Com o receio de não conseguirem senhas para fazer o encaminhamento para benefícios dos governos federal e estadual, pelo segundo dia consecutivo, moradores atingidos pela enchente em Novo Hamburgo formaram longas filas nos pontos de atendimento.
Na Casa das Artes (Av. Primeiro de Março, 59), onde inicia nesta quarta-feira (22) a partir das 13 horas, o cadastro do Auxílio Reconstrução, do governo federal, a fila começou a se formar ainda durante a madrugada.
Conforme a Prefeitura, hoje, no local, seriam atendidas as pessoas que retiraram senhas na EMEB Salgado Filho, na terça-feira (21). Ainda seriam disponibilizadas mais 100 novas fichas para atendimento.
Mesmo com o número limitado de senhas, a movimentação foi intensa durante toda manhã. A primeira pessoa da fila chegou às 4 horas desta quarta, nove horas antes das senhas serem distribuídas. O segundo chegou às 5h30. Às 11 horas, cerca de 300 pessoas aguardavam na calçada.
José Leandro Flores, de 39 anos, o primeiro da fila, conta que chegou neste horário porque achou que não conseguiria pegar a senha. “É desumano isso, mas a gente precisa. Senão for esse benefício, nem sei por onde recomeçar”, desabafa o autônomo.
Da casa, na Rua Floresta, no bairro Santo Afonso, onde morava há 33 anos, só sobrou a estrutura. “Consegui tirar só umas roupas, o resto ainda ‘tá’ lá, na lama.”
Diante da tragédia, Flores se mantém otimista e já planeja a destinação do repasse, em parcela única de R$ 5,1 mil do benefício. “Vai dar para compra o básico para dentro de casa. Fogão, mesa, cadeiras, o fundamental”, elenca.
A cerca de 200 metros dali, a cena se repetia na Casa da Cidadania. Por lá, moradores ficaram revoltados na manhã desta quarta-feira com o número de senhas distribuídas para o atendimento no Cadastro Único (CadÚnico), via de acesso para os programas do governo do Estado, sendo Pix SOS Rio Grande do Sul e Volta por Cima.
As 60 senhas de atendimento, entregues por ordem de chegada, terminaram antes das 10h30. Segundo usuários, as fichas distribuídas não foram suficientes para atender à demanda. “Tem gente que chegou de madrugada, mãe com criança de colo, idosos que não vão ser atendidos”, afirmou Luciana da Silva, 45.
A dona de casa Ana Maria do Santos Ferreira, 36, foi até o local para se inscrever no CadÚnico. Ao chegar sua vez, recebeu a informação que teria que voltar outro dia. Sem saber como proceder, ela saiu em busca de informações.
“Eu achei muita falta de atenção, porque é muita gente e ninguém sabia dar a resposta que eu precisava. Por que não avisaram que eram só 60 fichas? A gente nem teria esperado tanto”, afirma após três horas de espera em pé com a filha Júlia, de onze meses, no colo.
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