A Prefeitura de Novo Hamburgo, em edição extra do Diário Oficial nesta segunda-feira (4), decretou situação de emergência em saúde pública para prevenção e enfrentamento ao risco de uma epidemia de dengue no município. O decreto, assinado pela prefeita Fátima Daudt em 1º de março, autoriza a mobilização de todos os órgãos municipais para ações de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti.
“Esta medida faz parte do plano de enfrentamento à dengue”, disse Fátima, destacando que o Município preparava o documento desde a semana passada. Inicialmente estava previsto o decreto de calamidade, no entanto a medida envolve outros critérios, e portaria do Ministério da Saúde recomenda situação de emergência.
Novo Hamburgo é a cidade com o maior número de casos confirmados da doença em todo o Rio Grande do Sul, com 1903 até a tarde desta segunda-feira e uma morte confirmada. Desde a última quinta-feira (29), o município vem registrando uma média de 71 novos casos por dia. Na região, São Leopoldo aparece em segundo no número de casos, com 731, mas com decreto de emergência desde o dia 19 de fevereiro, quando somava 251 infectados e nenhum óbito.
Apesar da primeira colocação geral, o município está na 24ª colocação entre as cidades gaúchas em número de casos por 100 mil habitantes. De acordo com o secretário de Saúde, Marcelo Reidel, Novo Hamburgo tem uma das mais preparadas redes primárias de atendimento com índice de acerto entre notificações de casos e de confirmações de quase 100%. “Acompanhamos os casos desde o início, o que tem possibilitado um baixo índice de hospitalização. Além disso, as notificações são feitas em tempo real, o que nos permite mapear de forma precisa onde estão os casos na cidade”, disse.
O que muda:
A partir do decreto de situação de emergência, Novo Hamburgo passa a ter acesso a recursos disponíveis pelo Governo Federal na luta contra a dengue, além de ter simplificação da burocracia na aquisição de materiais e insumos. As autoridades e agentes de saúde têm autorização para entrar nas residências a fim de combater os focos de proliferação do mosquito transmissor e promover ações de combate. Em casos de perigo iminente, os agentes poderão usar propriedades particulares, assegurando indenização posterior aos proprietários.
Ainda de acordo com o secretário de Saúde, neste momento não há a necessidade de uma estrutura centralizada tipo Centro de Atendimento Dengue, semelhante às medidas tomadas durante a pandemia de Covid-19. “A rede de atenção primária está muito bem estruturada e a alternativa mais acertada tem sido centros de reidratação nos bairros. Um já foi instituído no Kephas, um dos locais com maior número de casos na cidade. E outros serão instituídos conforme a necessidade”, explicou.
Em relação a repelentes, não há distribuição gratuita no Município.
Onde estão os focos
Um mapa criado pela prefeitura mostra que a grande maioria dos casos de dengue estão nos limites de cidades vizinhas de quatro bairros: Vila Diehl, ao norte; Canudos, no leste; Boa Saúde, no oeste; e Santo Afonso, no sul. “Nos demais bairros, os números são bem menores. O vírus não reconhece limites de cidades, por isso estamos chamando a atenção”, explicou Reidel.
Durante o último fim de semana, a Vigilância Sanitária aplicou inseticida em todas as 25 unidades de saúde do Município. Esta dedetização se soma às demais realizadas diariamente nos bairros com maior número de casos e também às visitas diárias de agentes de endemia, nas quais são mostradas aos moradores os principais criadouros de larvas. Somente neste ano, já foram mais de 6 mil casas visitadas. As ações incluem ainda mutirões de limpeza de entulhos e uso de testes rápidos contra a dengue na rede básica.
Durante todo o mês de março, haverá aplicação de inseticida nos bairros Santo Afonso, Canudos e São José. Nesta terça-feira (5), a ação ocorre no Santo Afonso; na quarta (6), em Canudos; e na quinta, no São José (7), sempre às 6 horas. Na quarta e sexta-feira pela manhã também haverá aplicação de inseticida nos chamados “pontos estratégicos”, como oficinas, borracharias e floriculturas.
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