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NOVO HAMBURGO

Paciente passa por autotransplante de medula e vence linfoma às vésperas do aniversário: "Renascimento"

Depois de um ano lutando contra o câncer, hamburguense Marcos Giovani Dapper teve comemoração dupla ao festejar os 53 anos

Júlia Taube
Publicado em: 20/08/2023 às 14h:29 Última atualização: 17/10/2023 às 19h:08
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Em datas festivas é comum desejar, dentre as felicitações, saúde aos aniversariantes. Mas para o hamburguense Marcos Giovani Dapper, o desejo foi além e se tornou realidade no último dia 15, três dias antes de completar 53 anos, com a confirmação de que seu transplante de medula óssea autólogo (TMO) havia sido um sucesso e a luta contra um linfoma do tipo não Hodgkin estava chegando ao fim.

Marcos Dapper em sua comemoração quando a ocorreu a "pega da medula" | Jornal NH



Marcos Dapper em sua comemoração quando a ocorreu a “pega da medula”

Foto: Arquivo pessoal/Marcos Dapper

A notícia veio como um presente de aniversário para Dapper, que, em julho de 2022, havia sido diagnosticado com dois linfomas. Depois de mais de um ano convivendo com a incerteza da doença, o mês de agosto se tornou ainda mais especial com a “pega” da medula.

“Foi um dia de renascimento, porque o corpo renasceu, e no outro dia eu comemorando meus 53 anos. Foi fantástico. Ainda estou vivendo isso, com muita empolgação e vontade de viver”, comemora.

Diagnóstico veio após fortes dores nas costas

Dapper conta que o diagnóstico veio após sentir dores intensas na região das costas. O que Dapper achava ser uma dor muscular era, na verdade, era um linfoma não Hodgkin de nível 4, localizado próximo aos órgãos abdominais e equivalente ao tamanho de um limão siciliano. A bateria de exames também apontou um segundo linfoma, do tipo folicular, na região do mediastino (cavidade torácica).

A vida do paciente se transformou. Entre internações e diversas sessões de quimioterapias, o linfoma folicular, de menor proporção, havia sumido. Entretanto, o câncer ainda persistia na região das costas.

Um novo tratamento foi montado, mais forte e que chegou a diminuir a dimensão do linfoma. “O novo protocolo em 2023 era mais forte, com quimioterapias mais fortes. No fim do protocolo, ele não tinha diminuído e nem evoluído. Tinha estagnado”, conta.

Marcos em sua última quimioterapia  | Jornal NH



Marcos em sua última quimioterapia

Foto: Arquivo pessoal/Marcos Dapper

Foi então que a médica que acompanhava seu tratamento sugeriu para ele TMO autólogo, procedimento que funciona como um autotransplante de medula. E o Hemovida do Hospital Regina foi o local escolhido para começar a nova fase.

Apesar da luta incansável, Dapper afirma nunca ter desanimado. Foram 18 dias de internação para a coleta de célula-tronco. No dia 2 de agosto ele recebeu a infusão de células-tronco e no dia 15, recebeu a tão sonhada alta. “Hoje eu estou com a imunidade de um bebê. De um dia para o outro, quando deu a pega, 50% dos sintomas eu tinha foram embora”, relata.

Comemoração surpresa

Mesmo com a disposição renovada e com ótimos resultados, Dapper conta que ainda não tem uma confirmação técnica de que está totalmente curado do câncer. “Daqui a 30 dias eu faço um exame de imagem que confirma se tem resquícios cancerígenos ainda”, revela. Mesmo assim, ele já se considera “mentalmente e espiritualmente curado”. 

Para comemorar a vida nova e seu aniversário, no último dia 17, a esposa de Dapper, Andréia Christmann, 53, e a filha do casal, Júlia Dapper, 19, prepararam um bolo com velinhas marcando seus 53 anos. “Minha esposa é muito forte, foi ela que segurou as pontas em casa. Mas a gente conseguiu. Eu tive minha família do meu lado e meus amigos. Por isso que eu sempre digo, eu não venci. Nós vencemos”, afirma.

Como ocorre o TMO autólogo

O procedimento de TMO autólogo que Dapper utilizou é um tipo de transplante em que as células-tronco presentes na medula óssea do próprio paciente são coletadas e, posteriormente, utilizadas para o tratamento desta pessoa.

Segundo o Hospital Regina, esse procedimento existe na casa de saúde desde 2015 e a taxa de sucesso do tratamento chega a 80%, dependendo muito do tipo de patologia tratada, estado de saúde do paciente, entre outros fatores.

Entre a equipe que atendeu o hamburguense, estão os médicos hematologistas, Cláudio Baungarten e André Marinato. Conforme eles, a medula óssea age como se fosse a fábrica das células sanguíneas, em que faz os glóbulos brancos, os vermelhos e as plaquetas.

Segundo Baungarten, o transplante autólogo serve para o tratamento de alguns tipos de câncer, como o mieloma múltiplo e linfomas. “A gente usa principalmente naqueles pacientes mieloma múltiplo abaixo de 70 anos e que tenham uma boa condição de saúde e também para alguns tipos de linfomas que têm risco muito alto de recaídas. Usamos ciclos de quimioterapia e uma consolidação de tratamento com um transplante autólogo”, explica.

“Pega da medula” pode levar até 18 dias

Após a coleta da medula óssea são realizadas sessões de quimioterapia de alta dose, chamada de mieloablativa, ou radioterapia, combatendo a doença e “zerando” a medula deste paciente.

Após esse procedimento, a medula coletada é refundida na pessoa. “Essa célula tem uma memória. Quando a gente a infunde na corrente sanguínea, ela vai procurar o local dela dentro da medula óssea e vai se reinstalar ali e vai começar uma nova produção de células-tronco”, detalha Baungarten.

Para que chegue ao resultado esperado após a infusão, as células-tronco podem levar de 8 a 18 dias. É então que ocorre a chamada “pega da medula”, quando inicia a nova produção de células no organismo.

“Então, o dia da pega da medula é quando a gente tem a certeza que essa medula pegou. Ou seja, ela subiu em uma contagem mínima que a gente estipula em 500 neutrófilos”, relata Baungarten.

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