“Essa chuva não parou. Ela caiu dia e noite. Noite e dia. E de repente, eu a vi na porta de muitas casas. Transformando ruas em rios”. Este trecho do livro “E a chuva…”, da autora de Dois Irmãos, Sabrina Fuhr, descreve às crianças o início das enchentes que assolaram o Estado, fazendo com que muitas delas fossem parar em abrigos, longe de suas casas. Contudo, o livro também traz uma mensagem de esperança e de volta por cima de forma lúdica.
Por conta disso, o Grupo Sinos, por meio da gerente comercial Larissa Schneider, intermediou a entrega de mais de 900 exemplares da obra à Secretaria Municipal de Educação de Novo Hamburgo (Smed) na tarde desta terça-feira (11). Segundo Schneider, a doação vem da Gráfica e Editora Cromo e será destinada aos alunos das escolas afetadas pelas chuvas.
“O Grupo Sinos tem entre os seus pilares e premissas, a valorização e incentivo à educação. E desde o início deste desastre climático, além da nossa cobertura jornalística, tomamos conhecimento do livro incrível da Sabrina Fuhr, que de forma lúdica, explica, acolhe e valida as emoções das crianças impactadas com as enchentes. Propondo também um diálogo com os pais e cuidadores, tão importante nesse momento traumático”, explica Larissa Schneider.
A partir desta ideia, a gerente comercial entrou em contato com a Cromo. “Prontamente, ela se dispôs a doar o livro ‘E a chuva…’ para os alunos das escolas atingidas pelas chuvas”, acrescenta.
“Vou recomendar que sejam doados aos alunos”
Ao receber as caixas com os mais de 900 exemplares, a secretária de Educação de Novo Hamburgo, Maristela Guasselli, contou que duas, das 11 escolas do município que foram atingidas pelas águas já haviam recebido cerca de 150 exemplares cada do livro. Assim, restando nove escolas, a ideia é doar de forma igual, cerca de 100 livros para cada uma.
No entanto, além de doar as escolas, Guasselli afirma que indicará que as escolas doem os exemplares aos seus alunos e deixe alguns poucos em suas bibliotecas, mas a decisão será de cada escola. “É sempre bom a criança levar embora, ter o que é dela. É mais simbólico entregar a essas crianças, para que elas entendam os motivos que as fizeram não poder ir para as escolas”, explica. Das 11 escolas, seis ainda não voltaram às atividades.
Além da história, o livro também convida as crianças a pintarem as ilustrações, inclusive uma página que pede que as crianças expressem o que sentiram durante o tempo que estiveram longe de casa. “A autora fala de forma lúdica com as crianças, para que elas deixem as emoções fluírem e não sintam raiva da natureza, porque a chuva vai continuar a fluir. Mas no final, ela fala com os pais, da maneira como eles também podem se comportar. Então levar para a casa é uma maneira de fazer essa interação”, complementa Larissa Schneider.
Liberdade de escolha através dos livros
Para a secretária de Educação, a entrega de livros é uma forma de um recomeço às escolas, porque além de perderem os livros físicos, a falta deles também é a falta do desenvolvimento estudantil. Mas a chegada deles representa um alento às crianças, para que tenham suas próprias coisas. “A literatura é de extrema importância, ela abre novos horizontes e destinos. Uma pessoa que sabe ler, sabe para onde está indo, tem liberdade de escolha porque consegue definir o que quer e aprender. O conhecimento dá essa liberdade”, pontua.
Sobre a recomposição dos livros de modo geral, Maristela Guasseli afirma que o Ministério da Educação irá repor os livros didáticos, enquanto os outros serão comprados através do tempo. “Nós temos o hábito de fazer essas compras, no ano passado, foram cerca de 50 mil livros de todos os tipos. Já tínhamos uma compra de livros programada para todas as escolas, mas agora iremos priorizar essas escolas atingidas. Além disso, há uma verba considerável para cada escola, que elas podem comprar o que ela quiser dentro daquilo que o ambiente escolar permite”, finaliza a secretária.
Corrente do bem
A autora do livro é a psicóloga clínica Sabrina Fuhr, que trabalha principalmente com crianças. Ela conta que se preparava para ajudar nos abrigos e pensou como era a realidade das crianças que lá estavam, assim como seus pais estavam dando conta de explicar tudo aos filhos, tendo que lidar com essas situações.
“Aí pensei que um livrinho pudesse ajudar a comunicar de forma simples, servindo de ferramenta para acessar essas emoções, ao mesmo tempo que passasse uma mensagem de amparo. Então escrevi o livro e mandei para um grupo de colegas da psicologia como uma forma de auxílio para utilizarem se quisessem. Imprimi algumas cópias e fui trabalhar, e quando voltei, já tinha muita gente querendo, compartilhando, contato de gráficas pedindo permissão para imprimirem, etc”, conta a autora.
A partir daí, Fuhr conta que se formou uma corrente do bem, formada por pessoas de perto e de longe, imprimindo livros e os enviando para o Rio Grande do Sul. “O livro também foi traduzido para Libras, audiobook, e peça de teatro. Tomou uma dimensão que eu jamais havia imaginado”, complementa.
O livro “E a chuva…” está disponível para download e impressão através deste link.
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