Aluna do 8º ano do ensino fundamental na Escola Estadual de Ensino Fundamental Otávio Rosa, de Novo Hamburgo, Alice Freitag de Lima está contando os dias e as horas para 9 de junho. Neste data, a adolescente de 13 anos será uma das estudantes de todo País que receberá a medalha de ouro conquistada na 18ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP).
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Antes da premiação nacional, o reconhecimento veio dentro do Estado, quando no último dia 10 de abril ela estava entre as gaúchas que receberam o Prêmio Meninas Olímpicas, entregue na Assembleia Legislativa. “É muito importante para mim (esse reconhecimento) depois de todo o estudo que fiz. Eu fiquei vários meses estudando para isso, e eu fico muito grata de estar recebendo tudo isso”, resume a adolescente, sem conseguir esconder a timidez.
Foi após ver um de seus colegas de escola conquistar a medalha de bronze na OBMEP de 2022 que Alice se interessou em competir. Mesmo já interessada por matemática, a participação na olimpíada exigiu de Alice um esforço extra, por isso as horas de estudo a mais. “Tive que pesquisar bastante, estudar bastante fora da escola, com todos que eu não conhecia”, conta ela que sozinha organizou uma rotina de estudos de aproximadamente três horas diárias após a escola.
O esforço foi recompensado com a medalha de ouro, conquistada por ela e pelo colega que a inspirou a entrar na OBMEP em 2022. Os dois agora integram a lista de 600 vencedores da medalha de ouro em todo País, em um universo de quase um milhão de estudantes que realizaram a prova em 2023.
Incentivo em casa e na escola
Representante comercial, Roseli Stertz, 55 anos, diz que o interesse da filha nos estudos sempre foi algo natural. Mesmo a cobrança dos pais pela dedicação se torna algo menos necessário, dada a responsabilidade assumida por Alice. “Para mim foi uma surpresa muito grande, porque não havia expectativa, não havia cobrança de ter que ganhar uma medalha. Se ganhar, beleza, se não ganhar, valeu a experiência”, conta a Roseli.
Da mesma forma que a preparação para as provas foi definida pela própria Alice, a aptidão para matemática também se mostra algo natural da jovem estudante. “É uma coisa muito dela mesmo, eu não gosto, mas não tem, assim, um direcionamento para isso de casa”, afirma Roseli, que lembra que o pai e a avô de Alice até apresentavam o mesmo interesse pela matéria, terror de boa parte dos estudantes.
“Sempre temos uma conversa, mas os desafios que ela resolve enfrentar ou tentar, ela decide, a gente conversa, mas não tem uma pressão da minha parte, tanto que ela decidiu participar e veio me informar. E o preparo para o estudo veio dela também”, conta Roseli. Entre os prêmios pela medalha, Alice também ganhou um curso para aprofundar os conhecimentos na matéria.
Com as aulas que ocorrem aos sábados na Unisinos, a estudante se mostra encantada pela continuidade dos estudos. “Ela sempre diz que é tão silencioso que tem vergonha até de tossir, e que dá para se concentrar muito nas aulas”, relata Roseli.
Continuar os estudos e se aprimorar ainda mais na matéria está entre os claros objetivos de Alice. “Vou seguir estudando e, na medida do possível, eu vou avançando”, conta.
Incentivo
A grande incentivadora deste interesse foi a professora de matemática Heidi Daiana Machado, que todos os anos convida os alunos a participarem da OBMEP.
Heidi, que há cinco anos leciona no Otávio Rosa, conta que a partir da medalha de bronze de um dos estudantes conquistada na OBMEP de 2022, os colegas como Alice começaram a se interessar mais pela prova. Além disso, para incentivar a participação, ela também oferece pontos extras na matéria, uma forma até de vencer o medo que muitos têm de matemática.
“Nota de matemática eles sempre precisam, então já tem um pontinho a mais ali e isso favorece bastante”, conta a professora, que ainda adota outras metodologias em busca de atrair o interesse dos alunos.
“Como professora, busco muito trabalhar uma atividade mais participativa deles. Essa semana ainda, com essa mesma turma, a gente fez uma atividade em que eles tinham que construir dados para elaborar uma planilha de probabilidades. Então eu busco atividades que envolvem eles um pouco mais”, conta Heidi. A educadora ressalta que tenta trazer questões do dia a dia para tornar as aulas mais atrativas.
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Para a diretora da Escola Otávio Rosa, Andréia Luciana Pereira, há participação de toda a comunidade escolar nas atividades curriculares e extracurriculares. “Tu vê os alunos indo para casa e trazendo um trabalho, trabalhos maravilhosos, eles envolvidos. Então assim, eu contagio eles, eles contagiam os alunos e assim vai”, resume
Ela ainda destaca os grupos de estudos e aulas extras financiadas pelo Conselho de Pais e Mestres (CPM) da escola como um exemplo de integração e participação fundamental para os resultados.
Ansiedade
Será no dia 9 de junho que Alice e o outro colega da escola embarcam para o Rio de Janeiro, onde participarão de três dias de atividade com estudantes de todo Brasil. “Estou muito ansiosa para pegar a medalha porque eu quis muito, eu estudei muito, era meu sonho conseguir”, conta Alice, que ainda carrega uma grande expectativa do encontro com alunos de outras regiões.
“Nunca conversei com alunos do Norte e Nordeste, e vai ser minha primeira vez no Rio de Janeiro. Quero aproveitar e fazer amigos lá também, vai ser incrível”, espera Alice, que se mostra muito interessada em seguir se dedicando aos estudos.
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