INVESTIGAÇÃO
Morador de Novo Hamburgo é indiciado por racismo e ameaça contra ativista brasileiro que vive nos EUA
Suspeito, de 26 anos, também é investigado por ataque racista contra ex-BBB Douglas Silva e por participação em grupos neonazistas; ele nega as acusações
Última atualização: 14/10/2024 15:02
A Polícia Civil indiciou nesta terça-feira (21) um homem de 26 anos, morador de Novo Hamburgo, por racismo e ameaça contra um brasileiro que vive nos Estados Unidos. O indiciado, Aristides Braga, havia sido denunciado à Polícia em outubro de 2021 por fazer publicações de cunho racista e de incentivo à violência em redes sociais, e por ameaçar de morte o ativista Antonio Isuperio, militante de causas raciais e LGBTQIA+.
Aristides também é investigado por ataques racistas ao ex-BBB Douglas Silva e por integrar grupos neonazistas. Ele nega as acusações. (Leia a nota da defesa abaixo).
Entre os elementos considerados pela Polícia para o indiciamento, está um vídeo em que Aristides aparece oferecendo uma banana a um negro com quem interage em inglês por meio do aplicativo Discord. Na sequência, ele imita um macaco. Em depoimento à Polícia, ele alega que o vídeo teria sido "cortado" e tirado de contexto.
"Tem o rosto dele no vídeo. Os vídeos falam por si só, os vídeos são muito claros", afirma a delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) da capital.
O termo "macaco" também aparece entre as ofensas direcionadas ao ativista por meio de mensagem privada no Instagram. A partir de perícia e de contato com as plataformas em que os vídeos e ameaças circularam, a Polícia conseguiu confirmar que as contas eram mesmo de Aristides. O inquérito foi remetido ao Judiciário, e ele responde em liberdade.
Sobre as ofensas e ameaças, Aristides disse à Polícia que teve suas contas de e-mail, Facebook e Instagram hackeadas e que demorou um mês para registrar boletim de ocorrência na delegacia porque "não imaginou que aconteceria algo".
Apuração sobre ataques a ex-BBB segue
Em janeiro deste ano, a esposa do ex-BBB Douglas Silva, Carol Samarão, foi às redes sociais para denunciar ataques racistas contra o marido por meio de um blog anônimo vinculado ao WordPress. A família do artista também decidiu levar o caso à Polícia.
No dia seguinte, o nome do hamburguense foi exposto pelo grupo hacker Anonymous, que o apontou como a pessoa que estaria por trás do blog de teor racista. A Polícia Civil do Rio de Janeiro, então, informou ter identificado o hamburguense, que já era investigado na Delegacia de Combate à Intolerância, em Porto Alegre.
Dias depois, a Polícia Civil apreendeu celulares e computadores de Aristides, no bairro Liberdade, em Novo Hamburgo. A apreensão, porém, pouco contribuiu para o avanço da investigação.
"Algumas pesquisas relacionadas ao nazismo, mas não conseguimos descobrir em que contexto isso foi feito. A Perícia concluiu que teria indícios de que havia outro HD na CPU e que foi retirado", ressalta a delegada. "No celular, a gente encontrou coisas relacionadas à vida sexual, muitas conversas antigas. É como se já estivesse pronto para receber a Polícia, foi a impressão que eu tive", acrescenta.
Nota da defesa
"Na condição de defensor do Sr. Aristides informo desconhecer que o Inquérito Policial tenha sido concluído bem como seu resultado, tendo em vista que não fomos intimados assim como não foi o nosso constituinte. Não há nenhum outro elemento que possa assegurar um mínimo de indício de autoria e materialidade no cometimento de qualquer ilícito.
O Sr. Aristides compareceu perante a Autoridade Policial esclarecendo todos os fatos; permanece à disposição para prestar qualquer esclarecimento complementar que for solicitado.
De lá para cá, não houve (ao menos não foi informado) de nenhum outro encaminhamento feito pela Autoridade Policial.
Afirma categoricamente que NÃO praticou nenhum ato ilícito, e, confia na Justiça, em que restará absolvido. Reitera estar de consciência absolutamente tranquila, por ser sabedor da sua
inocência.
Ademais, estranhamos o fato (de um possível indiciamento) ser publicizado sendo que até o momento as partes supostamente envolvidas NÃO foram intimadas.
Ainda mais tratando-se de expediente, como se sabe, que tramita em “segredo de Justiça”. Sem emitir qualquer juízo de valor, mas, parece que estão querendo fazer uma campanha para destruir a imagem do Aristides requentando fato já ultrapassado.
Temos que ter cautela antes de 'condenar' qualquer pessoa sem que tenha sido julgada pela Justiça, em processo que tenham sido observados o contraditório e a ampla defesa (predicados assegurados pela Magna Carta).
Cordiais saudações,
André von Berg
Advogado"
A Polícia Civil indiciou nesta terça-feira (21) um homem de 26 anos, morador de Novo Hamburgo, por racismo e ameaça contra um brasileiro que vive nos Estados Unidos. O indiciado, Aristides Braga, havia sido denunciado à Polícia em outubro de 2021 por fazer publicações de cunho racista e de incentivo à violência em redes sociais, e por ameaçar de morte o ativista Antonio Isuperio, militante de causas raciais e LGBTQIA+.
Aristides também é investigado por ataques racistas ao ex-BBB Douglas Silva e por integrar grupos neonazistas. Ele nega as acusações. (Leia a nota da defesa abaixo).
Entre os elementos considerados pela Polícia para o indiciamento, está um vídeo em que Aristides aparece oferecendo uma banana a um negro com quem interage em inglês por meio do aplicativo Discord. Na sequência, ele imita um macaco. Em depoimento à Polícia, ele alega que o vídeo teria sido "cortado" e tirado de contexto.
"Tem o rosto dele no vídeo. Os vídeos falam por si só, os vídeos são muito claros", afirma a delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância (DPCI) da capital.
O termo "macaco" também aparece entre as ofensas direcionadas ao ativista por meio de mensagem privada no Instagram. A partir de perícia e de contato com as plataformas em que os vídeos e ameaças circularam, a Polícia conseguiu confirmar que as contas eram mesmo de Aristides. O inquérito foi remetido ao Judiciário, e ele responde em liberdade.
Sobre as ofensas e ameaças, Aristides disse à Polícia que teve suas contas de e-mail, Facebook e Instagram hackeadas e que demorou um mês para registrar boletim de ocorrência na delegacia porque "não imaginou que aconteceria algo".
Apuração sobre ataques a ex-BBB segue
Em janeiro deste ano, a esposa do ex-BBB Douglas Silva, Carol Samarão, foi às redes sociais para denunciar ataques racistas contra o marido por meio de um blog anônimo vinculado ao WordPress. A família do artista também decidiu levar o caso à Polícia.
No dia seguinte, o nome do hamburguense foi exposto pelo grupo hacker Anonymous, que o apontou como a pessoa que estaria por trás do blog de teor racista. A Polícia Civil do Rio de Janeiro, então, informou ter identificado o hamburguense, que já era investigado na Delegacia de Combate à Intolerância, em Porto Alegre.
Dias depois, a Polícia Civil apreendeu celulares e computadores de Aristides, no bairro Liberdade, em Novo Hamburgo. A apreensão, porém, pouco contribuiu para o avanço da investigação.
"Algumas pesquisas relacionadas ao nazismo, mas não conseguimos descobrir em que contexto isso foi feito. A Perícia concluiu que teria indícios de que havia outro HD na CPU e que foi retirado", ressalta a delegada. "No celular, a gente encontrou coisas relacionadas à vida sexual, muitas conversas antigas. É como se já estivesse pronto para receber a Polícia, foi a impressão que eu tive", acrescenta.
Nota da defesa
"Na condição de defensor do Sr. Aristides informo desconhecer que o Inquérito Policial tenha sido concluído bem como seu resultado, tendo em vista que não fomos intimados assim como não foi o nosso constituinte. Não há nenhum outro elemento que possa assegurar um mínimo de indício de autoria e materialidade no cometimento de qualquer ilícito.
O Sr. Aristides compareceu perante a Autoridade Policial esclarecendo todos os fatos; permanece à disposição para prestar qualquer esclarecimento complementar que for solicitado.
De lá para cá, não houve (ao menos não foi informado) de nenhum outro encaminhamento feito pela Autoridade Policial.
Afirma categoricamente que NÃO praticou nenhum ato ilícito, e, confia na Justiça, em que restará absolvido. Reitera estar de consciência absolutamente tranquila, por ser sabedor da sua
inocência.
Ademais, estranhamos o fato (de um possível indiciamento) ser publicizado sendo que até o momento as partes supostamente envolvidas NÃO foram intimadas.
Ainda mais tratando-se de expediente, como se sabe, que tramita em “segredo de Justiça”. Sem emitir qualquer juízo de valor, mas, parece que estão querendo fazer uma campanha para destruir a imagem do Aristides requentando fato já ultrapassado.
Temos que ter cautela antes de 'condenar' qualquer pessoa sem que tenha sido julgada pela Justiça, em processo que tenham sido observados o contraditório e a ampla defesa (predicados assegurados pela Magna Carta).
Cordiais saudações,
André von Berg
Advogado"
Aristides também é investigado por ataques racistas ao ex-BBB Douglas Silva e por integrar grupos neonazistas. Ele nega as acusações. (Leia a nota da defesa abaixo).