TRANSPORTE PÚBLICO
"Foram quase quatro horas de espera": Passageiro relata advertência no trabalho após atraso de ônibus em Novo Hamburgo
Com horas de espera na parada, passageiros são prejudicados em mais um dia de caos no transporte público
Última atualização: 30/04/2024 10:31
Voltar para casa depois de um dia cansativo e chuvoso de trabalho era tudo o que queria o representante comercial Geovane dos Santos, de 27 anos, morador do bairro Roselândia, em Novo Hamburgo. A tarefa nessa segunda-feira (29), no entanto, foi muito mais complicada do que costuma ser devido à falta de ônibus desde que a Viação Santa Clara (Visac) assumiu o serviço no município, na madrugada de sábado (27).
Santos conta que levantou cedo para trabalhar e foi para a parada de ônibus por volta das 5 horas desta manhã. O novo ônibus, porém, só foi chegar perto das 9h. “Foram quase quatro horas de espera. E quando cheguei no trabalho, tomei uma advertência. A empresa é de Porto Alegre, eu tentei explicar, mas não adiantou”, conta.
Na volta para casa, o problema se repetiu. Ele chegou ao Paradão pouco antes das 16h40, quando deveria sair um ônibus para a Roselândia, mas este não apareceu. “Deveria ter outro às 16h55, às 17h20 e às 17h40. Nenhum deles apareceu”, acrescenta. O relógio já marcava 18h30 e o trabalhador ainda estava à espera, assim como centenas de outras pessoas com o mesmo problema. “Amanhã, não sei como vai ser, acho que vou ter que vir caminhando até o Centro, dá uns 40 minutos. Se estiver chovendo, levo uma hora”, finalizou.
Expectativa enorme também viveram algumas mulheres do Grupo Amigas de Mãos Dadas, que lutam contra o câncer de mama. Elas saíram do encontro na Catedral São Luiz Gonzaga às 15h30 e 10 minutos depois, já estavam na parada de ônibus. “É um absurdo não ter ônibus. Não tem linhas para Rondônia, Liberdade, Boa Saúde, 1º de Março, Oswaldo Cruz… Passou um ônibus vazio e seguiu sem deixar embarcar ninguém, é um descaso com a gente”, disse Renate Heck, de 68 anos.
“Nós estamos doentes e estamos molhadas dos pés à cabeça. Não tem lugar pra sentar, não tem uber, não tem táxi. Leva 10 minutos da Rondônia até aqui, porque é que não liberam nenhum ônibus? Já levei duas horas de espera de manhã do Rondônia para cá”, diz outra mulher que estava à espera. “De manhã, um motorista falou pra mim que ele tava mais perdido que cego em tiroteio, que eles não sabiam os nomes das ruas, não conhecem nada, por isso que tá esse caos”, acrescentou Heck.
Às 18h30, quando chegou um ônibus em direção à Boa Saúde, houve correria no Paradão para que pudessem entrar. Contudo, poucas foram as pessoas que tiveram sucesso, uma vez que o transporte já chegou com passageiros em pé.
Eloísa Germany, 57 anos, moradora do bairro Primavera, precisou da ajuda do chefe para chegar ao trabalho pela manhã. “Cheguei na parada de ônibus às 06h40 e esperei até 8h10. Não passou nenhum ônibus, precisei pegar um uber até o trem, e desci na Estação Industrial, onde meu chefe me buscou. Agora, para voltar para casa é o mesmo transtorno”, conta.