O quarteirão entre as Ruas Marcílio Dias, Imperatriz Leopoldina, 5 de Abril e Avenida Nações Unidas, no bairro Rio Branco, continua parte de uma novela a qual ainda não há dia previsto para chegar ao tão aguardado final feliz.
O mato toma conta da área, cuja responsabilidade é da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb), enquanto a estatal realiza a contratação de uma empresa para realizar poda, roçada e supressão de árvores. Também é estudada uma solução para aproveitamento da área com o complexo de integração. Tudo sem data para acontecer.
O visual vem incomodando pessoas que passam pelo local, a pé, de carro ou de bicicleta. Desapropriado em 2012 para a construção do Complexo de Integração Intermodal, o espaço coleciona reclamações quanto à falta de manutenção.
Se de um lado continua o imbróglio de tirar do papel a obra que promete um centro comercial e espaço para ônibus, bicicletário, táxi, moto-táxi e estacionamento para automóveis, do outro lado se arrasta a limpeza da área tomada pelo mato.
Somente onde funcionários da estação Novo Hamburgo estacionam é possível ver asfalto. Moradora do bairro Guarani, Marcia Strack Daros, 57 anos, que trabalha como autônoma com marketing digital, conta que a área causa uma má impressão na área central.
“Todo mundo que passa ali, perto do trem, depara-se com aquele visual. É muito feio”, salienta Marcia, referindo-se a não retirada do mato e a falta de podas em árvores que dificultam a visão interna da área.
No ano passado, conta, chegou a registrar pedido de limpeza na Prefeitura. A Administração informou que a solicitação de limpeza e manutenção deve ser encaminhada para a Trensurb.
“Continua a mesma coisa, desde que existe o trem. Numa época era o estacionamento, depois encerraram não sei porque e está aí abandonado. De vez em quando, cada ano, dois, vem dar uma roçada aí”, conta o taxista Natalino Lanzini, 68, cujo ponto fica na Avenida Nações Unidas, na saída da Estação Novo Hamburgo.
Ele fala com tranquilidade de que não há nenhuma expectativa de algo ser feito no local. “O ideal é comércio, um condomínio para o pessoal usar, mas o governo federal não faz nada”, declara.
Lanzini conta que o único uso da área é para estacionamento de veículos de funcionários do trem e ainda de algumas pessoas em situação de rua que entram para ficar entre as árvores.
Limpeza após conclusão de licitação
A Trensurb informa que a contratação da empresa para podas está em fase de tramitação que antecede sua assinatura, incluindo entrega de documentação por parte do vencedor da licitação e análise desse material pela Trensurb.
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“Não temos como dar um prazo específico para o contrato ser assinado e para a ordem de início de serviços. Mas deve ser em breve”, resume a explicação da estatal.
Essa contratação deve ser concluída nas próximas semanas. Depois disso, essa área em Novo Hamburgo deve ser reavaliada a fim de que sejam levantadas as necessidades de supressão de vegetação no local e o serviço possa ser programado.
A Prefeitura informa que já notificou várias vezes a Trensurb para manter o local limpo. “O Município também já fez várias reuniões com a Trensurb, tanto com o presidente anterior quanto com o atual.
Em todas as reuniões, vem sendo tratada essa questão e o município pede solução, assim como tem oferecido equipe para fazer parte de um grupo de trabalho para pensar em uma alternativa para a área”, acrescenta a secretária de Desenvolvimento Urbano e Habitação, Roberta Gomes de Oliveira.
E o complexo intermodal?
Quanto ao aproveitamento da área para o complexo de integração, uma solução ainda está sendo estudada pela nova gestão da Trensurb. O contrato com o consórcio que havia obtido a concessão de uso do espaço foi rescindido em novembro de 2022, de modo que a área voltou a ser de responsabilidade da estatal.
A Prefeitura informa que já apresentou, inclusive a pedido da Trensurb, uma proposta de uso para o local, respeitando a exigência de terminal logístico. “A Trensurb ficou de montar um grupo de trabalho para viabilizar a solução e o Município aguarda manifestação”, diz a secretária Roberta.
Ela reforça, ainda, que a área pertence à Trensurb e o Município não tem gerência sobre ela. “Além disso, sua finalidade deve ser obrigatoriamente um terminal logístico, respeitando a justificativa para as desapropriações feitas pela Trensurb”, reforça a secretária.
Assunto na agenda do Pensando Novo Hamburgo
A coordenadora do grupo Pensando Novo Hamburgo, Rosana Oppitz, informa que quer encontrar a nova diretoria da Trensurb para abordar a temática, que já foi motivo de reunião com a presidência anterior da estatal.
“O Pensando vai buscar informações junto à Prefeitura e a Trensurb para poder conciliar e entender de que forma a comunidade pode exigir um retorno sobre a área ou pelo menos informar a comunidade o que pretende”, disse, pontuando que a temática é de interesse do grupo. Ela frisa que, antes de qualquer iniciativa, busca conhecer as partes.
“O grupo é acionado através de um pedido da comunidade. A gente analisa com coordenadores e depois saímos a campo, para buscar informações para saber se o assunto será pauta de reunião ou se ainda há necessidade de aguardar posições.”