Prestativo, carinhoso e “uma pessoa que todo mundo gostava”. Essas foram as palavras que Kaleb Bitencourt usou para descrever o irmão Isaac Lopes de Bitencourt, que faleceu no último dia 18 de maio, aos 46 anos de idade, vítima de leptospirose.
Ele era morador do bairro Canudos, em Novo Hamburgo, e foi o primeiro óbito confirmado no município por conta da doença.
Conforme o irmão, Isaac teve contato com a água da enchente logo nos primeiros dias de maio, quando o bairro já havia inundado e ele teria saído de casa para ajudar um amigo a tirar algumas coisas da residência.
“Ele foi dar uma mão para tirar as coisas de dentro de casa. Estava descendo a rua, a água estava alta já e achou que ia dar pé, foi quando ele acabou caindo em um buraco, ingeriu muita água e duas pessoas tiveram que ajudar ele. Levaram ele até em casa e ajudaram a tirar a roupa molhada”, descreve Bitencourt.
Dias depois, o irmão começou a ter sintomas de febre, dor no corpo, dor de cabeça e muita dor nas pernas. Ficou cerca de 4 dias se sentindo mal em casa. Foi quando decidiu procurar atendimento médico no dia 16 de maio na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Canudos.
O quadro de Isaac piorou e, conforme Bitencourt, não havia como transferir ele para um hospital, pois o de Novo Hamburgo estava lotado e para outras cidades o deslocamento estava impossibilitado.
“Quando eu cheguei perto dele, me disse que não estava conseguindo enxergar, que estava tudo embaçado. O semblante dele estava horrível. Eu fui a última pessoa a ver ele. O médico me explicou que a doença já estava muito avançada, que já estava atingido os órgãos. Chegaram a fazer exames, que mostraram que ainda tinha um pouco de água dentro dos pulmões. Pediram para que eu me preparasse para o pior”, relembra Bitencourt.
No atestado de óbito consta que Isaac faleceu de leptospirose icterohemorrágica, às 2 horas e 6 minutos do dia 18 de maio, quatro dias antes de completar 47 anos. “Foi tudo muito rápido, questão de uma semana. Impactou toda a nossa família. Ninguém consegue acreditar que isso aconteceu. Era uma pessoa perfeita de saúde”, diz o irmão, inconsolável.
Os dois moravam próximos um do outro e procuravam estar sempre juntos. Na família de cinco irmãos, os dois se conectavam de uma forma diferente. “Ele era carinhoso. Não era de falar muito, mas estava sempre aqui em casa. Me chamava de Kalebinho. Como eu sou o mais novo, foi praticamente ele e meu outro irmão que me criaram. O que um sentia, o outro também sentia”, afirma Bitencourt.
Natural de Caçapava do Sul, Isaac era pai de dois filhos, um de 25 e outro de 23 anos. Segundo o irmão, era apaixonado por música e de fazer artesanato em casa. “Está sendo muito difícil. Minha mãe e meus irmãos nem conseguiram vir para velar ele, por conta das estradas. Está todo mundo inconsolável”, lamenta o irmão.
Outros casos
O balanço da SES de quarta-feira (5) confirmou duas mortes em Novo Hamburgo por conta da leptospirose. Além de Isaac, a segunda vítima foi identificada como Marco Aurélio de Andrade, 51 anos. Ele apresentou os primeiros sintomas no dia 13 de maio e morreu na última quinta-feira (30).
Os sintomas mais comuns da doença podem levar até 30 dias para se desenvolver, no entanto, normalmente começam entre o 7º e 14º dia após a exposição e são:
LEIA TAMBÉM
- Febre
- Dor de cabeça
- Dor no corpo (principalmente nas panturrilhas)
- Vômitos
- Pele amarelada (em casos mais graves)
Em caso de suspeita, um médico deve ser procurado imediatamente.
O Rio Grande do Sul já registrou 15 óbitos por leptospirose desde o início dos alagamentos que afetam o Estado. Os óbitos foram confirmados nos seguintes municípios: Novo Hamburgo, Igrejinha, Venâncio Aires, Travesseiro, São Leopoldo, Canoas, Cachoeirinha e Viamão e Porto Alegre.
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