O 57° Festival de Coros do Vale do Sinos começou na quarta-feira (25), no Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno, e promete encantar o público até sábado (28). Com 26 coros, o evento gratuito oferece uma celebração da música coral, reunindo vozes de várias cidades, além de homenagear o bicentenário da imigração alemã no Brasil. As apresentações começam sempre às 20h e a programação inclui de cinco a oito conjuntos de vozes por noite, abrangendo repertórios que vão do sacro ao popular.
Ana Specht, presidente da Associação de Coros de Novo Hamburgo (Ascor), destaca a importância cultural do evento: “Estamos homenageando os 200 anos da imigração, uma tradição que se consolidou com os imigrantes. O canto expressava a saudade da terra, a fé e a coragem de recomeçar em um novo lugar”, conta.
O festival celebra a música, mas também a herança cultural germânica da região, com doze grupos apresentando canções em alemão, incluindo o Coro Júlio Kunz, fundado em 1888. “É uma oportunidade de vivenciar e preservar essa cultura rica e significativa”, acrescenta Ana.
Regente do Coro Cantate, Rafael Gustavo Tauchert, também ressalta a relevância do festival: “Precisamos divulgar e movimentar nossos grupos, pois há uma preocupante diminuição no número de corais. A valorização do canto coral é fundamental para atrair novos integrantes.”
Para o secretário de Cultura, Ralfe Cardoso, “o Movimento Coral sempre será essa referência de arte e comunidade, emprestando, no Festival, a celebração marcante da tradição da música trazida também pelos imigrantes”.
Desafio de cantar em alemão
Para Tauchert, que vem de origem alemã mas não fala o idioma, cantar em alemão foi um desafio para ele e aos integrantes. “Para alguns, como eu, que não falam o idioma, aprender a pronúncia é complicado. Nos ensaios, criamos materiais de apoio para facilitar o aprendizado, permitindo que os cantores se sintam mais seguros”, explica.
Ele destaca também a colaboração entre os membros, uma vez que aqueles que conhecem o alemão ajudavam os demais, criando um ambiente de apoio mútuo. É o caso de Elisabeta Wunder. “Eu fui alfabetizada em alemão, pois meus pais só falavam essa língua. Para quem já fala, o alemão pode parecer simples, mas para os iniciantes, é desafiador, quase como uma trava-línguas.”
A cantora aproveitou para elogiar a disposição dos colegas: “Todos estão aqui para aprender e mostram muito interesse. É importante ter essa vontade. Mesmo enfrentando dificuldades, a prática é fundamental”, acrescenta. Por fim, o regente Tauchert também pontuou a motivação e o amor envolvidos na prática do canto, dizendo que “independentemente do repertório, levamos a mensagem de amor por meio da música. Cada canção, religiosa ou não, é uma oportunidade de transmitir algo significativo.”
Coros centenários
A 57ª edição homenageará três coros centenários, que receberão troféus especiais em reconhecimento ao seu trabalho contínuo e à contribuição para a música local. “Esses grupos, Santa Cecília de Dois Irmãos, Júlio Kunz de Novo Hamburgo, e Coro União de Estância Velha, emergiram das sociedades de canto, que promovem a união e a cultura coletiva”, explica a presidente da Ascor, Ana Specht.
A presidente observa que, apesar de uma diminuição no número de coros ao longo dos anos, o movimento ainda é forte: “Após a pandemia, muitos buscam socialização e espaços para se expressar. O festival reúne 26 grupos da região, incluindo coros mistos, infanto-juvenis, masculinos e femininos, com uma diversidade de repertórios.”
Regente do Júlio Kunz, Volmir Adolfo Jung, destaca os 136 anos de atividades ininterruptas e celebra a atividade que veio com os imigrantes alemães para o Brasil. “Inicialmente, o Júlio Kunz era uma sociedade de canto chamada Gesangverein Frohsinn, que depois mudou de nome no período da guerra em função da proibição da língua alemã. Na trajetória sempre teve a preservação da tradição de utilizar canções folclóricas alemãs. Então, no festival, cantamos uma canção do Mendelssohn, com o texto de Martin Luther, e é uma das nossas canções que estamos trabalhando nesse ano da imigração alemã”, acrescenta.
Specht conclui ressaltando a importância do festival: “Com 57 anos de tradição, ele oferece um panorama na região. Novo Hamburgo reconheceu o canto coral como patrimônio cultural imaterial em 2013, evidenciando sua relevância na história local.”
Conheça os coros participantes
- Coral À Capella Luizinho
- Coral da Ascensão
- Coral Doze e Quinze
- Coral Entretantos
- Coral Infantojuvenil de Capão da Canoa
- Coral Municipal Cultural de Pareci Novo
- Coral Santa Cecília
- Coral São Paulo
- Coral União
- Adulto Cantares
- Coro do Seminário Concórdia de São Leopoldo
- Coro Feevale
- Coro Gente Que Canta
- Coro Júlio Kunz
- Coro Juvenil Feevale
- Coro Masculino de Bom Princípio
- Grupo Vocal Cantate
- Grupo Vocal Juad e Coral MBCV
- Madrigal Presto
- Meninos Cantores de Novo Hamburgo
- Tom de Mulher
- Vocal Crossover
- Vocal Phoenix
- Vocal Vizinhares
- Vozes do Morro
- Vozes do Porteira
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