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ENCHENTE DO RIO DOS SINOS

Depois de dois meses da catástrofe, saiba quantas pessoas ainda estão no abrigo da Fenac

Movimento de desocupação do último espaço de acolhimento marca o fim dos abrigos em Novo Hamburgo

Giordanna Vallejos
Publicado em: 01/07/2024 às 17h:39 Última atualização: 01/07/2024 às 17h:39
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Um dos maiores e últimos abrigos de Novo Hamburgo, que chegou a ter 3,8 mil pessoas, muda de local na tarde desta segunda-feira (1º). Dos pavilhões, os 17 desabrigados remanescentes da Fenac foram realocados ao ginásio de esportes.



Os corredores, que antes estavam lotados de “casas” demarcadas por papelão e uma agitação digna de uma pequena cidade, agora tem a forma de pavilhões vazios novamente — que necessitam de diversos reparos, após o abrigamento de dois meses de diversas pessoas atingidas pela enchente na cidade.

No abrigo da Fenac, existia um posto de atendimento médico que funcionava 24 horas, locais para solicitação de documentos, espaço da assistência social, atendimento psicológico com oficinas, brinquedoteca, cinema e outras atividades.

Além disso, no andar de cima, funcionava o centro de distribuições de doações para o abrigo e toda a cidade. O abrigo da Fenac também foi um local onde floresceu a solidariedade de diversas pessoas que faziam shows, cortes de cabelo e brincadeiras para as crianças.

Com a redução da água nas residências e a oferta do aluguel social em Novo Hamburgo, a grande maioria conseguiu sair da situação de abrigamento. Dos 17 desabrigados que seguem no local, três são moradores de rua. Todos são de Novo Hamburgo.

A chamada Bolsa Aluguel Social do Município é de até 163 Unidades de Referência Municipal (URM) ou até R$ 748,98 mensais para pagamento de aluguel. 

Encerramento nos pavilhões

Procuradora geral da cidade e coordenadora do abrigo, Fernanda Vaz Luft explica que, com a diminuição expressiva de abrigados, as doações também foram encerradas. “Ficaram 17 pessoas ainda no abrigo, que estão sendo transferidas para o ginásio agora. Então, os pavilhões estão encerrados, e a parte de doações também encerrou”, destacou Fernanda.

A transferência para o ginásio é vista como uma medida de transição para um espaço menor e mais acolhedor. “A ideia é essa, trazer para um espaço menor, onde podemos dar uma acolhida melhor, e é menos frio. Aqui, conseguimos enxergar todos num olhar só”, salienta.

O futuro das famílias

A maioria das 17 pessoas transferidas para o ginásio já está em processo de obtenção do aluguel social ou finalizando a locação de novas casas. “A perspectiva é que, talvez até o final da semana, essas pessoas já consigam voltar para um lugar mais definitivo”, prevê Fernanda.

Sobre o aluguel social, ela detalha: “O programa inicial é por seis meses, para as pessoas conseguirem recuperar a sua vida e voltar a uma estrutura que viviam antes. Muitas casas foram destruídas e não há como voltar para elas.”

Abrigo de inverno

Um abrigo de inverno está sendo licitado pelo município. “Todos os anos temos um abrigo de inverno, licitado por três meses, durante o período mais frio. A licitação está em andamento e deve abrir nos próximos dias”, diz Fernanda.

No entanto, a procuradora geral do município destaca que o abrigo de inverno é focado exclusivamente para pessoas em situação de rua, o que não inclui a maioria dos desabrigados atuais, que permanecerão no ginásio da Fenac, enquanto for necessário.

Reestruturação e apoio

Com o fechamento do abrigo na Fenac, a prioridade agora é apoiar essas famílias na transição para novas moradias. Fernanda enfatiza a importância do acompanhamento contínuo. “O Cras Santo Afonso voltou a funcionar e está dando todo o apoio para as pessoas que estiveram no abrigo. Estamos com várias ações voltadas para essas famílias, incluindo saúde mental e eventos para distribuição de roupas.”

A logística da transferência também levou em conta a condição do Parque do Trabalhador, que sofreu danos significativos. “O parque também foi bastante danificado, com problemas nos banheiros e outras estruturas. Aqui no ginásio, tudo está mais organizado”, explica Fernanda.

À medida que as atividades na Fenac chegam ao fim, a esperança de um novo começo surge para essas famílias. “Estamos no encerramento realmente efetivo. Amanhã fecha dois meses desse processo, com as pessoas já conseguindo voltar para casa ou em aluguel social” conclui.

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