A primeira ação do ano para reorganizar fios inservíveis, soltos ou caídos de postes, terminou com o corte de 300 metros de cabos em apenas uma quadra, entre um poste e outro, na área central de Novo Hamburgo.
O mutirão realizado pelas empresas de telefonia e internet, com a supervisão da RGE [responsável pelos postes], ocorreu na quarta-feira (10), na Rua Bento Gonçalves, entre as ruas Gomes Jardim e Marcílio Dias. A retomada de mutirões com essa finalidade aconteceu cerca de três meses depois que um motociclista sofreu um corte grave no pescoço ao ser enforcado por um fio caído na Rua Ícaro, no bairro Canudos.
O resultado da ação dá um indicativo da quantidade de fios obsoletos pendurados nos postes da cidade. “O local tinha muitos fios emaranhados, o que demora um pouco mais para desatá-los, e a chuva também prejudicou um pouco, mas a expectativa é que nos próximos mutirões seja possível ajustar melhor para fazer render mais”, avaliou a secretária Greyce da Luz.
A secretária também promete entregar um cronograma das próximas ações. A ideia do governo é de realizar, ao menos, um mutirão por mês, inclusive nos bairros. “Devemos priorizar intervenções em locais de onde recebemos muita reclamação ou que oferecem risco de acidentes”, avisa.
Fios na altura do pescoço: Não faltam locais prioritários com maçarocas de fios
Não é preciso fazer muito esforço para encontrar maçarocas de fios em Novo Hamburgo. Na área central ou no bairro, basta inclinar o olhar para o horizonte para identificar pontos com emaranhado de fios. Nas esquinas, também é comum encontrar amontoados de cabos excedentes.
Na Rua Saldanha Marinho, no bairro Rio Branco, o nível da disposição dos fios é semelhante à situação encontrada pela força-tarefa na Rua Bento Gonçalves, por onde o mutirão de reorganização iniciou, na última quarta-feira (10).
Ao longo de toda extensão da Rua Germano Gerhardt, no São Jorge, a situação dos fios excedentes é assustadora. Em diversos pontos, é possível pegar cabos com as mãos de tão baixos que estão. Em frente a casa do aposentado Ernesto Schaab, 72 anos, há mais de 50 fios de telecomunicação pendurados entre os postes. “Para vender [plano] chegam a bater cinco [pessoas] por dia aqui na frente. Mas para resolver essa vergonha, não é com ninguém”, opina.
Na Rua Ivo Athanasio Kroeff, no Petrópolis, a situação é parecida, mas a forma como os fios estão dispostos é ainda mais perigosa, já que invadem parte da via pública. Moradores chegaram a amarrar sacolas plásticas para chamar a atenção dos motoristas.
“Estamos preocupados com essa situação, vai que um motociclista se engancha nesses fios. Chego a me arrepiar em pensar nessa possibilidade porque pode ser fatal”, expressa a moradora Noemi Ramos, 65. Segundo ela, os cabos estão neste estado há um mês.
Como estão os locais por onde o mutirão passou há cinco anos
Em 2019, um mutirão com a mesma finalidade foi organizado em Novo Hamburgo após intervenção do Ministério Público. Cinco anos depois, os locais seguem com uma organização mínima dos fios de telecom. Esse é o retrato na Rua Lima e Silva, no Centro, por onde a ação aconteceu. Apesar de organizados, a quantidade de fios esticados entre os postes aumentou consideravelmente nos últimos anos.
Em compensação, em um trecho da Lima e Silva onde o mutirão não chegou na época, a situação é calamitosa. O emaranhado de fios torna o ponto, no cruzamento com a Avenida Pedro Adams Filho, um dos que requer atenção da força-tarefa.
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Em 2021, a Secretaria de Cultura provocou uma ação idêntica para “limpar” o Centro Histórico de Hamburgo Velho. De lá para cá, as principais ruas do núcleo também seguem com uma razoável organização dos cabos. Não há pontos com maçarocas de fios, nem foram identificados locais com fios soltos ou caídos, a exemplo do que é possível observar com facilidade em outras regiões de Novo Hamburgo.
Mais recentemente, em 2023, RGE e empresas de internet e telefonia promoveram um mutirão na Avenida Victor Hugo Kunz. No trecho em que ocorreu a ação, a condição também segue apresentável.