ENCHENTES

Defesa Civil de Novo Hamburgo trabalha com a possibilidade de Sinos chegar a sete metros

Em Lomba Grande, moradores enfrentam nova enchente antes mesmo de se recuperarem da última

Publicado em: 21/06/2024 20:37
Última atualização: 22/06/2024 11:50

O Rio dos Sinos, em Novo Hamburgo, estava na altura de 6,69 metros às 18 horas desta sexta-feira (21), e vem oscilando entre estabilização e leve alta, já tendo superado a cota de alerta de cheias de 6,60 metros. Por isso, a Defesa Civil (DC) trabalha com a possibilidade da cota de sete metros ser atingida, que implicaria transbordamento em algumas ruas, principalmente na Vila Getúlio Vargas e Kipling, no bairro Canudos, bem como nas vilas Kroeff e Marrocos, na Santo Afonso.


José Inácio acompanha a elevação da água Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial

“Nos últimos dias, estamos monitorando o nível do Sinos, bem como as áreas de risco do município, em função da preocupação com possíveis alagamentos e inundações. Há registro de que o rio vem baixando consideravelmente em Taquara e se encontra estável durante todo dia em Campo Bom. Dessa forma, nossas equipes também trabalham com saídas de campo nestes locais, para verificar a situação das ruas, considerando a preocupação dos moradores acerca da possibilidade de desabrigamento”, informou a Defesa Civil.

Apesar da situação de atenção, a DC ainda não alerta para que as pessoas saiam de casa porque “tem a convicção de que o rio tende a estabilizar”, principalmente devido às previsões de pouca chuva até sábado (22).

Enchente seguida de enchente

Aposentado, José Darci Inácio, de 56 anos, pensa em deixar Novo Hamburgo depois das recorrentes enchentes. Em maio, a água entrou em sua casa pela primeira vez, na Rua Antônio Machado, Loteamento Integração. Mas as consequências foram maiores para o seu filho, que também perdeu tudo.

“Como ele morava de aluguel e passou por isso, agora ele foi morar comigo, numa casa nos fundos”, conta. Casado, José Darci afirma que pretende ficar no município até o fim do ano, até conseguir vender ou alugar sua casa. “Quero ir embora, não quero mais passar por isso”, acrescenta.

Água do Sinos tomava conta de ruas do Loteamento IntegraçãoDário Gonçalves/GES-Especial
Água do Sinos tomava conta de ruas do Loteamento IntegraçãoDário Gonçalves/GES-Especial
Água do Sinos tomava conta de ruas do Loteamento IntegraçãoDário Gonçalves/GES-Especial
Moradores deixaram suas casasDário Gonçalves/GES-Especial
Entulhos ainda se acumulam pelas ruas do Loteamento IntegraçãoDário Gonçalves/GES-Especial
Entulhos ainda se acumulam pelas ruas do Loteamento IntegraçãoDário Gonçalves/GES-Especial
José Darci Inácio pensa em deixar Novo HamburgoDário Gonçalves/GES-Especial

Para um outro morador da Rua Alcido Osmar Klein, onde a água toma conta nesta sexta-feira (21), é necessário que o Poder Público olhe mais para o Loteamento. “O que se vê aqui pelas ruas, são os entulhos ainda da enchente de maio, a Prefeitura não recolheu aqui, só até onde passam os ônibus. O que foi retirado daqui, foi pela própria água, quando houve o repique da enchente”, relembra.

Carros provocam ondas

No bairro Barrinha, em Campo Bom, a água já cobria a Rua Pio XII, que fica ao lado do Rio dos Sinos, no local, moradores passavam com água na canela, ou com o auxílio de retroescavadeiras da Prefeitura. Apesar do nível estar subindo lentamente, desta vez, as pessoas não estão com medo de que a água entre nas residências.

“Eu moro aqui desde 1977, e até então a maior enchente havia sido em 2013. Desta vez, eu perdi tudo, até as portas da casa porque incharam. A minha vida inteira eu ajudei os vizinhos a levantarem móveis, sair de casa, e desta vez só sobraram as minhas paredes”, relata Levi Blumberg, de 70 anos.

Apesar do Sinos não estar alto o suficiente para adentrar as residências, a reclamação dos moradores cai sobre motoristas imprudentes. No local, caminhonetes e carros mais altos passam com facilidade, mas muitos condutores acabam passando em alta velocidade, provocando ondas e jogando água em quem passa e em locais onde a enchente ainda não atinge. “É muita falta de noção, não tem motivo para passar nessa velocidade”, comentou um morador.

Às 19 horas, o nível era de 7,23 metros.

Retroescavadeira é usada como meio de transporteDário Gonçalves/GES-Especial
Levi Blumberg passou pela maior enchente de sua vida aos 70 anosDário Gonçalves/GES-Especial
Carros passam em alta velocidade e jogam água, criando ondasDário Gonçalves/GES-Especial
Rua Pio XII completamente inundadaDário Gonçalves/GES-Especial
Rua Pio XII completamente inundadaDário Gonçalves/GES-Especial
Moradores precisam passar por dentro d'águaDário Gonçalves/GES-Especial

São Leopoldo entra em status de Alarme

Em São Leopoldo, o nível do Rio dos Sinos atingiu sua cota de inundação de 5,10 metros às 10h30 desta sexta-feira e passou para o status de alarme, conforme o que determina o Plano de Contingência (Placon) quando há o atingimento da Rua Alberto Ramos na São Geraldo, bairro Feitoria.

Às 19h15, o rio registrava 5,16 metros, mesmo nível aferido às 17h45, pelo Sistema de Telemetria da Agência Nacional de Águas (ANA/CRPM). No entanto, conforme a Defesa Civil, não há desabrigados ou desalojados. O acumulado de chuva em São Leopoldo foi de 23 milímetros entre a manhã e tarde desta sexta.

Na Foz do Paranhana, em Taquara, o nível às 20 horas era de 7,07 metros e caminha para entrar em declínio. Conforme o coordenador da Defesa Civil, a Rua Lima, no bairro Empresa, está parcialmente alagada, mas sem entrar água nas residências.

Rio Caí volta a subir

Em São Sebastião do Caí, o Rio Caí voltou a subir durante a tarde desta sexta-feira (21). Depois de seguir em baixa desde às 8 horas de quinta, os níveis começaram a elevar a partir do meio dia de hoje. Na medição das 20 horas, o Caí estava em 10,32 metros, tendo subido seis centímetros em duas horas, ritmo mais baixo do que a tarde, quando chegou a subir 11 centímetros entre 12 e 14 horas.

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