NOVO HAMBURGO
Iniciativa aposta na educação financeira para prevenir superendividamento de idosos
Workshop gratuito tem objetivo de informar a população sobre como funciona o mercado financeiro
Última atualização: 02/02/2024 14:46
A fila de endividados acima de 60 anos — muitos deles aposentados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) — cresceu nos últimos cinco anos, segundo estudo inédito da Serasa Experian, divulgado no último mês. Os números mostram que a lista dos devedores nesta faixa etária aumentou 17% em comparação a outras faixas etárias, com alta de 12%.
Por isso, com o objetivo de informar a população sobre como funciona o mercado financeiro e prevenir o superendividamento, o Instituto Defesa Coletiva (IDC) de Minas Gerais, em parceria com Procon Novo Hamburgo, a Procuradoria Geral do Município e o Programa Melhor Idade (PMI), promove um workshop gratuito para tratar sobre educação financeira para idosos. A atividade com a temática 'Crédito consciente para pessoas idosas: da proteção à educação', ocorre na Casa das Artes – Avenida Primeiro de Março, 59, no Centro de Novo Hamburgo – na próxima quinta-feira (16), das 14h30 às 17h30.
O tema voltou a chamar atenção da gestão municipal com o aumento da demanda por orientações sobre empréstimo consignado, juros, cheque especial, renda que não chega até o final do mês e dúvidas para entender uma fatura de cartão de crédito.
“Ocorre que esse público tem características próprias, com maior vulnerabilidade, e por terem um salário fixo, também se tornam o alvo de pessoas que tentam usurpar seus rendimentos, sendo necessário instruções para tentar proteger, de forma eficaz, o grupo vulnerável”, pontua a coordenadora do PMI, Raquel Cristina Gonçalves. As 130 vagas para o evento estão esgotadas e há lista de espera.
Educação financeira
O projeto, que surgiu para ser uma fonte de conhecimento para o público da terceira idade, está percorrendo o País com palestras. O intuito é mostrar que há sim luz no fim do túnel e que os superendividados têm como recuperar o fôlego de consumo.
Em Novo Hamburgo, as oficinas serão ministradas pela advogada especialista em Direito do Consumidor e presidente do Instituto Defesa Coletiva, Lílian Jorge Salgado, e a economista e coordenadora do Comitê Técnico de Educação Financeira do Instituto, Adriana Fileto.
“Com a educação, essa pessoa passa a entender esses termos e consequentemente fica mais atenta com o orçamento”, afirma Adriana Fileto. “Precisamos compreender a vulnerabilidade dos idosos. Quando falamos em contratos, por exemplo, são muito técnicos e com fontes [letras] pequenas. Os idosos precisam de maior tempo para compreender as informações financeiras”, completa.
Craque nas finanças
Na oficina, os participantes aprenderão sobre sustentabilidade, consumo consciente, direitos do consumidor, como fazer o dinheiro render mais e como vencer o endividamento. “O consumidor idoso é uma vítima das estratégias predatórias do mercado de consumo. Sua fragilidade é atrativo para fornecedores que buscam novos clientes e, consequentemente, mais lucro. Diante desse cenário, orientar e trabalhar a conscientização das pessoas idosas se torna uma política pública fundamental e necessária”, esclarece a advogada.
Danos ao patrimônio
Somente no 2º semestre de 2022, foram registradas 12 mil denúncias de violência patrimonial ou financeira dirigidas a pessoas com 60 anos ou mais, de acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
Evolução ascendente
Segundo os dados de 2021 do IBGE, 59% das pessoas idosas recebem até dois salários mínimos e 68% são os principais responsáveis pela renda dos domicílios no País. De acordo com levantamento da Serasa, havia 10,7 milhões de brasileiros idosos em situação de inadimplência em abril de 2021, número que aumentou para 11,4 milhões em abril de 2022.