abc+

Canto Coral

Música e tradição traz brilho ao 57° Festival de Coros do Vale do Sinos

Vinte e seis coros se apresentam no Teatro Paschoal Carlos Magno unindo gerações e homenageando o bicentenário da imigração Alemã no Brasil

Dário Gonçalves
Publicado em: 26/09/2024 às 17h:23 Última atualização: 26/09/2024 às 17h:24
Publicidade

O 57° Festival de Coros do Vale do Sinos começou na quarta-feira (25), no Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno, e promete encantar o público até sábado (28). Com 26 coros, o evento gratuito oferece uma celebração da música coral, reunindo vozes de várias cidades, além de homenagear o bicentenário da imigração alemã no Brasil. As apresentações começam sempre às 20h e a programação inclui de cinco a oito conjuntos de vozes por noite, abrangendo repertórios que vão do sacro ao popular.

Grupo Vocal Cantate no 57º Festival de Coros do Vale do Sinos | abc+



Grupo Vocal Cantate no 57º Festival de Coros do Vale do Sinos

Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

Ana Specht, presidente da Associação de Coros de Novo Hamburgo (Ascor), destaca a importância cultural do evento: “Estamos homenageando os 200 anos da imigração, uma tradição que se consolidou com os imigrantes. O canto expressava a saudade da terra, a fé e a coragem de recomeçar em um novo lugar”, conta.

O festival celebra a música, mas também a herança cultural germânica da região, com doze grupos apresentando canções em alemão, incluindo o Coro Júlio Kunz, fundado em 1888. “É uma oportunidade de vivenciar e preservar essa cultura rica e significativa”, acrescenta Ana.

Regente do Coro Cantate, Rafael Gustavo Tauchert, também ressalta a relevância do festival: “Precisamos divulgar e movimentar nossos grupos, pois há uma preocupante diminuição no número de corais. A valorização do canto coral é fundamental para atrair novos integrantes.”

Para o secretário de Cultura, Ralfe Cardoso, “o Movimento Coral sempre será essa referência de arte e comunidade, emprestando, no Festival, a celebração marcante da tradição da música trazida também pelos imigrantes”.

Desafio de cantar em alemão

Para Tauchert, que vem de origem alemã mas não fala o idioma, cantar em alemão foi um desafio para ele e aos integrantes. “Para alguns, como eu, que não falam o idioma, aprender a pronúncia é complicado. Nos ensaios, criamos materiais de apoio para facilitar o aprendizado, permitindo que os cantores se sintam mais seguros”, explica.



Ele destaca também a colaboração entre os membros, uma vez que aqueles que conhecem o alemão ajudavam os demais, criando um ambiente de apoio mútuo. É o caso de Elisabeta Wunder. “Eu fui alfabetizada em alemão, pois meus pais só falavam essa língua. Para quem já fala, o alemão pode parecer simples, mas para os iniciantes, é desafiador, quase como uma trava-línguas.”

A cantora aproveitou para elogiar a disposição dos colegas: “Todos estão aqui para aprender e mostram muito interesse. É importante ter essa vontade. Mesmo enfrentando dificuldades, a prática é fundamental”, acrescenta. Por fim, o regente Tauchert também pontuou a motivação e o amor envolvidos na prática do canto, dizendo que “independentemente do repertório, levamos a mensagem de amor por meio da música. Cada canção, religiosa ou não, é uma oportunidade de transmitir algo significativo.”

Coros centenários

A 57ª edição homenageará três coros centenários, que receberão troféus especiais em reconhecimento ao seu trabalho contínuo e à contribuição para a música local. “Esses grupos, Santa Cecília de Dois Irmãos, Júlio Kunz de Novo Hamburgo, e Coro União de Estância Velha, emergiram das sociedades de canto, que promovem a união e a cultura coletiva”, explica a presidente da Ascor, Ana Specht.

A presidente observa que, apesar de uma diminuição no número de coros ao longo dos anos, o movimento ainda é forte: “Após a pandemia, muitos buscam socialização e espaços para se expressar. O festival reúne 26 grupos da região, incluindo coros mistos, infanto-juvenis, masculinos e femininos, com uma diversidade de repertórios.”



Regente do Júlio Kunz, Volmir Adolfo Jung, destaca os 136 anos de atividades ininterruptas e celebra a atividade que veio com os imigrantes alemães para o Brasil. “Inicialmente, o Júlio Kunz era uma sociedade de canto chamada Gesangverein Frohsinn, que depois mudou de nome no período da guerra em função da proibição da língua alemã. Na trajetória sempre teve a preservação da tradição de utilizar canções folclóricas alemãs. Então, no festival, cantamos uma canção do Mendelssohn, com o texto de Martin Luther, e é uma das nossas canções que estamos trabalhando nesse ano da imigração alemã”, acrescenta.

Specht conclui ressaltando a importância do festival: “Com 57 anos de tradição, ele oferece um panorama na região. Novo Hamburgo reconheceu o canto coral como patrimônio cultural imaterial em 2013, evidenciando sua relevância na história local.”

Conheça os coros participantes

  • Coral À Capella Luizinho
  • Coral da Ascensão
  • Coral Doze e Quinze
  • Coral Entretantos
  • Coral Infantojuvenil de Capão da Canoa
  • Coral Municipal Cultural de Pareci Novo
  • Coral Santa Cecília
  • Coral São Paulo
  • Coral União
  • Adulto Cantares
  • Coro do Seminário Concórdia de São Leopoldo
  • Coro Feevale
  • Coro Gente Que Canta
  • Coro Júlio Kunz
  • Coro Juvenil Feevale
  • Coro Masculino de Bom Princípio
  • Grupo Vocal Cantate
  • Grupo Vocal Juad e Coral MBCV
  • Madrigal Presto
  • Meninos Cantores de Novo Hamburgo
  • Tom de Mulher
  • Vocal Crossover
  • Vocal Phoenix
  • Vocal Vizinhares
  • Vozes do Morro
  • Vozes do Porteira
Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade