PETS TIVERAM RINS AFETADOS
Morte de duas cadelas em Novo Hamburgo reforça suspeita de intoxicação por petisco
Animais, de 12 e nove anos, morreram em intervalo de quatro dias; segundo moradora de Novo Hamburgo, as duas pets consumiram alimento suspeito de intoxicações pelo País
Última atualização: 21/08/2024 15:03
A tutora de duas cadelas da raça yorkshire que morreram em abril, em Novo Hamburgo, no intervalo de quatro dias, diz acreditar que o motivo possa ter sido o consumo de petiscos da marca Bassar. A fábrica de São Paulo foi interditada na sexta-feira (2) após a morte por intoxicação de, pelo menos, nove cães em Minas Gerais e São Paulo.
Suspeita-se que os alimentos tenham sido contaminados por etilenoglicol, a mesma substância do caso da cerveja Backer, de 2019. Esse produto geralmente é usado para refrigeração. O laudo preliminar que encontrou a presença de etilenoglicol, também conhecido como monoetilenoglicol, é da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais.
Caso suspeito em Novo Hamburgo
O caso de Novo Hamburgo foi registrado na Polícia Civil no sábado (3) pela dona das cadelas, uma empresária, de 40 anos, que preferiu não ser identificada.
A moradora da cidade do Vale do Sinos, conta que, como de costume, deu snacks funcionais Dental Care para as suas cadelas, de 12 e 9 anos, no dia 9 de abril. O produto era usado porque ajudava a limpar os dentes dos pets. Ao chegar em casa naquele dia, a empresária notou muita urina pelo chão do apartamento.
A cadela mais velha foi encontrada esticada no chão e sem força. Ao levantá-la, ela cambaleava. A cadela foi levada a um hospital veterinário, mas teve que ser transferida para uma clínica com mais recursos para o tratamento dos problemas renais diagnosticados.
"Chegando lá [no segundo hospital] fizeram vários exames e constataram uma grave alteração renal que a cada dia piorava. Ela não comia, não tomava água, não caminhava, não conseguia ficar em pé, tinha tremores, ficava muito ofegante, a pressão estava alta, teve diarreia e não produzia urina. Isso nos preocupou muito e aos veterinários, que constataram que seria uma intoxicação. Os rins entraram em anúria (sem secreção de urina) e dois dias após a internação ela faleceu", relembra.
No mesma data da morte da pet de 12 anos, no dia 12 de abril, a cadela mais nova começou a ter vômitos. A tutora diz que a cachorra não comia muito do produto, mas que consumiu um pouco do petisco um dia a mais que a outra cadela. Até esse momento, a família não havia suspeitado dos alimentos.
Cadela mais nova também passou mal
Com o sintoma, a segunda cadela foi levada para o hospital para atendimento. "Foi feito exame de sangue e ultrassom e já constataram uma alteração renal, ficamos desesperados, pois elas eram super saudáveis e ativas e estávamos vivendo a mesma coisa com a segunda cadela, logo já a internamos e começaram os tratamentos. Estava com alteração renal, pressão alta, tremores, não comia, somente por sonda, tinha episódios de taquipneia (respiração acelerada), diarreia, produzia pouquíssima urina."
A partir deste momento, a empresária disse que ficou muito preocupada. "Cada uma comia uma ração diferente e somente o petisco comiam em comum. Começamos a desconfiar que seria algo, conversamos com as veterinárias para tentar descobrir o que foi que causou essa intoxicação nas duas, reviramos o apartamento tentando achar algo estranho, verificamos plantas, produtos de limpeza e nada estava ao alcance delas, sempre tivemos muito cuidado", relembra.
Causa da morte foi investigada
A tutora decidiu investigar o motivo das mortes dos dois animais que tiveram sintomas e causa do óbito semelhantes.
Como a primeira a morrer havia sido cremada, o corpo da segunda passou por necropsia. O resultado foi de "lesões renais com presença de cristais que podem estar relacionadas com intoxicação por plantas ou alimentos". "Então resolvemos enviar os petiscos para análise em um laboratório em Porto Alegre, mas eu teria que dizer quais toxinas avaliar, a patologista e as veterinárias foram me ajudando para tentar descobrir."
Como a tutora e as veterinárias não tinham ideia de qual substância poderia ter contaminado as cadelas, foram feitas três análises, contudo, todas as toxinas examinadas tiveram resultado negativo. "Então, em julho, resolvi parar de investigar porque estava ficando doente com isso, estava tendo muitos gastos e sempre negativo o resultado.
Suspeita de intoxicação por petisco
Nos últimos dias, a empresária recebeu um contato de uma veterinária do hospital onde as cadelas foram internadas relatando os casos de morte de cães em Minas Gerais. "Entrei em contato com a delegada Danúbia [Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor de BH, responsável pelo caso] que me solicitou que enviasse os laudos e que fizesse um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
A moradora de Novo Hamburgo entrou para um grupo de WhatsApp que reúne tutores que suspeitam que a morte dos seus cães ou internação tenha relação com o caso.
"Quero que fique o alerta para cuidarem com os petiscos, eu dava achando que estava ajudando, por causa da idade elas não deixavam escovar os dentes e esse petisco tinha essa finalidade", finaliza.
Produtos sob suspeita
Até o momento, os produtos identificados com suspeita fundamentada de contaminação são os petiscos Every Day sabor fígado (lote 3554) e o Dental Care (lote 3467).
Os petiscos consumidos pelas cadelas de Novo Hamburgo não são do mesmo lote, segundo a tutora.
Investigação confirma que casos suspeitos no RS
Segundo investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, nove cães morreram depois de ingerirem os petiscos dos dois lotes. Seis mortes ocorreram em Belo Horizonte, uma em Piumhi (MG) e duas na cidade de São Paulo.
Distrito Federal e outros estados têm relatos de casos de intoxicação: Rio, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Sergipe e Goiás.
O caso esta sob responsabilidade da delegada titular Danúbia Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor de Belo Horizonte.
A maioria das mortes foi por quadro de falência renal.
Com informações de Estadão Conteúdo
O que diz a Bassar
Em nota, a Bassar Pet Food informou que está colaborando com as investigações e que contratou uma empresa especializada para inspecionar todos os processos de produção e o maquinário da fábrica, em Guarulhos.
No texto, a companhia informou ter acionado todos os fornecedores para que rastreiem os insumos utilizados e ofereceu o e-mail sac@bassarpetfood.com.br para que os consumidores tirem dúvidas.
A tutora de duas cadelas da raça yorkshire que morreram em abril, em Novo Hamburgo, no intervalo de quatro dias, diz acreditar que o motivo possa ter sido o consumo de petiscos da marca Bassar. A fábrica de São Paulo foi interditada na sexta-feira (2) após a morte por intoxicação de, pelo menos, nove cães em Minas Gerais e São Paulo.
Suspeita-se que os alimentos tenham sido contaminados por etilenoglicol, a mesma substância do caso da cerveja Backer, de 2019. Esse produto geralmente é usado para refrigeração. O laudo preliminar que encontrou a presença de etilenoglicol, também conhecido como monoetilenoglicol, é da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais.
Caso suspeito em Novo Hamburgo
O caso de Novo Hamburgo foi registrado na Polícia Civil no sábado (3) pela dona das cadelas, uma empresária, de 40 anos, que preferiu não ser identificada.
A moradora da cidade do Vale do Sinos, conta que, como de costume, deu snacks funcionais Dental Care para as suas cadelas, de 12 e 9 anos, no dia 9 de abril. O produto era usado porque ajudava a limpar os dentes dos pets. Ao chegar em casa naquele dia, a empresária notou muita urina pelo chão do apartamento.
A cadela mais velha foi encontrada esticada no chão e sem força. Ao levantá-la, ela cambaleava. A cadela foi levada a um hospital veterinário, mas teve que ser transferida para uma clínica com mais recursos para o tratamento dos problemas renais diagnosticados.
"Chegando lá [no segundo hospital] fizeram vários exames e constataram uma grave alteração renal que a cada dia piorava. Ela não comia, não tomava água, não caminhava, não conseguia ficar em pé, tinha tremores, ficava muito ofegante, a pressão estava alta, teve diarreia e não produzia urina. Isso nos preocupou muito e aos veterinários, que constataram que seria uma intoxicação. Os rins entraram em anúria (sem secreção de urina) e dois dias após a internação ela faleceu", relembra.
No mesma data da morte da pet de 12 anos, no dia 12 de abril, a cadela mais nova começou a ter vômitos. A tutora diz que a cachorra não comia muito do produto, mas que consumiu um pouco do petisco um dia a mais que a outra cadela. Até esse momento, a família não havia suspeitado dos alimentos.
Cadela mais nova também passou mal
Com o sintoma, a segunda cadela foi levada para o hospital para atendimento. "Foi feito exame de sangue e ultrassom e já constataram uma alteração renal, ficamos desesperados, pois elas eram super saudáveis e ativas e estávamos vivendo a mesma coisa com a segunda cadela, logo já a internamos e começaram os tratamentos. Estava com alteração renal, pressão alta, tremores, não comia, somente por sonda, tinha episódios de taquipneia (respiração acelerada), diarreia, produzia pouquíssima urina."
A partir deste momento, a empresária disse que ficou muito preocupada. "Cada uma comia uma ração diferente e somente o petisco comiam em comum. Começamos a desconfiar que seria algo, conversamos com as veterinárias para tentar descobrir o que foi que causou essa intoxicação nas duas, reviramos o apartamento tentando achar algo estranho, verificamos plantas, produtos de limpeza e nada estava ao alcance delas, sempre tivemos muito cuidado", relembra.
Causa da morte foi investigada
A tutora decidiu investigar o motivo das mortes dos dois animais que tiveram sintomas e causa do óbito semelhantes.
Como a primeira a morrer havia sido cremada, o corpo da segunda passou por necropsia. O resultado foi de "lesões renais com presença de cristais que podem estar relacionadas com intoxicação por plantas ou alimentos". "Então resolvemos enviar os petiscos para análise em um laboratório em Porto Alegre, mas eu teria que dizer quais toxinas avaliar, a patologista e as veterinárias foram me ajudando para tentar descobrir."
Como a tutora e as veterinárias não tinham ideia de qual substância poderia ter contaminado as cadelas, foram feitas três análises, contudo, todas as toxinas examinadas tiveram resultado negativo. "Então, em julho, resolvi parar de investigar porque estava ficando doente com isso, estava tendo muitos gastos e sempre negativo o resultado.
Suspeita de intoxicação por petisco
Nos últimos dias, a empresária recebeu um contato de uma veterinária do hospital onde as cadelas foram internadas relatando os casos de morte de cães em Minas Gerais. "Entrei em contato com a delegada Danúbia [Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor de BH, responsável pelo caso] que me solicitou que enviasse os laudos e que fizesse um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
A moradora de Novo Hamburgo entrou para um grupo de WhatsApp que reúne tutores que suspeitam que a morte dos seus cães ou internação tenha relação com o caso.
"Quero que fique o alerta para cuidarem com os petiscos, eu dava achando que estava ajudando, por causa da idade elas não deixavam escovar os dentes e esse petisco tinha essa finalidade", finaliza.
Produtos sob suspeita
Até o momento, os produtos identificados com suspeita fundamentada de contaminação são os petiscos Every Day sabor fígado (lote 3554) e o Dental Care (lote 3467).
Os petiscos consumidos pelas cadelas de Novo Hamburgo não são do mesmo lote, segundo a tutora.
Investigação confirma que casos suspeitos no RS
Segundo investigação da Polícia Civil de Minas Gerais, nove cães morreram depois de ingerirem os petiscos dos dois lotes. Seis mortes ocorreram em Belo Horizonte, uma em Piumhi (MG) e duas na cidade de São Paulo.
Distrito Federal e outros estados têm relatos de casos de intoxicação: Rio, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Sergipe e Goiás.
O caso esta sob responsabilidade da delegada titular Danúbia Quadros, da Delegacia Especializada em Defesa do Consumidor de Belo Horizonte.
A maioria das mortes foi por quadro de falência renal.
Com informações de Estadão Conteúdo
O que diz a Bassar
Em nota, a Bassar Pet Food informou que está colaborando com as investigações e que contratou uma empresa especializada para inspecionar todos os processos de produção e o maquinário da fábrica, em Guarulhos.
No texto, a companhia informou ter acionado todos os fornecedores para que rastreiem os insumos utilizados e ofereceu o e-mail sac@bassarpetfood.com.br para que os consumidores tirem dúvidas.
Suspeita-se que os alimentos tenham sido contaminados por etilenoglicol, a mesma substância do caso da cerveja Backer, de 2019. Esse produto geralmente é usado para refrigeração. O laudo preliminar que encontrou a presença de etilenoglicol, também conhecido como monoetilenoglicol, é da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais.
Caso suspeito em Novo Hamburgo
O caso de Novo Hamburgo foi registrado na Polícia Civil no sábado (3) pela dona das cadelas, uma empresária, de 40 anos, que preferiu não ser identificada.