram prematuras, de apenas sete meses, no dia 6 de janeiro de 1986.

Teonício tinha receio pelas condições financeiras da família. Após o nascimento, as meninas voltaram a aparecer no Jornal NH (abaixo), desta vez com o pedido de ajuda para suprir os mantimentos em casa. "Recebemos muito apoio, até hoje a mãe lembra", acrescenta Márcia. Os pais ainda moram na mesma casa, que coleciona memórias da família e deixa a mãe emocionada.  


Trigêmeas apareceram novamente no Jornal NH, desta vez pedindo apoio para os mantimentos de dentro de casa. Mãe guarda as reportagens até hoje Foto: Arquivo pessoal

Identificadas por pulseiras

Primeiro, as meninas não tinham nomes definidos. Quando Mirtes decidiu como chamaria as filhas, manteve pulseiras para identificá-las. O truque deu tão certo que até hoje a mãe sabe qual das filhas que está falando com ela, bem como os netos. "Nossos filhos sabem quem é quem. Até tentamos enganar para ver se eles tinham certeza com quem estavam falando, mas não deu certo. Nossa mãe também sabe. Só ela para apontar quem sou eu e quem é a Mara nas fotos."

Mas até mesmo elas se confundem, tamanha é a semelhança. "Às vezes ouço os meus áudios e acho que é a Mara. Até na voz somos parecidas", relata.

O que diferencia o trio, que divide o mesmo gosto até na hora de escolher as roupas, é a profissão. Márcia alterna entre cuidar dos dois filhos e do empreendimento em Novo Hamburgo, enquanto Mara, que também é mãe de dois filhos, um menino e uma menina, é corretora. Marlene é dona de casa, a única do trio com um filho. "Nossos filhos também têm essa mesma união, todos vivem juntos. [Nos] finais de semana, a gente brinca [que] 'ficam pipocando', se dão como irmãos mesmo", descreve Márcia.

Mãe deixa recado

Na terça-feira (31), dia do nascimento das trigêmeas Sophia, Alice e Luíza, Mirtes disse que gostaria de dar um abraço na mãe do trio recém-nascido, porque o caso raro a fez lembrar, para além dos desafios, a felicidade de ser mãe de três de uma vez só.

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