TRANSPORTE PÚBLICO

NOVO HAMBURGO: Primeiro mês dos novos ônibus tem críticas e insatisfação de usuários

Câmara de Vereadores define nesta segunda-feira (27) presidente e vice-presidente da CPI dos Ônibus, que irá investigar as reclamações da população

Publicado em: 27/05/2024 03:00
Última atualização: 27/05/2024 13:59

O sistema de transporte público de Novo Hamburgo passou por uma grande mudança há um mês, com o início da operação do MixMob, a cargo da empresa Viação Santa Clara (Visac). Passageiros dizem que não veem motivo para comemorar a mudança e tecem críticas aos serviços prestados até aqui.


Sistema de transporte completou 30 dias de operação Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Vencedora do processo de licitação aberto pela Prefeitura de Novo Hamburgo, a Visac é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) aberta na Câmara de Vereadores para investigar as reclamações feitas pelos usuários do transporte coletivo.

Entre os principais problemas apontados estão o estado de conservação dos veículos, redução do número de assentos, escassez e descumprimento de horários de circulação das linhas - agravado há três semanas, com a suspensão dos serviços durante três momentos ao longo do dia.

A Prefeitura de Novo Hamburgo garante que "está trabalhando para sanar as dificuldades" e operar o sistema de forma satisfatória. Secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Roberta Gomes de Oliveira faz questão de lembrar que este início "muito difícil" do MixMob foi marcado pela maior enchente já registrada no Rio Grande do Sul: "Além da complexidade do sistema e de uma mudança significativa, ainda tivemos problemas causados pela catástrofe climática."

Por sua vez, a empresa admite que o serviço ficou aquém do estimado. "Não tem como dizer que o resultado foi 'dentro do esperado", diz o gerente da Visac, Fernando Silveira: "Dois dias após a implantação, começou a chuva, que deixou ruas bloqueadas, trânsito prejudicado e milhares de hamburguenses desabrigados, inclusive funcionários da Visac", argumenta.

Penalidades

Roberta de Oliveira afirma que as reclamações feitas pelos passageiros à Central de Operações de Atendimentos são enviadas à Visac e monitoradas pela gestão. "O Município já emitiu notificação. O contrato prevê multas e punições a serem aplicadas, podendo culminar com rescisão do contrato", explica a secretária municipal.

Questionado sobre algumas das críticas dos usuários à Visac, como a de que há ônibus com goteiras, Fernando Silveira garante que a situação é pontual: "Alguns veículos têm um exaustor e, no trajeto, galhos podem danificá-lo. O reparo é feito no retorno à garagem", diz o gerente, lembrando que "24% da frota é zero-quilômetro, e 30% dos carros têm ar-condicionado".

Atrasos e incertezas


Nadir Inês de Oliveira de 77 anos Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

A reportagem esteve na última sexta-feira (24) nas paradas de ônibus das Plataformas 1,2 e 3, principal terminal urbano da cidade. Mesmo fora do horário de pico, os passageiros reclamavam dos atrasos. “Estamos perdidos. O grande problema é que fluxo de pessoas é o mesmo, e as viagens, não”, avalia Nadir Inês de Oliveira, moradora do bairro Liberdade.


Rafaela Damaceno (24) Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Outra preocupação é a baixa oferta de ônibus no início da manhã, como explica Rafaela Damaceno. Moradora do Pátria Nova, ela precisa de dois ônibus para chegar ao trabalho, e por vezes perde a baldeação. “A gente fica naquela incerteza: ‘será que vem ou não?’ e espera o quanto pode. Daí escolhe chegar atrasada ou gastar com Uber”, diz Rafaela.


Moradora do bairro Kephas, Marli da Silva (66) Foto: Joceline Silveira/GES-Especial

Marli da Silva, por sua vez, critica a falta de assentos pelo uso de alguns veículos menores: “Além da demora, estão cheios, sem lugar para sentar. É um desrespeito.”

CPI dos Ônibus tem dia de definições

Antes da sessão ordinária desta segunda-feira (27) na Câmara de Vereadores, os parlamentares indicados pelos seus partidos para compor a CPI dos Ônibus se reúnem às 17h30. Eles definirão, no voto, o presidente e vice - que, em seguida, designam relator e secretário.

A maior parte dos integrantes da CPI já fechou acordo para que a presidência fique com o Inspetor Luz (PP), um dos autores do pedido de criação da comissão.

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