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BICENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ

LEGADO ALEMÃO: A beleza sagrada dos vitrais coloridos

Conheça a história do imigrante Albert Gottfried Veit e seu filho, responsáveis por mais de 83 locais com vitrais no Rio Grande do Sul

Giordanna Vallejos
Publicado em: 21/12/2023 às 15h:38 Última atualização: 21/12/2023 às 17h:38
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Ao olhar para um quadro em um museu, a arte é inerte. Porém, ao admirar um vitral em uma igreja, por ser translúcido, a mesma obra pode ser vista de formas diferentes, dependendo da luz. A beleza da arte muitas vezes ofusca quem a faz e, caso esteja admirando um vitral no Rio Grande do Sul — existe uma boa chance de ser do imigrante alemão, Albert Gottfried Veit.

 

Beleza dos vitrais criados por Albert e seu filho Hans  | Jornal NH



Beleza dos vitrais criados por Albert e seu filho Hans

Foto: Giordanna Vallejos

O bicentenário da imigração se aproxima e com ele, a celebração das mãos que ajudaram a construir as bases da sociedade atual. Uma destas mãos, foi a do alemão Albert, que trouxe consigo a singularidade da arte dos vitrais coloridos, para nada menos que 83 locais no Estado.

Com o lançamento do livro “Ateliê Veit – A paixão pela Arte” realizado em dezembro e financiado pela própria família, a bisneta dele e psicopedagoga aposentada, Elinor Arlete Veit Somensi, conta, em 255 páginas ilustradas, sobre a pesquisa realizada em torno dos vitrais coloridos produzidos por Albert. “A pesquisa desse livro começou há trinta anos. Quando um pesquisador pediu informações, passei a procurar em jornais antigos informações obre ele. Viajei o Rio Grande do Sul procurando obras assinadas”, disse ela.

A vinda para o Brasil

Conforme Elinor, Albert veio em 1913 para o Brasil, com a esposa, os filhos e neto pequeno. Vieram para trabalhar como colonos e plantar, mas não se adaptaram a rotina no campo, por terem sempre vivido na cidade. Por isso, Albert mudou-se para Porto Alegre e começou a trabalhar em uma vidraçaria, pois já veio da Alemanha com esse ofício.

Beleza dos vitrais criados por Albert e seu filho Hans  | Jornal NH



Beleza dos vitrais criados por Albert e seu filho Hans

Foto: Giordanna Vallejos

Depois que entendeu o mercado brasileiro, abriu a sua própria empresa em 1920, na qual desenhava à mão os vitrais que adornam mais de 83 locais. “Acho muito legal que entrei em contato com a Alemanha e eles passaram todas as informações sobre ele. Ele também foi um mestre, ensinou para diversas pessoas a arte dos vitrais”, disse a bisneta.

Legado dos vitrais

Após o falecimento de Albert, em 1934, um de seus filhos deu sequência ao seu legado: Hans. Na Igreja da Nossa Senhora da Piedade, em Hamburgo Velho, é possível ver a obra de Hans. Com imagens de fé, os vitrais eram uma forma de passar os ensinamentos cristãos e personificar as imagens de santos, como a Santa Edwiges.

Beleza dos vitrais criados por Albert e seu filho Hans  | Jornal NH



Beleza dos vitrais criados por Albert e seu filho Hans

Foto: Giordanna Vallejos

Além disso, Elinor destaca que o trabalho de pesquisa foi muito aprofundado e considerou apenas as obras que, de fato, possuíam uma comprovação. “Não tenho como saber exatamente quantos vitrais ele fez, porque os primeiros vitrais que ele fazia, ele não assinava. Considerei como sendo dele o que está assinado ou tem algum documento na igreja dizendo que foi ele que fez o vitral”, ressalta ela.

Valorização do artista

“Gosto muito de fazer essa pesquisa, eu vibro toda vez que consigo achar um vitral dele. Nos colocamos o livro no mercado livre para venda, mas o meu objetivo é divulgar a obra do meu bisavô. O que me encantou foi que cresci ouvindo sobre os vitrais e eu decidi fazer esse livro para mostrar esse legado. Porque muitas vezes a pessoa olha a obra, mas não valoriza o artista”, conclui ela, enquanto admira a beleza de um dos vitrais, no silêncio da igreja.

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