INCLUSÃO
Conheça histórias de participantes do Desfile de Cadeiras de Rodas Estilizadas da Feevale
Deficientes físicos fazem desfile que funciona como ferramenta de afirmação e autoestima
Última atualização: 15/10/2024 09:07
Em sua terceira edição, o Desfile de Cadeiras de Rodas Estilizadas levou mais uma vez para o pátio da Universidade Feevale a experiência de pessoas com deficiência física demonstrarem seu lado artístico. Promovido pelo projeto social Qualidade de Vida para Pessoas com Deficiência em parceria com a instituição, a atividade convida pessoas com deficiência a desenvolverem a criatividade em oficinas que acontecem entre setembro e outubro.
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O desfile ocorreu na última quinta-feira (10) no Campus II da Feevale, em Novo Hamburgo. Com liberdade para criar, os modelos aproveitaram para fazer das cadeiras de rodas e do andador mais uma forma de expressar suas personalidades.
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Funcionária da Feevale, Débora Coimbra Silva da Conceição, 34 anos, foi uma precursora, já que pela primeira vez o evento teve alguém desfilando com um andador estilizado. "Me senti muito honrada e muito feliz de fazer parte desse projeto. O pessoal é muito bacana, para nos deixar livre, para deixar asas para a nossa criatividade", relata ela, que escolheu o tema das borboletas para a customização.
"Quis trazer a borboleta porque ela traz uma certa liberdade nesse processo de metamorfose, de mudança e no final acho que é o que a gente vive hoje. A gente muda o processo das nossas vidas, às vezes é um processo lento, mas chega uma hora que tu floresce", diz Débora.
A paixão nas rodas
Há sete anos Marcelo Silveira, 42 anos, sofreu um acidente que além de o deixar paraplégico também prejudicou sua memória. Mas mesmo que as lembranças sejam poucas e a comunicação direta hoje seja dificultada, a paixão pelo rock é algo que segue viva na mente dele, como destaca a mãe, Rosemari Silveira, 65 anos. "Ele sempre foi muito fã do Kiss, Iron Maiden e outras bandas, então a gente trouxe isso."
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Uma outra memória quase muscular perceptível em Marcelo são os movimentos de baterista, instrumento que tocava antes do acidente na cidade de Ivoti. Em recuperação, ele aproveitou também o desfile para mostrar os avanços no tratamento que já lhe permite arriscar alguns passos apoiando-se nos braços da cadeira. "Isso faz o meu filho ter um pouco da vida que ele tinha", relata Rosemeri tanto sobre a atividade na Feevale quanto em relação ao hábito de assistir e ouvir diariamente materiais de suas bandas favoritas.
Cor para espantar a tristeza
Doutoranda em diversidade cultural na Feevale e organizadora do projeto Qualidade de Vida para Pessoas com Deficiência. Tcheice Zwirtes, destaca que a atividade traz uma nova perspectiva para o equipamento de suporte. “A percepção que veio deles de que a cadeira às vezes é sem graça, ela não tem cor às vezes, então a ideia do evento é justamente possibilitar que essas pessoas consigam mostrar o seu estilo, a sua identidade e mostrar que a cadeira de rodas não torna a pessoa menos do que qualquer outra”, resume.
Assim, pessoas com deficiência conseguem fazer da cadeira de rodas uma espécie de acessório de moda também, representando suas personalidades. “Sendo uma universidade comunitária, desenvolver projetos sociais envolvendo a comunidade, como é o caso desse projeto, tem tudo a ver com o propósito da instituição”, ressalta ainda o reitor da Feevale José Paulo da Rosa ao explicar o envolvimento da instituição no projeto.