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TRATAMENTO MAIS PRÓXIMO

Liga Feminina inicia mobilização para Novo Hamburgo voltar a ser referência em oncologia

Nesta semana, faz um ano que os pacientes da cidade começaram a ser atendidos no hospital de Taquara

Eduardo Amaral
Publicado em: 25/04/2023 às 07h:00 Última atualização: 05/03/2024 às 10h:39
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A Liga Feminina de Combate ao Câncer (LFCC) de Novo Hamburgo prepara série de medidas para pressionar pela volta do atendimento oncológico na cidade. Nesta semana, faz um ano que os pacientes da cidade começaram a ser atendidos no hospital de Taquara.

O primeiro ato da Liga é a publicação de carta aberta à sociedade cobrando agilidade para o retorno da oncologia a Novo Hamburgo. Ainda está agendada para quarta-feira (26) reunião com a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Defesa do Consumidor (Codir) da Câmara de Vereadores.

Liga irá à Câmara de Vereadores novamente defender retorno da oncologia na tribuna



Liga irá à Câmara de Vereadores novamente defender retorno da oncologia na tribuna

Foto: Moris Mozart Musskopf/Arquivo/CMNH

Depois do encontro com os vereadores, as integrantes da Liga levarão à sessão plenária, entre os dias 10 ou 17 de maio, as reivindicações e cobranças para a retomada do tratamento na cidade. “Vamos subir de novo na tribuna da Câmara”, afirma a presidente da entidade, Regina Dau.

Segundo a Liga, a principal reclamação por parte dos pacientes é quanto ao deslocamento para Taquara. Na avaliação do grupo, as tabelas de horários impõem uma dificuldade extra a pessoas que já estão fragilizadas. O tempo de espera para retornar para casa após o tratamento também é apontado pelo grupo.

Atualmente, a Liga atende a mais de 500 pacientes, sendo que em todo município a projeção é que existam 1,5 mil pessoas em tratamento oncológico.

Anexo 2 só deve ser concluído no final de 2024

Com investimentos previstos em R$ 23 milhões, a conclusão do anexo 2 do Hospital Municipal de Novo Hamburgo é a esperança dos pacientes para a retomada do atendimento oncológico na cidade. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a obra será concluída no final de 2024.

Enquanto isso, o titular da pasta de Saúde, Marcelo Reidel, diz que nada pode ser feito “Neste momento, o Município não tem possibilidade de solicitar o credenciamento, uma vez que não possui estrutura na cidade para a prestação do serviço”, explica, afirmando que a habilitação é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Sobre as críticas, Reidel garante que a Prefeitura tem buscado reduzir os transtornos devido ao deslocamento. “Providenciando viagens gratuitas de ida e volta, buscando pacientes na porta de casa.”

Diz ainda não haver pessoas esperando mais de 60 dias para atendimento. “Sempre que ocorre alguma fila de espera além do prazo previsto de 60 dias após diagnóstico, o Município em conjunto com a instituição de Taquara promove mutirão de atendimento. Neste sentido, a agilidade no atendimento tem sido maior.”

Íntegra da carta aberta da Liga Feminina

“O tempo é um grande sinalizador.

Estamos completando um ano do “desmonte” da oncologia em Novo Hamburgo e sua passagem para Taquara.

Novo Hamburgo possuía, se não o melhor, um dos melhores serviços de oncologia do Estado. Por problemas de atraso e não cumprimento dos pagamentos, dos atendimentos pelo SUS, passou a existir “demanda reprimida”, ou seja, impossibilidades em receber novos pacientes do SUS, uma vez que o Hospital Regina não recebia para dar conta da demanda, tendo que arcar ele com os custos. Sem dúvida esse era um grande e grave problema.

A solução encontrada pelo Estado e Município foi transferir os atendimentos para Taquara, onde nem sequer havia estrutura para tanto. Teria que ser montada. Mas o discurso contemplava a segurança e certeza de que os pacientes teriam melhor atendimento, apesar dos 90 km que deveriam “andar”, das “grandes” diferenças técnicas, instrumentais e mesmo profissionais. Pregavam que não haveria “demanda reprimida”.

Passado um ano da enorme perda dos pacientes oncológicos, estamos trazendo aqui seus próprios relatos sobre a drástica mudança que tiveram que realizar e aceitar em prol de suas vidas.

Os pacientes têm relatado, em suas visitas à Liga, que o atendimento de consultas na Oncologia em Taquara, desde a recepção ao atendimento médico, é de acolhimento pelos profissionais, e a maioria não tem queixas.

Relatam, sim, muitas queixas com relação à demora na marcação de exames, como ecografias, tomografias, raio-X e cirurgias. Estas, às vezes, com espera de até três meses, quando após esse período, não são remarcadas, porque as salas de cirurgia não comportam a demanda. Com isso tem ocorrido “demanda reprimida” tanto em exames como em cirurgias.

Além da demora, os exames são marcados, várias vezes, em diversas cidades da Região Metropolitana e Vale do Paranhana, fazendo com que os pacientes tenham que, novamente, se deslocar para realizá-los.

Assim sendo, os pacientes mostram-se angustiados devido aos riscos de metástases e pelo medo do agravamento da doença.

Ainda com relação aos exames, a possibilidade de um importantíssimo exame que era disponibilizado em Novo Hamburgo, o PET Scan, exame capaz de detectar tumores em todos os lugares do corpo, não é disponibilizado em Taquara, somente em Porto Alegre.

Outra queixa frequente é com relação ao atendimento da emergência do hospital. Quando os pacientes têm dor, o que é frequente, são orientados a se dirigirem à emergência de Taquara, mas os médicos que atendem neste setor do hospital alegam não ter autorização para solicitar exames. Atendem a questão da dor, com medicação “momentânea”, mas não podem solicitar exames para ver o motivo da queixa, orientando o paciente a voltar a consultar com o seu médico oncologista, pois esta demanda não lhes compete. Sendo assim, os pacientes necessitam remarcar consultas e aguardar com dor.

As queixas mais recorrentes são com relação ao desgaste que lhes é o transporte. O tempo que levam para ir a Taquara depende de toda uma logística. A van que os transporta, recolhe cada paciente em sua moradia, levando para isso, em torno de duas horas, mais o trajeto de uma hora até Taquara. Após a consulta, devem aguardar todos os pacientes terminarem as consultas para retornarem juntos. Esta logística consome dos pacientes em torno de 9 horas, em média. Pacientes estes que, muitas vezes, estão bastante debilitados.

Relatam que quando chegam ao local, só podem entrar na recepção meia hora antes da consulta marcada, sem um local adequado para permanecerem. Quando terminam a quimio ou consulta, mesmo debilitados com o procedimento, não possuem um local apropriado para aguardarem o transporte.

Referem que têm muita dificuldade de entrada no hospital e precisam aguardar o transporte na parte externa, muitas vezes sem abrigo. Ocorre que o local não comporta a demanda.

Outra dificuldade que enfrentam é a falta de local adequado para um lanche, durante a espera da consulta ou do retorno. Nas imediações existe somente um trailer com grande limitação de opções de alimentos.

A Liga Feminina de Combate ao Câncer, sempre atenta às necessidades e sofrimento de seus pacientes, vem através desta procurar saber O QUE FOI FEITO NESTE UM ANO para trazer a oncologia de volta a Novo Hamburgo? Tivemos, na época do desmonte da oncologia, a promessa que em torno de dois anos ela estaria de volta ao Anexo 2 do Hospital Municipal. Como está essa obra e sua previsão?

E os tantos políticos que nos prometerem ajuda, estão fiscalizando? Onde estão?

Continuamos nossa luta pela oncologia em Novo Hamburgo.

Liga Feminina de Combate ao Câncer de NH”

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