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O que geóloga e Defesa Civil falam sobre áreas que tiveram deslizamentos em cidade da região

Especialistas estiveram nos locais e falam sobre a situação e medidas que serão tomadas

Publicado em: 06/12/2023 20:06
Última atualização: 06/12/2023 20:08

As consequências da última enchente que atingiu a região, no dia 18 de novembro, ainda estão sendo contabilizadas pelos municípios. Nesta segunda-feira (5), a Prefeitura de Igrejinha divulgou dois deslizamentos de terra que atingiram as localidades de Canto dos Renck e Arroio Kampf. Nenhuma residência chegou a ser atingida.

Deslizamento de terra na localidade da Voluntária Baixa, no Canto dos RenckLaura Rolim/GES-Especial
Deslizamento de terra na localidade da Voluntária Baixa, no Canto dos RenckLaura Rolim/GES-Especial

O deslizamento no Canto dos Renck, na localidade de Voluntária Baixa, foi de 150 metros de altura, e causou fissuras no solo de até 300 metros de distância do local. Já o deslizamento de terra no Arroio Kampf foi de 200 metros de altura. Os dois estão inclusos na carta geotécnica produzida em parceria com Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), que mapeia locais com riscos de deslizamentos.

De acordo com a coordenadora da Defesa Civil de Igrejinha, Alessandra Regina de Azambuja, com o grande deslizamento de terra, no Canto dos Renck, o arroio que há no local teve a água barrada por conta da vegetação. Para isso, no sábado (2), as equipes da Secretaria de Obras, com o apoio da Defesa Civil, realizaram o desassoreamento e remoção de seixos, troncos, galhos e árvores.

Casas próximas ao deslizamento não foram afetadas. Conforme Alessandra, se houver novos deslizamentos, não há risco das residências serem atingidas, o maior problema está no barramento da água, que pode resultar em inundações.

“Essas casas estão bem longe. O nosso problema é o barramento do arroio, como aconteceu. Porque isso reflete na inundação lá no bairro Figueira, no bairro Garibaldi, pois o volume de água foi tão grande, que desceu, e foi uma enxurrada súbita para lá. Nosso problema aqui é esse curso hídrico”, analisa.

Para a geóloga do município, Júlia dos Reis Coutinho, a movimentação do solo aconteceu por uma combinação de fatores. “Por conta do solo, que, provavelmente é bem raso, porque a gente consegue enxergar a rocha embaixo. A vegetação muito pesada em cima. O excesso de água, porque choveu muito. E aqui, na nossa carta geotécnica, é um local mapeado como uma área de risco de deslizamento. Por isso, destacamos a questão da não ocupação dessas áreas”, avalia.

Para amenizar o problema, caso ocorra novos deslizamentos, a solução é o desassoreamento do arroio, que é um processo feito periodicamente desde 2013. “Como o nosso rio tem uma característica de corredeira, ora ele pratica erosão, ora ele faz o assoreamento, é um trabalho contínuo que a gente tem que fazer”.

A intenção, conforme explica Alessandra, é que, em janeiro, assim que parar as chuvas, dar continuidade a todos os trabalhos. "Esse trabalho é feito para prevenir e mitigar os efeitos adversos. Mas dizer que nunca mais vai acontecer é impossível”, afirma.

Além disso, outro trabalho importante para evitar consequências aos moradores, é que a população siga as recomendações feitas na carta geotécnica e não ocupem locais de risco. “Os deslizamentos acontecem exatamente onde está a carta geotécnica. É olhar para o barranco e pensar: ‘isso aqui pode vir abaixo”. As pessoas precisam ter percepção do risco, alerta Júlia.

Moradores ouviram o momento do desmoronamento

O casal Lauro dos Santos, 60 anos, e Rosane Marisa Porche dos Santos, 56, se mudaram de Gramado para a localidade há cerca de um ano. Na noite do dia 18 de novembro, quando o fato aconteceu, ouviram barulhos sem saber o que era.

“Era um barulho muito forte. Não sabíamos exatamente o que era, mas dava para perceber que algo estava desmoronando. Desceu terra a noite toda e, no outro dia, a terra seguiu desmoronando”, comentam.

Os dois construíram na parte de baixo onde ocorreu o deslizamento. Mas a intenção, conforme relembra Santos, era construir a casa mais próxima do morro. “Tava tudo preparado para fazermos a casa. Ainda bem que não fizemos. A gente tem consciência do perigo”, assume.

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