A catástrofe climática que atingiu o Rio Grande do Sul entre abril e maio ainda deixa marcas, seja nas ruas com entulhos, nas casas destruídas ou nos animais que seguem sem lar, sejam aqueles que já viviam nas ruas ou que não reencontraram seus mais de 6 meses depois.
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Um destes locais que abriga dezenas de cães e gatos, todos em excelentes condições de saúde, castrados e chipados, fica no bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, e é administrado pela ONG Pata Santa. O abrigo está localizado na Avenida Montevideu, 58, ao lado do dique e conta, atualmente, com 59 animais, sendo 38 cães e 21 gatos.
Durante o período da catástrofe, a ONG resgatou cerca de 1.800 animais, parte deles após o recuo do Rio dos Sinos, chegando a quase 40 bichos por hora no ápice da enchente, afirma Ingrid Schmidt, coordenadora do abrigo. Os resgates ocorreram durante mais de 30 dias e muitos animais seguiam isolados, mutilando uns aos outros para sobreviverem.
A maior parte deles foram doados e alguns voltaram para os seus donos, mas muitos seguem no abrigo. “A gente não descarta animais, a gente doa. Nós vimos muitas pessoas, responsáveis por ONGs, doando animais no desespero, para qualquer um, sem critério. Todos eles estão vacinados, castrados, microchipados. Isso custou dinheiro para ser feito. Buscamos o histórico do interessado, condições da casa onde o animal vai ficar. Não faz sentido a gente dar um animal para alguém que vai deixar ele acorrentado no fundo do pátio ou não tem condições de o manter vacinado”, comenta Ingrid.
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Feiras de adoação e custo de manutenção do abrigo
Atualmente, a ONG realiza eventos de doação na Redenção, em Porto Alegre. Ainda de acordo com Ingrid, já foram tentadas outras feiras, mas está sendo difícil encontrar pessoas ou estabelecimentos que cedam um espaço para que os animais sejam expostos ao público. “Não levamos todos, mas principalmente os filhotes, como os gatinhos que ainda temos. Além disso, 3 ou 4 animais adultos. É todo um trabalho, um deslocamento que precisamos fazer, chamar voluntários”, explica.
Quando a enchente ainda se fazia presente, o volume de doações era maior. Desde então, o número caiu significativamente. “Hoje, as pessoas pensam que, porque baixou a água, o problema acabou. Não, ele continua”, destaca Ingrid. O custo para manutenção do abrigo é alto, girando em torno de R$ 10 mil por mês e, no final de dezembro, precisam deixar o local, afirma a presidente da ONG, Ana Paula Schmitt.
A maior parte dos animais que ainda seguem no abrigo são cães de tamanho grande e já adultos. Os de porte “P” já foram todos adotados, tendência seguida pelos animais de raça e filhotes. “O que sobra agora são os machos vira-lata, que ninguém quer. Os gatos maiores também possuem mais dificuldade (de saírem)”, comenta Ingrid. Ela destaca que, há meses, o abrigo não recebe o contato de interessados em visitar o espaço. A saída de alguns animais se deve ao contato da Pata Santa com outras ONGs pelo Brasil.
“Gratos por serem adotados”
“Estou na proteção animal há 14 anos. Os animais resgatados, seja a situação que for, eles são gratos. São extremamente amorosos. As pessoas comentam ‘ah, parece que ele sabia onde fazer suas necessidades’. A primeira coisa que eles querem é ser acolhidos”, valoriza Ingrid, sobre o ato da adoção. “Eles só querem uma casa, uma família e carinho. Nunca tivemos casos de cães agressivos, que morderam”, comenta.
“Nosso pedido de socorro é para que possamos doar os animais que estão aqui. E não é muito. Se conseguíssemos que 40 pessoas viessem aqui adotar, perante uma população de quase 300 mil habitantes, nós estaríamos com o problema solucionado”, ressalta Ana.
Quem tiver interesse em adotar os animais pode entrar em contato pelo Instagram da Ong Pata Santa ou pelo WhatsApp (51) 993985950, com a Ana Paula.
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