BOM EXEMPLO

Homem em situação de rua adota praça como lar e cuida de espaço como se fosse sua casa; veja fotos

Luiz Carlos da Silva Goulart começou a cuidar do espaço em Novo Hamburgo por conta própria e hoje é o jardineiro do lugar

Publicado em: 10/08/2023 07:00
Última atualização: 17/10/2023 18:22

Quem circula pela Avenida Primeiro de Março, nas imediações do bairro Industrial, em Novo Hamburgo, já deve ter percebido que o canteiro central embaixo dos trilhos do trem em nada lembra o cenário de anos atrás. Em vez de mato, lixo e móveis velhos, o espaço hoje tem flores, árvores e pilares coloridos, formando um jardim em plena via pública.

No trecho entre as Ruas Corumbá e Amarante, quem cuida do local, marcado por pneus coloridos e até mesa e cadeiras feitas com restos de árvore, é o morador em situação de rua Luiz Carlos da Silva Goulart, 63 anos.

Goulart é o jardineiro de trecho da Avenida Primeiro de Março, no bairro Industrial Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Ele conta que há três anos, diariamente, faz a rega das flores, varre o espaço e cuida das árvores, com plantio de mudas e poda. "Antes, era tudo cheio de lixo. Então, eu cuido para deixar bonito", conta.

Foi em 2020 que o endereço, chamado pelos moradores de praça, começou a ganhar cara nova. Durante a pandemia, a loja Casa de Tintas, localizada em frente ao canteiro, deu cor aos pilares que sustentam o trem. Inclusive, o estabelecimento recebeu da Câmara de Vereadores no ano passado o Prêmio Primavera em reconhecimento à iniciativa que embelezou a cidade.

Foi nesta época que Goulart adotou o canteiro como lar. Um sofá velho e uma cadeira demonstram que há alguém morando por ali.

O eletricista aposentado Guilhermino da Rosa, 76 anos, mora na frente, e já fez até festa de aniversário no canteiro desde que o espaço é cuidado. Inclusive, no verão, Rosa gosta de tirar uma sonequinha depois do almoço na praça. "Levo minha cadeira para ali e durmo", conta. Segundo ele, o Goulart tem "muita sorte e mão boa", pois tudo que planta, cresce. "Ele busca água com um balde ali na rua debaixo e coloca dentro do tonel. Seria bom se tivesse uma torneira ali para ajudar ele", comenta.


Guilhermino da Rosa, 76 anos Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Questionado sobre como se alimenta e onde se abriga quando chove, Goulart, que já trabalhou com servente de pedreiro, responde. "Eu me viro."

Veja as fotos

Canteiro da Avenida 1.º de Março, bairro IndustrialDébora Ertel/GES-Especial
Canteiro da Avenida 1.º de Março, bairro IndustrialDébora Ertel/GES-Especial
Luiz Carlos da Silva Goulart, 63 anos, é o jardineiro deste trecho da Avenida 1.º de MarçoDébora Ertel/GES-Especial
Canteiro da Avenida 1.º de Março, bairro IndustrialDébora Ertel/GES-Especial

Trabalho em conjunto

Quem circula pela Avenida Primeiro de Março, nas imediações do bairro Industrial, em Novo Hamburgo, já deve ter percebido que o canteiro central embaixo dos trilhos do trem em nada lembra o cenário de anos atrás. Em vez de mato, lixo e móveis velhos, o espaço hoje tem flores, árvores e pilares coloridos, formando um jardim em plena via pública.

No trecho entre as Ruas Corumbá e Amarante, quem cuida do local, marcado por pneus coloridos e até mesa e cadeiras feitas com restos de árvore, é o morador em situação de rua Luiz Carlos da Silva Goulart, 63 anos.

Goulart é o jardineiro de trecho da Avenida Primeiro de Março, no bairro Industrial Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Ele conta que há três anos, diariamente, faz a rega das flores, varre o espaço e cuida das árvores, com plantio de mudas e poda. "Antes, era tudo cheio de lixo. Então, eu cuido para deixar bonito", conta.

Foi em 2020 que o endereço, chamado pelos moradores de praça, começou a ganhar cara nova. Durante a pandemia, a loja Casa de Tintas, localizada em frente ao canteiro, deu cor aos pilares que sustentam o trem. Inclusive, o estabelecimento recebeu da Câmara de Vereadores no ano passado o Prêmio Primavera em reconhecimento à iniciativa que embelezou a cidade.

Foi nesta época que Goulart adotou o canteiro como lar. Um sofá velho e uma cadeira demonstram que há alguém morando por ali.

O eletricista aposentado Guilhermino da Rosa, 76 anos, mora na frente, e já fez até festa de aniversário no canteiro desde que o espaço é cuidado. Inclusive, no verão, Rosa gosta de tirar uma sonequinha depois do almoço na praça. "Levo minha cadeira para ali e durmo", conta. Segundo ele, o Goulart tem "muita sorte e mão boa", pois tudo que planta, cresce. "Ele busca água com um balde ali na rua debaixo e coloca dentro do tonel. Seria bom se tivesse uma torneira ali para ajudar ele", comenta.


Guilhermino da Rosa, 76 anos Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Questionado sobre como se alimenta e onde se abriga quando chove, Goulart, que já trabalhou com servente de pedreiro, responde. "Eu me viro."

Veja as fotos

Canteiro da Avenida 1.º de Março, bairro IndustrialDébora Ertel/GES-Especial
Canteiro da Avenida 1.º de Março, bairro IndustrialDébora Ertel/GES-Especial
Luiz Carlos da Silva Goulart, 63 anos, é o jardineiro deste trecho da Avenida 1.º de MarçoDébora Ertel/GES-Especial
Canteiro da Avenida 1.º de Março, bairro IndustrialDébora Ertel/GES-Especial

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Matérias Relacionadas