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HISTÓRIAS URBANAS

Conhecido como Geraldão, morador em situação de rua que cuida de praça ganhou apelido na década de 1980; saiba como

Luiz Carlos Goulart conta que depois da reportagem do Jornal NH recebeu elogios por seu trabalho e foi contatado para dar entrevista na tevê

Débora Ertel
Publicado em: 12/08/2023 às 13h:33
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Depois que o Jornal NH contou a história de Luiz Carlos da Silva Goulart, 63 anos, morador em situação de rua que cuida da praça embaixo dos trilhos do trem na Avenida 1º de Março, vários leitores elogiaram o trabalho do jardineiro, chamando-o de “Geraldão”.

Luiz Carlos da Silva Goulart, 63 anos, é mais conhecido como Geraldão por causa do jogador do Inter  | Jornal NH



Luiz Carlos da Silva Goulart, 63 anos, é mais conhecido como Geraldão por causa do jogador do Inter

Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Nesta manhã, a reportagem passou novamente pelo local e encontrou Goulart ao lado do carrinho de mão, com ferramentas, identificado pelo nome de Geraldão. “Ninguém me conhece pelo meu nome. Ganhei este apelido há quase 40 anos por causa do Geraldão, o jogador de futebol”, disse.

Ele conta que em 1983 assistiu uma partida entre o Novo Hamburgo e o Internacional, pelo Campeonato Gaúcho. O jogo foi em 17 de julho no Estádio Santa Rosa e o Noia perdeu por 2 a 1. Na época, jogavam nomes como Dunga, Mauro Galvão e Geraldão, jogador que antes tinha jogado pelo Grêmio.

Além disso, Geraldão em 1982 fez cinco gols no Grêmio pelas finais do Gauchão. No jogo contra o Noia, Geraldão não marcou. “No final do jogo eu ganhei a camisa dele e já sai usando. Daí virei o Geraldão”, conta. Embora a camisa já tenha ficado no passado, o apelido virou marca registrada.

De acordo com ele, desde a publicação da matéria, uma pessoa o procurou no canteiro para dar os parabéns por seu cuidado e capricho com o canteiro. Ele rega as flores, varre o espaço e cuida das árvores, com plantio de mudas e poda, do trecho entre as ruas Corumbá e Amarante.

Ele ainda conta que uma equipe de televisão fez contato telefônico, por meio da loja de uma tintas que fica na frente do local, para agendar uma entrevista. “O que eu queria ganhar era uma muda de palmeira, daquelas com palmas vermelhas, acho coisa mais linda. Imagina plantar aqui”, confessa.

“Também queria ter água mais perto. É sofrido ficar buscando água de balde”, relata.

História de vida



Natural de Ijuí, conta que perdeu o pai aos 7 anos, teve que abandonar a escola e vender uma galinha para comprar picolés, que depois eram revendidos. Chegou em Novo Hamburgo há cerca de 50 anos, quando veio para uma festa de casamento de um familiar e, depois de parentes terem feito uma proposta de emprego, decidiu ficar.

Geraldão diz que a rua passou a ser seu paradeiro depois da morte da mãe. “Tive que vender todas as coisas de dentro de casa para pagar a funerária. Daí entreguei a casa e fiquei sem nada. Não tenho ninguém. Sou sozinho”, resume.

Segundo ele, foi andarilho durante sete anos até que fez do canteiro da Avenida 1º de Março o seu lar. “Eu vivo aí”, finaliza. 

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