Em meio a tantos dias de chuva, o último domingo (15) foi um dia agradável, de sol, em que Alzemiro Machado, de 75 anos, e Nilda Machado, 67, moradores do bairro Canudos, em Novo Hamburgo, resolveram ir com um amigo até um terreno que o casal de idosos possui em Lomba Grande. Lá, Seu Machado planta verduras e outras coisas para se distrair, mas por conta de uma cirurgia recente no abdômen, fazia mais de um mês que não dirigia e visitava sua “fazenda”.
Neste dia, o amigo da família, João Gomes Pereira Neto, 65, deixou o seu carro dentro da Oficina do Machado, anexa à residência dos idosos e, juntos, os três rumaram para a zona rural do município.
Mas o que era para ser um dia de lazer, transformou-se em tristeza. Por volta das 16h40 daquela tarde, um incêndio se iniciou e destruiu a casa, a oficina e o carro de João, um Fiat Uno. O veículo, ferramentas, e tudo o que estava dentro do estabelecimento foi perdido.
“O Seu Machado estava planejando uma reforma na oficina, porém, com os gastos da cirurgia e sem poder trabalhar, apenas contando com a aposentadoria, não foi possível”, comenta a vizinha Bruna Luiza Buhl.
Um dos primeiros a chegar no local foi Edson Buhl, 62, amigo do casal há mais de 30 anos e pai de Bruna. Ele conta que por volta das 14h30, a energia começou a cair no bairro. “Eu desliguei o disjuntor e fui dormir. Depois acordei com a notícia de que a casa do Machado tava pegando fogo”, conta.
O Corpo de Bombeiros chegou por volta das 17 horas e levou cerca de duas horas para extinguir as chamas.
Tragédia poderia ter sido maior
Dona Nilda, como é conhecida, não costuma ir junto com o marido para o terreno em Lomba Grande. Desta vez, já que o marido não dirigia há quase dois meses, ela decidiu ir junto. “Se eu tivesse ficado, poderia não estar mais aqui. Eu costumo dormir e poderia acabar me intoxicando com a fumaça e não conseguir sair”, relata.
João Gomes morou na vizinhança por muitos anos, mas atualmente reside em General Câmara, cidade há mais de 100 quilômetros de Novo Hamburgo. Contudo, ele, que também já teve uma oficina de carros, atualmente trabalha como “faz tudo” — mecânico, construtor, entre outras atividades — e veio para a cidade hamburguense justamente para realizar serviços.
Um deles seria a reforma na oficina de Alzemiro, por isso deixava o carro no local. “Eu fico triste, mas os bens materiais a gente recupera. Então eu só agradeço a Deus, porque muitas vezes eu durmo dentro do carro ali na oficina. Poderia ter acontecido comigo lá dentro”, diz emocionado.
Alzemiro lembra que não conseguiu dizer nada quando voltou para casa, apenas ficou em silêncio e chorou ao ver tudo o que tinha sendo consumido pelas chamas. “Eu só fiquei com a roupa do corpo”, diz. O seu carro, um Corsa Wind 1995/96, agora está com João, uma vez que o Fiat Uno foi destruído. “Eu não podia deixar ele na mão. Então, por enquanto o carro fica com ele, até a gente ver o que vai fazer”, explica.
“Eu dou graças a Deus que não estavam em casa. As chances de tragédia eram muito grandes. Eles são guerreiros. Cuidaram da irmã de Nilda até ela falecer dois anos atrás. Seu Machado viveu da oficina dia e noite para criar os filhos e nunca perdeu o sorriso, o bom humor e a vontade de ajudar”, finaliza Bruna.
Saiba como ajudar
Para reconstruir a casa e a oficina, uma vakinha online foi criada. O objetivo é conseguir ao menos R$ 15 mil.
Interessados em ajudar podem acessar a arrecadação online neste link ou fazer doações via Pix pela chave 4143243@vakinha.com.br.
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Enquanto isso, o casal está morando com a filha Daiane e a neta Júlia em Campo Bom.