Os dois homens presos após chutarem e danificarem uma porta da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Canudos, em Novo Hamburgo, foram liberados na manhã desta quinta-feira (26). O caso aconteceu na terça-feira (24) após a dupla se revoltar com o tempo de espera por atendimento que o pai, o candidato a vereador da cidade Eron Paulo Lussani (Republicanos), de 50 anos, enfrentava.
Foto: Reprodução/Google Maps
Os irmãos tiveram liberdade provisória concedida em audiência de custódia realizada na tarde de quarta-feira (25). Segundo o delegado Alexandre Quintão, titular da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Novo Hamburgo, eles devem responder em liberdade pelos crimes de dano ao patrimônio público e desacato cometido contra agentes da Guarda Municipal (GM).
O caso
Na manhã de terça, Eron procurou atendimento médico na unidade de saúde do bairro onde mora após sentir fortes dores abdominais. O candidato teria passado pela triagem logo após chegar no local, mas conforme relata a nota divulgada pela Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo (FSNH), por apresentar sinais vitais dentro da normalidade, o quadro foi classificado com cor verde, que significa “pouco urgente”.
Enquanto esperava pela consulta, Erlon conta que a dor se intensificou e ele não consegui permanecer sentado, tendo que deitar no chão da UPA. Nas redes sociais, circulam vídeos do paciente já no chão reclamando de dor.
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Ao saberem da situação do pai, que estava a cerca de 45 minutos no local, os filhos teriam chutado uma porta da unidade de saúde. A cabeça de um menino que estava na UPA chegou a ser atingida, mas sem gravidade. A porta foi danificada e, conforme informa a fundação, demandará conserto.
A Guarda Municipal foi acionada e os filhos do homem foram detidos e levados à delegacia, onde permaneceram presos até esta quinta-feira.
Ainda na data, o candidato foi atendido. Segundo ele, foi medicado, teve sangue e urina coletados, passou por um exame de ecografia e, posteriormente, foi liberado. Um dos resultados, apresentado pelo homem à reportagem, indica suspeita de pedra nos rins.
O que dizem os envolvidos
A FSNH publicou, ainda na quarta-feira, uma “nota de esclarecimento e repúdio”, onde relata o que teria ocorrido e cita que a reprodução do vídeo em que o candidato aparece no chão da unidade de saúde estariam sendo utilizados para fins eleitorais. A nota afirma que durante a confusão “o paciente se atirou no chão, sendo filmado, com a reprodução fora de contexto divulgada nas redes sociais”.
Em relação à classificação recebida pelo paciente na triagem, a instituição explicou que “utiliza o Protocolo do Ministério da Saúde como método de triagem de pacientes que procuram o serviço de emergência, é usado para classificar os riscos e definir quais são os pacientes que precisam de um atendimento prioritário. Em caso de discordância, o paciente pode pedir nova avaliação”.
Já o candidato a vereador deu seu relato à reportagem nesta quinta-feira. Conforme ele, o momento em que ele foi gravado deitado no local “não foi fingimento” e que “não foi feito nada pra busca de votos”.
“[…] como cidadão comum dependo do SUS, não tive o atendimento de imediato como deveria e meus filhos se manisfestam em defesa da minha pessoa com fortes emoções pois dois anos atrás perderam a mãe deles, minha esposa, no mesmo local por negligência médica sendo tratada por labirintite sendo que era neurotoxoplasmose”, ressalta Erlon.
Abaixo, leia na íntegra os posicionamentos:
Posicionamento de Erlon
“Na manhã do dia 24, estive no pronto atendimento com fortes dores abdominais laterais não sabendo discernir o que era, como todo cidadão comum, dependo do sistema básico de saúde e precisava atendimento mediante aquela situação. Como passei na triagem, e a dor ficou intensa não consegui permanecer sentado, e precisei me deitar no chão. O ato, não foi fingimento, me medicaram, coletaram exame de sangue e urina, me deram ecografia e me liberaram. Aqui está o exame [foto do resultado do exame enviada por ele à reportagem, com o resultado o exposto em trecho acima na matéria] como prova que não foi feito nada pra busca de votos como relatado pela Fundação de Saúde de Novo Hamburgo, e que como cidadão comum dependo do SUS, não tive o atendimento de imediato como deveria e meus filhos se manisfestam em defesa da minha pessoa com fortes emoções pois dois anos atrás perderam a mãe deles, minha esposa, no mesmo local por negligência médica sendo tratada por labirintite sendo que era neurotoxoplasmose. Como relatado não houve criança alguma machucada até onde sabemos, até porque se houvesse iriam relatar no dia do fato. No meu consentimento usaram o ‘termo criança’ para me prejudicar. Mas fico à disposição para quaisquer esclarecimentos.”
Nota da FSNH
“Nota de esclarecimento e repúdio
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Novo Hamburgo esclarece sobre um vídeo que circula nas redes sociais, com fins eleitorais, que envolve a UPA Canudos, e repudia o ato de vandalismo ocorrido no local na terça-feira, dia 24, praticado pelos filhos do paciente Eron Paulo Lussani.
O paciente ingressou na unidade de saúde às 8h19 e foi triado às 08h21, classificado com cor verde (pouco urgente), apresentando dores abdominais, mas com sinais normais. O paciente é candidato a vereador em Novo Hamburgo pelo Republicanos. Às 09h03, os filhos do paciente, inconformados com a espera no atendimento e discordando da classificação da triagem, chutaram a porta da unidade de saúde, que acabou machucando uma criança, e o paciente se atirou no chão, sendo filmado, com a reprodução fora de contexto divulgada nas redes sociais.
Cabe ressaltar que a UPA utiliza o Protocolo do Ministério da Saúde como método de triagem de pacientes que procuram o serviço de emergência, é usado para classificar os riscos e definir quais são os pacientes que precisam de um atendimento prioritário. Em caso de discordância, o paciente pode pedir nova avaliação.
A Guarda Municipal foi acionada e os filhos do paciente detidos por ato de vandalismo na unidade. O paciente foi atendido e passa bem. A SMS, juntamente com a Fundação de Saúde Pública de Novo Hamburgo, repudia veemente a reprodução do vídeo com fins eleitorais e demonstra o desespero e o baixo nível na busca por votos.”
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