abc+

LEVANTAMENTO

Mapeamento busca estimar quantidade de pessoas em situação de rua em Novo Hamburgo

Com foco em bairros afastados, levantamento visa acolher e orientar população em situação de rua no município

Publicado em: 06/11/2024 às 20h:14
Publicidade

Caminhar pelas ruas de Novo Hamburgo, faça chuva ou sol, é rotina para as equipes do Centro Pop, o Centro de Referência Especializado em População em Situação de Rua, localizado na Avenida Nicolau Becker. O trabalho desafiador, capitaneado pela Secretaria de Desenvolvimento Social do município, tem como meta mapear a condição e o número atual de pessoas em situação de rua na cidade, principalmente as que estão em bairros mais afastados do centro.

PREVISÃO DO TEMPO: Inmet alerta para chuva forte na virada de quarta para quinta-feira no RS

Equipe do Centro Pop realiza levantamento de pessoas em situação de rua em Novo Hamburgo.  | abc+



Equipe do Centro Pop realiza levantamento de pessoas em situação de rua em Novo Hamburgo.

Foto: Arthur Fortes Pereira/PMNH

A reportagem acompanhou um dia de mapeamento junto à equipe social da prefeitura. Ao lado do psicólogo Tiago Schilling Bett e da educadora social Inaima Vitor, foram percorridas ruas do bairro Canudos, especificamente na Vila Kippling, em uma atuação que durou cerca de duas horas. Apesar das abordagens realizadas, a equipe não encontrou pessoas em situação de rua durante essa atividade.

O mapeamento é complexo, pois a equipe precisa conquistar rapidamente a confiança das pessoas abordadas. Muitos desconfiam dos “coletes laranjas” do Centro Pop, associando-os a algum tipo de risco. 

LEIA MAIS: EMARANHADO DE FIOS: 1,5 mil metros de fios inúteis são retirados em apenas uma rua em Novo Hamburgo

Tiago Schilling Bett e Inaima Vitor integram time de servidores.  | abc+



Tiago Schilling Bett e Inaima Vitor integram time de servidores.

Foto: Letícia Breda/GES-Especial

Um dos princípios do grupo é preservar sua segurança, o que torna o mapeamento mais lento e desafiador. Até agora, o trabalho — iniciado em julho — já cadastrou 62 pessoas nos bairros Santo Afonso, Industrial, Liberdade e Rondônia. A meta atual é concluir a ação em Canudos, o bairro mais populoso de Novo Hamburgo.

Apesar dos obstáculos, desistir não é uma opção para os servidores do Centro Pop. “Tentamos de forma bastante humana acolher essas pessoas e oferecer os serviços do Centro Pop, porque a nossa ideia é que esses indivíduos possam se organizar, conseguir seus documentos e buscar tratamentos de saúde física e mental”, afirma Bett.

FIQUE POR DENTRO: “Muito difícil pensar como vou seguir sem ele”, diz filha de Flávio Scholles em emocionante despedida do artista

A projeção da equipe é que a maioria das pessoas em situação de rua estejam na região central de Novo Hamburgo, mas o trabalho nos bairros é fundamental para um levantamento preciso. “Embora a comunidade muitas vezes tenha resistência em relação à presença de pessoas em situação de rua, é preciso vê-las como indivíduos que, em muitos casos, estão em extremo sofrimento”, reflete Bett.

O novo “perfil” nas ruas

O aumento de pessoas em situação de rua foi notável durante o período pandêmico. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostram que entre 2019 e 2022, o número subiu 38%, alcançando 281.472 pessoas no Brasil. No Rio Grande do Sul, as sucessivas enchentes desde o ano passado também foram responsáveis por ampliar esses números de forma expressiva.

Mapeamento requer paciência e persistência da equipe. | abc+



Mapeamento requer paciência e persistência da equipe.

Foto: Letícia Breda/GES-Especial

CLIQUE AQUI E INSCREVA-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Segundo Juliane Maria Jacoby, coordenadora do Centro Pop, muitos dos afetados pelas cheias ainda não se reconhecem como pessoas em situação de rua. “A grande maioria das pessoas afetadas pela cheia não se identifica como população em situação de rua, elas se veem como alguém que perdeu a casa”, explica Juliane.

Para ela, essa perspectiva faz sentido, já que muitas famílias estão desalojadas, mas ainda assim precisam de acolhimento e conhecimento sobre seus direitos. “No Centro Pop, tudo parte do desejo do usuário. Ou seja, nosso papel é orientar, mas sem ações compulsórias”, observa a coordenadora.

O Centro Pop oferece atividades como banhos, cafés da manhã e atendimentos com assistentes sociais e psicólogos para os assistidos. “O mapeamento nas ruas visa justamente entender e alcançar a população em situação de rua que ainda não acessam esses serviços. Em geral, quem conhece esses serviços são os moradores da região central”, esclarece Juliane.

ENTRE NO NOSSO CANAL NO WHATSAPP

Preocupação com o futuro

Ao fim do levantamento, que ainda não tem prazo para conclusão, a equipe do Centro Pop espera obter uma estimativa mais precisa da população em situação de rua em Novo Hamburgo. “Para que existam políticas públicas, precisamos conhecer a demanda”, afirma Juliane.

A expectativa dos servidores é que o trabalho continue no próximo ano, quando o prefeito eleito Gustavo Finck (PP) assumirá a administração municipal. “O servidor sempre espera que o novo administrador tenha a sensibilidade de manter os projetos em andamento, para que não tenhamos que recomeçar do zero”, finaliza a coordenadora.

Publicidade

Matérias Relacionadas

Publicidade
Publicidade