NOVO HAMBURGO NO CINEMA
Longa de comédia nacional que conta história de músico em reality sobrenatural é filmado em bar de Novo Hamburgo; confira detalhes
Filmagens vão até o dia 4 de fevereiro
Última atualização: 31/01/2024 17:05
Desde o dia 14 de janeiro um dos mais conhecidos bares de Novo Hamburgo se transformou em set de filmagem. O Abbey Road Bar foi escolhido como uma das locações do longa-metragem Nem Lá, Nem Cá. As filmagens vão até o dia 4 de fevereiro, e contam a história de Walter, um roqueiro que segue em busca do sucesso e vê sua chance mudar ao ser selecionado para um reality show.
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Só que quando entra no elevador do prédio da audição, ele se depara com uma situação bem mais complicada. Em frente aos jurados, ele terá que se defender contra a condenação eterna. Walter, o protagonista, é um clássico roqueiro na casa dos 30 anos que ainda espera pelo grande estrelato, e suas decisões de vida precisarão ser colocadas à prova em meio a um reality show do além.
A escolha do bar hamburguense não é à toa, já que o filme é ambientado na cidade que também é a terra natal do protagonista. Rafael Pimenta é quem dá vida para Walter, e também é um dos responsáveis por assinar o roteiro. “Aconteceu essa coincidência de eu também ter vivido um reality show. E foi algo que deu pra explorar, porque no reality tu é julgado não só pelas coisas que tu faz, mas pelas circunstâncias do programa, e escrevendo acontecia de muitas vezes virem as memórias”, lembra Pimenta.
O comediante nascido em Porto Alegre e radicado em São Paulo há quase 14 anos, teve uma projeção nacional ao participar do reality “Futuro Ex-porta”, o programa do grupo Porta dos Fundos que buscava um novo integrante. Mas a ideia de fazer do julgamento final um modelo de programa que se tornou parte inerente da cultura pop atual veio antes.
Tema global, cenário local
Uma pessoa se deparando com uma revisão de vida e um julgamento final não é novidade tanto no cinema quanto na literatura. Do Conto de Natal, do escritor britânico Charles Dickens, ao Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, esse tem sido praticamente um “gênero” no cinema, como classifica a produtora executiva Daniela Israel.
Inicialmente a ideia era que o julgamento se passasse em uma sala de cinema, mas durante a construção do roteiro final os produtores se deram conta da necessidade de modificar o cenário. “A gente atualizou para um reality show para tornar essa história mais contemporânea, então a inovação está em ao invés de brincar com o cinema, brincar com a televisão e essa espécie de The Voice do Céu”, conta Daniela.
Quem sugeriu a mudança de cenário foi a diretora do filme Tatiana Nequete, que também assina o roteiro ao lado de Pimenta e Lisandro Santos. Tatiane se colocou no papel dos julgadores, e sua interpretação os colocou como gestores de uma rede de televisão sedentos por um programa mais atrativo. “Fiquei pensando: se eu tivesse 200, 300 anos fazendo a mesma coisa e tendo que ver filme nacional de baixo orçamento, iria pensar ‘vamos transformar isso aqui, dar uma nova roupagem’. Ninguém aguentava mais ver filme da vida das pessoas, aí deram uma renovada, uma repaginada”, lembra Tatiana.
Ambiente local
Vivendo há mais de uma década em São Paulo, Pimenta volta ao Rio Grande do Sul para dar vida a um personagem totalmente local. O Valter do filme é um homem nascido e criado em Novo Hamburgo, que precisa enfrentar os dilemas e os choques culturais do sonho de uma nova geração.
“O mundo que ele vive, eu entendo como muito particular do Rio Grande do Sul. É um sujeito neto de colonos alemães que tem uma forma muito própria de encarar o trabalho. Por exemplo, o avô dele tem uma divisão muito clara de que ou tu trabalha, ou é vagabundo”, conta ele, lembrando que, nesse contexto, um músico acaba sendo visto como não trabalhador.
Junto a isso, o desafio de se tornar um astro reconhecido nacionalmente mesmo em uma cidade longe demais de algumas capitais. “Acho que existe uma particularidade de você não ser de um centro do País. Que é a tentativa de você ser famoso, de você ter uma grande relevância e não ser do centro do País.”
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Daniela diz que a escolha por Novo Hamburgo não foi por acidente, mas uma medida pensada justamente para dar ares locais a um tema comum a todas as pessoas. “É um assunto global, com as especificidades para o local. A gente tinha essa vontade de deslocar a história de um centro comum, do que se espera”, conta ela ao explicar porque Porto Alegre ficou em segundo plano no filme.
Já a escolha por Novo Hamburgo, passa também por uma relação pessoal da produtora com a cidade. “Não sou daqui, não tenho nenhum parente aqui, mas é uma cidade em que enfrentei os momentos mais difíceis da minha vida. Amo essa cidade, sou muito grata por isso, e a gente juntou todas essas situações.”
Comédia
Mas todos esses conflitos são encarados de forma muito leve, já que o filme é uma comédia na qual Pimenta buscou dar ao personagem uma leveza e até mesmo um ar um tanto brega. “É muito de um humor de constrangimento, o Walter fala coisas que causam um certo estranhamento, ele é meio cringe, às vezes. Fala coisas do tipo assim: ‘a minha missão é levar rock and roll pra galera’. Eu acho muito divertido fazer um personagem falar coisas que fazem a gente pensar que ele é completamente inadequado, que dá vergonha alheia.”
Do bar para os cinemas
A expectativa é que o filme chegue aos cinemas de todo País no segundo semestre de 2024. O longa tem uma equipe de mais de 80 pessoas atuando, e foi contemplado pelo programa Pró-Cultura da Secretaria de Cultura (Sedac) do Rio Grande do Sul. A produção é uma parceria entre Druzina Content, em coprodução com Bactéria Filmes e Ziriguitoon Studio.