O rastro de destruição na casa que Maria Bernadete da Silva, 72 anos, viveu por mais de 50 anos não apagou sua vontade de viver. Pelo contrário, escapar das chamas na noite do último sábado (23), fez com que a idosa de Novo Hamburgo ficasse ainda mais grata neste Natal.
“Eu posso dizer que estou bem. Eu estou viva! É isso que importa. O Natal ganhou um significado ainda maior”, diz a idosa que prefere ser chamada de Dete, forma como também é conhecida no bairro Canudos.
O incêndio criminoso, que segundo a moradora foi praticado por um homem que era auxiliado pela família e morava na casa há três meses, resultou na perda total de bens e quase custou a vida da idosa, de seus dois filhos e neto. O gato da família, o Téo, não foi encontrado e a suspeita é que ele tenha morrido enquanto as chamas consumiam o local.
“Não deu tempo de pegar o Téo, a gente saiu correndo quando o fogo começou. A vó saiu, mas só foi entender tudo quando viu o fogo na parte da frente já”, lembra o neto de Dete, o estudante Gabriel Marcelino da Silva, 14.
Sobre a noite de Natal, a família vai dar um jeito de comemorar com amigos e vizinhos. “Graças a Deus temos muitos amigos, somos conhecidos no bairro. O pessoal está nos ajudando”, comenta a idosa de Novo Hamburgo.
A ideia agora é organizar uma vaquinha on-line para tentar reconstruir a residência que ficava na Rua Bartolomeu de Gusmão. “Eu sei que vamos conseguir”, diz Maria Bernadete, que não deixa de sorrir mesmo com tudo o que aconteceu.
O incêndio
De acordo com a família, as chamas começaram por volta das 22 horas. Dete conta que por problemas de convivência e por uso excessivo de bebida por parte do inquilino pediu que ele deixasse o imóvel. O morador fingiu ter aceitado o pedido e disse que buscaria alguns documentos na noite do último sábado (23).
“Ele jogou uísque, álcool que eu deixava na cozinha e acendeu um fósforo no quarto em que ele ficava. Foi tudo muito rápido. Só deu tempo da gente sair do jeito que estava mesmo”, lembra a idosa.
Conforme a família Silva, o homem que ateou fogo na residência foi preso pouco depois do crime e segue sob custódia da polícia. “Nos falaram que responderá por três crimes, ameaça de morte, tentativa de homicídio e incêndio doloso”, relata Marcelo Marcelino da Silva, 51, filho de Maria Bernadete e que também morava na casa.
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil, que não comentou sobre esse caso por causa da decisão Associação dos Delegados de Polícia do Rio Grande do Sul (ASDEP) que em assembleia optou em não fornecer informações de dados e entrevistas à imprensa. A medida foi tomada porque as negociações salariais com o governo do Estado não avançaram.
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