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50 ANOS

Mais de 1,5 mil pessoas participam das comemorações de aniversário do CLJ

Fundado por Dom Zeno, movimento da Igreja Católica comemorou seus 50 anos neste sábado em Novo Hamburgo

Eduardo Amaral
Publicado em: 07/09/2024 às 19h:55 Última atualização: 08/09/2024 às 15h:55
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Com a presença de aproximadamente 1,5 mil pessoas, o movimento da Igreja Católica Curso de Liderança Juvenil (CLJ) comemorou neste sábado (7) seus 50 anos de existência. Fundado em 1974 na Paróquia São Pedro, em Porto Alegre, pelo então padre e hoje bispo Emérito de Novo Hamburgo, Dom Zeno Hastenteufel, o grupo de jovens se espalhou por todo o Estado e também para outras localidades do País e mesmo fora do território nacional. Por ter sido fundado na igreja que leva o nome do primeiro papa, São Pedro também se tornou o padroeiro do grupo.

LEIA TAMBÉM: 50 mil jovens já participaram do CLJ no RS; conheça a história do movimento que completa 50 anos em 2024

 Marina Olivotto, 19 anos, viajou de Cacique Doble até Novo Hamburgo para comemorar os 50 anos do grupo em Novo Hamburo | abc+



Marina Olivotto, 19 anos, viajou de Cacique Doble até Novo Hamburgo para comemorar os 50 anos do grupo em Novo Hamburo

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Nas comemorações realizadas neste sábado na Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo, se reuniram representantes de dez dioceses espalhadas pelo Estado. Entre os jovens, estava Marina Olivotto, 19 anos, moradora de Cacique Doble, cidade no Norte do RS, que pertence à diocese de Frederico Westphalen.

A jovem entrou no grupo em 2017, então com 12 anos, e até hoje participa das atividades em sua cidade. “Foi uma coisa que mudou minha vida. Eu entrei por influência de amigas minhas e foi a coisa mais maravilhosa que aconteceu. Eu fiz o meu retiro em 2018 e desde então sigo no grupo.”

O curso ao qual ela se refere é o chamado CLJ 1, o primeiro de uma série de três que são realizados internamente e determinam as posições hierárquicas e mesmo ocupação de cargos dentro dos grupos nas paróquias e de forma regionalizada. Marina explica sua permanência dentro do CLJ pela relação que constrói com a sociedade.

“O que me leva a continuar no movimento é mostrar que eu posso ser um exemplo para os demais manos. Então acho que é mais isso, você poder ser exemplo lá fora na sociedade, você se destacar, você ser conhecido por participar do movimento”, conta a jovem.

Criação

Durante sua fala para os jovens, Dom Zeno relembrou o contexto em que se deu a criação do CLJ. Lançada em 1937, a chamada Ação Católica era a forma que a instituição encontrou, a partir do Vaticano, de formar leigos e conquistar fiéis, e em 1947 esta ação no Brasil teve o ingresso de Dom Hélder Câmara, que com o tempo criaria ações voltadas para os jovens, fazendo surgir assim a: Juventude Agrária Católica (JAC), Juventude Estudantil Católica (JEC), Juventude Independente Católica (JIC), Juventude Operária Católica (JOC) e Juventude Universitária Católica (JUC).

Fundador do CLJ, Dom Zeno posa aolado dos jovens que seguem no movimento criado em 1974 | abc+



Fundador do CLJ, Dom Zeno posa aolado dos jovens que seguem no movimento criado em 1974

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Com um viés mais voltado à esquerda, todas essa organizações foram diretamente impactadas pela Ditadura Militar, especialmente após o Ato Institucional número 5 (AI-5) publicado em 1968. “Depois que padres foram presos e levados ao DOPS a Igreja decidiu colocar um fim à Ação Católica”, lembrou Dom Zeno em sua fala com os jovens neste sábado.

O AI-5 proibia expressamente reuniões de “natureza política”, o que afetava diretamente as discussões dentro da Ação Católica. Com isso, o então padre Zeno encontrou no modelo adotado pelas aulas de crisma uma saída para organizar um novo grupo de jovens e voltar a atrair este público para o catolicismo.

Com ex-alunos da Crisma (um dos sacramentos católicos) ele realizou o primeiro CLJ em julho de 1974. Diferente dos encontros da Ação Católica, que eram marcados por debates e discussões teológicas e sociais, o CLJ se propunha a um modelo de aula, com palestras sobre a Igreja e família. Com o tempo, Zeno criou novos cursos para a continuidade dos grupos, surgiriam então o CLJ 2 e CLJ 3, este último voltado para combater a perda de fiéis após entraram na carreira universitária.

“Muitos jovens começavam a deixar o grupo por conta de professores que contavam a história da Igreja durante a Idade Média”, lembrou Zeno no sábado, deixando entender que muitas vezes esses professores de outras religiões ou mesmo ateus.

Crescimento

A chegada de João Paulo II e o abafamento de teologias menos conservadoras dentro da Igreja Católica ajudaram o CLJ a se espalhar pelo Estado. Dom Zen estima que em cinco décadas, cerca de 50 mil jovens tenham passado pelas formações do movimento.

Durante a comemoração deste sábado, em que jovens com camisetas do grupo se misturavam a padres usando batinas tradicionais e clérgima, colarinho branco em contrastes com batinas pretas preferidas por padres mais conservadores, estavam presentes representantes de toda a Diocese de Novo Hamburgo, além de outras 10 dioceses.

Em sua fala, Dom Zeno fez questão de destacar o caráter familiar e antidrogas do CLJ. A formação de adultos não usuários de substâncias ilícitas é apontada pelo criador do movimento como um dos grandes legados nestes 50 anos.

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