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NOVO HAMBURGO

"Não tem onde ele ficar": Idosa que perdeu tudo na enchente espera transferência do filho acamado há mais de 40 dias

Desde maio, liminar determina avaliação do caso do jovem de 24 anos, morador do bairro Santo Afonso

Débora Ertel
Publicado em: 02/08/2023 às 15h:43 Última atualização: 17/10/2023 às 17h:44
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Depois que a enchente provocou a perda de tudo o que havia dentro da casa de uma família do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, um jovem de 24 anos foi internado no Hospital Municipal e, desde o dia 21 de junho, aguarda por transferência para outro local. Ele é acamado, usa fraldas e se alimenta por sonda desde dezembro do ano passado, quando foi agredido.

Móveis foram todos destruídos pela enchente de junho e família não tem como receber o homem acamado  | Jornal NH



Móveis foram todos destruídos pela enchente de junho e família não tem como receber o homem acamado

Foto: Divulgação

Ocorre que mãe dele, uma dona de casa de 65 anos, teve a seu favor uma decisão judicial, pois ela não condições físicas e nem financeiras de cuidar do filho. A mulher tem a guarda de três netos, de 2, 8 e 11 anos que perderam a mãe em maio de 2021, vítima de feminicídio.

Na decisão de 2 de maio, o juiz pretor Mozart Gomes da Silva, do Juizado Especial Cível de Novo Hamburgo, determina que o homem seja submetido à avaliação médica para averiguar necessidade de internação. “Caso constatada a necessidade de internação, desde já, autorizo, limitada a 90 dias, junto à instituição hospitalar especializada que deve ser indicada pela Secretária Municipal de Saúde”, deferiu Silva.

A situação ainda é agravada porque a família não tem renda. Como o homem está internado na casa de saúde e precisa de um acompanhante permanente, a idosa está praticamente morando dentro do quarto do hospital. Enquanto isso, a filha mais velha cuida das crianças.

Segundo familiares, funcionários do Hospital Municipal já pediram que a idosa fosse para casa levando o filho, já que o caso não é de internação clínica. “Imagina isso, é um absurdo. Eles perderam tudo na enchente. Não tem onde ele ficar”, relata uma amiga da família.

No dia 27 de julho, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) se manifestou à Justiça sobre o caso. Conforme a advogada Lóren Peixoto, o Estado já disponibilizou lista de lugares para transferir o jovem. “Mas o Município segue inerte”, informa.

Segundo a assessoria de imprensa da Prefeitura, o caso do paciente está sendo acompanhado por diversos setores da administração municipal, bem como pelo Ministério Público (MP). “Ele passou por uma avaliação psiquiátrica, mas não houve indicação de internação compulsória. No momento, está sendo realizada uma avaliação pela Secretaria de Desenvolvimento Social, que elaborará um relatório sobre a situação”, diz a nota.

Ainda conforme a assessoria, em conjunto com o MP, será decidido o melhor encaminhamento para o caso.

*Os nomes, da idosa e do jovem de 24 anos, foram preservados a pedido da família.

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