Localizada no bairro Operário, a Escola Estadual Vila Becker, de Novo Hamburgo, enfrenta uma rotina de problemas causados pela falta de funcionários. A situação leva a instituição a um cenário contraditório: mesmo com a despensa cheia e a verba garantida, os estudantes acabam não tendo à disposição a merenda ideal, tudo por falta de quem a prepare e cozinhe.
A escola de 370 estudantes, do 8º ano do ensino fundamental ao ensino médio. A tabela nutricional da Secretaria da Educação (Seduc) prevê uma alimentação com base em arroz, feijão, carnes e massas. Mas sem funcionários para preparar a comida, a alternativa que resta é entregar lanches pré-prontos e menos elaborados, como
bolachas, cereais industrializados, leite e sucos.
“A maioria da minha turma trabalha, e basicamente eles saem da escola e vão trabalhar e precisam de algo consistente. O lanche acaba sendo o almoço e isso não
supre”, reclama Daniela Vieira, 16 anos, estudante do 2º ano do ensino médio.
Com isso, resta aos professores fazerem a distribuição da merenda para cumprir, ao menos minimamente, as determinações que a própria Seduc faz em relação à distribuição e manipulação dos alimentos.
Falta constante
Outro problema é a falta de funcionários de limpeza. De acordo com a diretora Bernardete Flamia Fasolo, o problema se tornou constante a partir do momento em que o governo estadual passou a dar preferência a contratos emergenciais e terceirização do serviço. “Os funcionários começam, eles ficam, aí eles não recebem e daqui a pouco estão dizendo tchau”, resume.
Segundo a Seduc, atualmente 960 postos de trabalho em escolas são de responsabilidade de empresas terceirizadas. Mensalmente, as mesmas recebem R$ 3,5 milhões pagos pela Secretaria. Neste começo de ano letivo, a Vila Becker conta com apenas uma funcionária. Contratada emergencialmente diretamente junto à Seduc, ela é a única que tem se mantido por mais tempo, com o contrato sendo renovado há dois anos consecutivos.
Diferente das colegas contratadas pelas terceirizadas, essa funcionária não tem tido problemas de atrasos. Para Bernadete, a constante mudança no quadro funcional só torna mais difícil organizar a rotina escolar. “Vivemos um dia de cada vez.”
Em busca de soluções
Para o Cpers a melhor solução para o déficit de funcionários é a realização de “concurso público imediato para sanar a falta de funcionários”, afirma o diretor-geral do 14º Núcleo do Cpers, que responde por 27 municípios do Vale do Sinos, Luiz Henrique Becker.
A Seduc não descarta esse tipo de contratação, mas no momento trabalha com outras modalidades para tentar suprir a falta de funcionários, e também de professores.
No caso da Vila Becker, algumas turmas ainda estão sem professores de inglês e física, mesmo que a Seduc tenha garantido que o ano letivo iniciaria sem ausência de profissionais.
“A Secretaria Estadual da Educação informa que trabalha com três modalidades de contratação atualmente. São elas: servidoras concursadas, contratos temporários e empresas terceirizadas. A medida visa dar agilidade ao preenchimento de vagas nas escolas estaduais, bem como qualificar o serviço a partir de um atendimento regionalizado. Após a sanção do governador do Estado, no final de 2023, para a contratação emergencial de 9 mil profissionais da área da Educação, todas as vagas serão devidamente preenchidas”, afirma a secretaria em nota.
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De fato, os primeiros contratados emergenciais já tiveram seus nomes publicados no Diário Oficial. Cidades da região devem receber cerca de 450 profissionais de diversas áreas que atenderam municípios como Três Coroas, São Leopoldo, Parobé, Novo Hamburgo, Parobé entre outros.