Diariamente, o promotor de vendas Robson Ferreira Fonseca, 29 anos, utiliza a ciclovia em Novo Hamburgo para se deslocar até o trabalho em São Leopoldo. Só que nesta terça-feira (12), por volta das 14 horas, ao passar pelo trecho da Avenida Nações Unidas, entre a Avenida Primeiro de Março e a Rua Cinco de Abril, foi surpreendido.
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Funcionários da Prefeitura iniciavam a interdição do trecho, uma resposta aos problemas com buracos e desníveis, que há meses tem problemas no piso.
“A gente percebe que tá desabando, e é difícil trafegar”, reconhece Fonseca. Mesmo assim, o usuário se mostra preocupado em como cumprirá o trajeto com a ciclovia interditada. “Agora tem que andar pela rua, e fico mais inseguro, mais exposto a acidentes.”
De responsabilidade da Trensurb, a manutenção da ciclovia vem apresentando problemas há tempos. Em agosto, o Grupo Sinos percorreu 2,5 quilômetros e contou oito buracos na ciclovia, entre o Centro e o bairro de Santo Afonso. Veja o vídeo completo.
Sem encontrar uma solução, a Secretaria Municipal de Obras Públicas e Serviços Urbanos e Viários de Novo Hamburgo, Greyce da Luz decidiu interditar totalmente o trânsito na ciclovia. “Solicitamos a compreensão de todos, especialmente de ciclistas e pedestres, para não utilizarem a ciclovia enquanto ela estiver interditada”, orienta a titular da pasta.
Para que os ciclistas possam trafegar de forma segura, a orientação da Secretaria é seguir o Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “Como ocorre em todas as vias do País sem ciclovia, o ciclista deve andar no sentido do fluxo do trânsito, mais à direita da via. Vale lembrar que ciclista, quando desmontado e levando a bicicleta, é como pedestre e deve andar na calçada.”
Letargia levou ação
Greyce diz que a medida extrema foi tomada após a Trensurb “não tomar nenhuma atitude” e afirma que a medida busca garantir “a segurança dos usuários”. Segundo ela, a Prefeitura chegou a propor, de forma administrativa, que a Trensurb fornecesse o material para que o Município executasse os reparos.
Contudo, “isso só ocorreu quando os primeiros buracos surgiram, e o material entregue pela empresa não era o mais apropriado”. Dessa forma, a administração municipal informou que está propondo na Justiça a realização dos reparos na ciclovia, e que o valor gasto seja cobrado da Trensurb. A proposta está em análise pelo Judiciário.
Por meio de uma nota, a Trensurb garantiu que já existe “um projeto pronto para contratação de serviços de manutenção emergenciais a fim de tornar a ciclovia utilizável novamente”. Mesmo garantindo que a reforma da ciclovia é prioridade, a empresa estatal alega escassez de recursos. “Esse projeto é prioritário, porém, no momento, a empresa depende de disponibilidade orçamentária para realizar o processo licitatório”, informou.
O orçamento da Trensurb é definido pelo Ministério das Cidades. Nos últimos cinco anos, esse valor variou entre R$ 307,37 milhões, o mais alto destinado à empresa em 2019, e R$ 211,08 milhões, o menor valor pago em 2020.
Em 2021, a execução total do orçamento da Trensurb, para toda a operação, totalizou R$ 250,60 milhões. No ano seguinte, esse valor voltou ao patamar de 2019, com um total empenhado de R$ 303,94 milhões. De acordo com os dados públicos da Trensurb, em 2023, o valor executado até o momento é de R$ 301,95 milhões.
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