Com esperança de receber algum dos benefícios emergenciais lançados pelos governos federal e estadual, longas filas se formaram na Casa da Cidadania, em Novo Hamburgo.
O local concentra o atendimento do Cadastro Único (CadÚnico), do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Centro e, a partir desta terça-feira (21), centraliza também as demandas dos CRAS Canudos, Kephas, Santo Afonso e Primavera, afetados pelas enchentes. Ou seja, a porta de entrada dos programas sociais no Município.
Ainda era madrugada quando Gerenice Meller, de 47 anos, e a filha, Tais, 28, chegaram ao local com a vizinha Jaqueline Sanches, 30. As costureiras de calçado, moradoras da Rua Marquês de Olinda, no bairro Santo Afonso, um dos mais afetados pela enchente, saíram de casa antes das 6 horas para garantir atendimento.
Com cadeira de praia, cobertor e café, o trio se equipou para encarar o frio de 8ºC na calçada para se inscrever no Auxílio Reconstrução – programa do governo federal que vai destinar R$ 5,1 mil para as famílias que perderam bens pessoais e renda em razão das chuvas.
“Vizinhos nossos chegaram às 5 horas da manhã na segunda [20] e ficaram na fila até as 16 horas. Conseguiram ser atendidos, mas foi assim, um chá de banco, sem banco. Porque nem cadeira para todo mundo tem”, desaba Gerenice.
Nesta terça, elas estavam entre as mais de 100 pessoas que aguardavam atendimento e relatavam falta de informações da Secretaria de Desenvolvimento Social.
“A gente chegou cedo para guardar lugar na fila e quando começaram os atendimentos, disseram que, quem não tinha cadastro no CadÚnico, precisava de um atestado da Defesa Civil, comprovando que mora em áreas atingidas pelas chuvas. Mas eles não sabem que áreas são essas? Todo mundo sabe que o Santo Afonso ficou debaixo d’água”, expõe Jaqueline. “Muitas pessoas que estavam na fila quando abriu [a Casa da Cidadania] foram embora, porque cansaram de esperar. Eu acho uma falta de respeito, um descaso”, completa.
Aumento da demanda
Segundo a coordenadora do CadÚnico em Novo Hamburgo, Márcia Furtado de Castro, o aumento dos atendimentos ocorre porque os atendimentos rotineiro do órgão seguiram paralelamente aos atendimentos aos novos usuários.
“Oitenta pessoas eram atendidas diariamente pelos dez entrevistadores que atuam no CadÚnico. Na segunda foram cerca de 130 para os mesmos dez profissionais. Número bem superior à nossa capacidade de atendimentos”, observa.
Secretária de Desenvolvimento Social da cidade, Jurema de Lima Pieper lembra que estar inscrito no Cadastro Único é uma das exigências para acessar programas. Além do Auxílio Reconstrução, como o Volta Por Cima, voltado para o repasse de recursos a famílias que se enquadram em situação de pobreza e extrema pobreza inscritas no CadÚnico e atingidas pelas enchentes no Estado, há o Pix SOS Rio Grande do Sul, auxílio de R$ 2 mil para famílias desabrigadas, ambos promovidos pelo governo gaúcho.
Contudo, há critérios para a concessão dos benefícios além do cadastro. “Todo mundo ouviu falar sobre os programas e correram para cá, mas muitas pessoas não se encaixam nos critérios preestabelecidos e isso causou uma revolta em quem já estava na fila. Mas é preciso entender que não é o Desenvolvimento Social ou a Prefeitura que estabelecem os critérios, isso são regras dos governos federal e estadual. Nós apenas fazemos as conexões”, afirma Jurema. “Lembrando que as pessoas que têm Cadastro Único serão cadastradas automaticamente no Auxílio Reconstrução.”
Ampliação de locais de atendimento
Após a visita da reportagem, a Prefeitura de Novo Hamburgo anunciou através de suas redes sociais a ampliação dos locais para solicitação do Auxílio Reconstrução para quem não tem Cadastro Único e não ficou em alojamento da administração municipal.
”As famílias que estiveram nos alojamentos já foram cadastradas. As pessoas que têm Cadastro Único serão cadastradas automaticamente”, diz a nota.
Conforme a publicação, nesta terça-feira (21), das 13 às 17 horas, o cadastro foi feito em em endereços: bairro Santo Afonso, na EMEB Caldas Júnior (Av. Montevideo, 46), e no bairro Canudos, na EMEB Salgado Filho (Rua Ver. Oscar Horn, 1046). A gestão informou ainda que os locais podem mudar e atualização serão informadas pelas redes sociais oficiais da Prefeitura.
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Saiba se você tem direito aos auxílios:
Auxílio Reconstrução
As famílias residentes em áreas atingidas pelas inundações, que abandonaram suas casas de forma temporária ou definitiva, nas cidades em situação de calamidade pública ou emergência. O repasse de R$ 5.1 mil será pago em uma única parcela pelo governo federal.
Volta Por Cima
Famílias com renda mensal de R$ 218 por pessoa que moram em áreas atingidas pela enchente em municípios que declararam calamidade pública ou situação de emergência.
Pix SOS Rio Grande do Sul
Pessoas com renda familiar de até três salários-mínimos, desabrigadas ou desalojadas por causa das enchentes nos municípios que tiveram situação de calamidade reconhecida pela Defesa Civil.