Mão na massa e qualificação para o mercado de trabalho são os ingredientes básicos do projeto social Confeitaria e Panificação, desenvolvido pela Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, e que atende cerca de 40 pessoas em situação de vulnerabilidade social neste semestre. Durante dez encontros, os participantes aprendem sobre boas práticas de manipulação de alimentos, confeitaria e panificação.
É nas salas do curso de gastronomia do prédio vermelho, nas quintas-feiras, que os beneficiários de instituições como Apae de Ivoti, AMO Criança de Novo Hamburgo, Cras de Santa Maria do Herval, Instituto Penal, Associação dos Deficientes Visuais de Novo Hamburgo, Mães Pobres e Desafio Resgate Jovem, aprendem a desenvolver habilidades culinárias para benefício próprio.
De acordo com o professor do curso de gastronomia e orientador da atividade, Paulo Eduardo Ferreira Machado, o objetivo do projeto é qualificar pessoas em vulnerabilidade social, para que tenham condições de inserção no mercado de trabalho e complementação de renda.
“Aqui, eles têm contato com o conhecimento básico de confeitaria e panificação, principalmente as bases. A maior parte das pessoas que passam por aqui não tem ideia, e fica claro o avanço no final do curso”, afirma Machado. A expectativa, a cada oficina, é deixá-los preparados na área, além de ser um resgate de autoestima.
A novidade deste semestre, conforme explica o professor, é que os participantes aprendem dentro da universidade. Antes, os alunos voluntários e professores das atividades iam até as instituições para fornecer as oficinas. Agora, o contato ficou mais próximo, e o aprendizado ficou ainda mais prático, já que as ferramentas ficam à disposição no Campus.
São duas oficinas a cada quinta-feira. Uma de boas práticas, em que os alunos aprendem sobre higiene e como evitar contaminação, e a outra, aprendem as bases das receitas, como cremes, merengues, bases de bolos e pães. No final, cada aluno recebe uma apostila com tudo o que foi aprendido ao longo do curso e um certificado.
A representante de vendas e bolsista de extensão do curso de gastronomia, Maria Janaína Silva Espinosa, 29 anos, conta que os alunos costumam vir bem animados e com sede de conhecimento. “É inspirador. Me sinto grata em poder desenvolver e ensinar algo novo. Eu aprendo cada dia mais, inclusive sobre como atender a diversidade”, avalia.
Beneficiários se sentem motivados
Para Alex Silveira Santos, 23 anos, integrante da comunidade terapêutica Resgate Jovem, morador de Roca Sales e que teve contato com panificação apenas em casa, essa é uma oportunidade para trabalhar na área. “Até pouco tempo atrás eu não via saída para a minha vida. Agora, vejo uma área para me reerguer”, afirma.
O objetivo de Santos é abrir um negócio futuramente, para aproveitar a qualificação, além de poder ajudar a instituição Desafio Resgate Jovem. Durante as duas aulas que teve até agora, ele já aprendeu que os detalhes contam muito nas receitas. “Eu agradeço pela oportunidade. Muitas vezes a sociedade não nos dá, mas a universidade está nos apoiando”, diz.
Já para Carla Santos, 49 anos, voluntária da Associação de Assistência em Oncopediatria (AMO Criança), a expectativa é levar o conhecimento para a instituição. De acordo com a moradora do bairro Industrial, em Novo Hamburgo, as mães dos assistidos auxiliam na produção de bolachas, que são vendidas e o valor é revertido para a instituição. Com o curso da Feevale, Carla vai poder repassar o que aprendeu.
“Eu me apaixonei pela gastronomia. Cozinhar é uma forma de poesia. Estou adorando ter contato com universitário, professores e outras instituições. É uma troca de experiência incrível. Um projeto totalmente focado em aprendizado”, destaca Carla.
O morador do bairro Canudos, Djonatan da Silva Castilho, 26, do grupo Desafio Resgate Jovem, se sente realizado pela oportunidade. “Eu estou gostando muito. Ver o desempenho dos professores é muito legal. Pretendo abrir um negócio meu, ou alguma oportunidade em padaria”, afirma.
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