Durante as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2024 a história do cavalo Caramelo chamou a atenção de todo país. Sozinho em cima do telhado de uma casa na cidade de Canoas por quatro dias o animal lutava pela vida.
LEIA TAMBÉM:
Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial
Resgatado, o cavalo Caramelo se transformou em um símbolo para os gaúchos que viveram aqueles dias de tragédia com pessoas familiares e bens conquistados durante anos de trabalho. Os gaúchos adotaram Caramelo como um representante da força de quem passou pela maior tragédia climática da história do Estado.
Passados mais de cinco meses desde o resgate do cavalo Caramelo, realizado no dia 9 de maio, sua história serviu de inspiração para a professora aposentada de Novo Hamburgo, Carmen Regina Teixeira de Quadros.
Com base na trajetória do animal que conheceu pela imprensa, ela decidiu se lançar na carreira literária com um livro infantil trazendo justamente a história de Caramelo. “Procurei valorizar a questão da coragem, da união, da amizade e passar esses valores para as crianças. O livro procura passar essa mensagem para não desistir”, conta ela sobre a obra que recebeu o título Caramelo: o cavalo corajoso e seus amigos. O foco do livro são crianças de até 7 anos, mas Carmem acredita que todos os público conseguirão aproveitar a leitura.
Inspiração
Oficialmente, Carmem se aposentou em 2007, mesmo assim seguiu na sala de aula até o ano passado. Depois de parar definitivamente de ter uma rotina diária de trabalho, ela encontrou então espaço e tempo para se dedicar a uma antiga paixão. “Sempre gostei muito de escrever e eu comecei a me dedicar mais para isso.” Já mais dedicada à escrita, ela viu na tragédia sintetizada por Caramelo uma inspiração sem muita explicação.
“Começou a aparecer aquelas notícias do cavalo Caramelo naquele telhado sozinho e aquilo me emocionou muito. Então resolvi, não sei nem como explicar, a fazer o livro.” Em meio a tristeza das notícias, ela buscou sintetizar através da história de animais o espírito de luta daquele momento. “Procurei fazer a história assim, mais leve, singela. Coloquei outros animais, um gatinho, um cachorrinho, porque teve outros animais que também ficaram ilhados”, lembra Carmem.
Público caseiro e a busca pela publicação
Iniciar como uma escritora ainda amadora trouxe alguns desafios e necessidade de novos aprendizados. A primeira dificuldade foi encontrar quem publicasse o livro. “Entrei em contato com mais de 15 editoras para tentar fazer a publicação. Só que sou professora aposentada, e os valores cobrados eram muito altos”, relembra.
Foi preciso encontrar fora do Estado quem viabilizasse a publicação da história. “Consegui uma editora e gráfica de São Paulo que faz independente. Faz as cópias, mas aí eu não tenho um vínculo com eles. Então eu mandei inicialmente fazer 50 cópias e recebi, e para minha surpresa, agora eu estou com três exemplares aqui em casa”, relata ela que recebeu as cópias nesta segunda-feira (7). Com uma publicidade feita de forma praticamente artesanal, utilizando sua página no Instagram, ela conseguiu interessados em comprar quase todas as cópias.
Mas antes de a obra ganhar público, Carmem passou por um teste interno bastante exigente, a neta de 10 anos. “Sempre conto muito histórias para ela quando ela vem dormir aqui na minha casa. Contei para ela (a história do livro), até porque ela que está sempre aqui comigo. Ela adorou a história, inclusive porque eu coloquei ali na história que tem uma fadinha que vai ajudar o caramelo e dei o nome dela para a personagem.”
Como os primeiros livros foram vendidos mais rápido do que ela imaginava, a autora estreante já está esperando a chegada de uma nova leva que deve chegar na próxima sexta-feira (18). As vendas são através de duas páginas no Instagram, a @portugues_comcarmen e @carmentdequadros.
LEIA TAMBÉM
