O Vale do Sinos está prestes a integrar a lista de eventos musicais do país com o I Festival Internacional de Música de Novo Hamburgo (FeMusik), que inicia no próximo sábado (22) e vai até 30 de julho. No entanto, antes mesmo de começar, o festival já tem deixado sua marca elegendo o ganhador do Concurso de Composição para Orquestra de Sopros/Banda Sinfônica do I FeMusik.
O concurso é uma das atividades do festival e visa trazer mais oportunidades para compositores neste tipo de formação instrumental. Com a obra Abertura Litorânea, o morador de Rio Grande, Luciano Costa Nazário, foi o grande campeão. Além do prêmio em dinheiro no valor de R$ 5 mil, a composição será apresentada na abertura do I FeMusik com a Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH), no próximo sábado (23).
Foram, ao todo, 10 obras inscritas de seis estados diferentes, sendo Rio Grande do Sul, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Rondônia e São Paulo. Conforme o maestro hamburguense e de prestígio internacional, Linus Lerner, a disputa foi acirrada. Além de Lerner, a banca avaliadora foi formada também pela maestra Monica Giardini e pelo compositor Dimitri Cervo.
A composição ganhadora e que chamou mais atenção dos jurados trouxe a multiplicidade étnica e musical característica do país, com um passeio pelo litoral brasileiro e trazendo gêneros de três regiões da Costa: o Nordeste, por meio do baião, o Sudeste, através do samba, e o Sul com a milonga.
Nazário revela que a obra estava guardada há anos e decidiu revisá-la para o concurso. “Apesar de suas singularidades, estes gêneros musicais guardam uma ancestralidade em comum, suas raízes africanas. Se das harmonias e melodias trazemos características europeias, dos ritmos trazemos um pouco da alma africana”, conta.
De acordo com Lerner, o nível das composições recebidas foram excelentes. O compositor baiano Jamberê Ribeiro de Cerqueira, com a obra Kirimurê, ficou em segundo lugar no concurso, seguido pelo gaúcho Lucas Samuel Formolo, com a obra (Agnoia), em terceiro.
Fomento às composições
Além de maestro, Lerner é também diretor geral e artístico do FeMusik. Segundo ele, o concurso é precursor na região. “É muito comum nos Estados Unidos termos compositores compondo para bandas sinfônicas e aqui não temos, e não é que não tenhamos bandas. Então, a gente está fazendo história e abrindo caminhos novos para essas composições”, relata.
O vencedor do concurso afirma que, para ele, o festival é fundamental para o cenário musical brasileiro, pois visa o ensino e a divulgação musical e confessa que se sentiu lisonjeado por sua obra ter sido escolhida. “É esse tipo de iniciativa que traz um alento e esperança a um tipo de música que hoje está desconectada da indústria cultural”, diz ele, apontando a relevância do FeMusik em olhar também para as bandas sinfônicas.
Primeira vez em solo hamburguense
O FeMusik levará, de forma gratuita à toda comunidade, apresentações de música clássica. O concerto de abertura será no domingo (23), às 19h30 no palco do Teatro Feevale, composto pelo Núcleo de Orquestras Jovens de Novo Hamburgo e a OSNH, além de solistas e regida por Lerner. É por eles que a composição de Nazário será tocada.
Para prestigiar o momento e receber o prêmio, o ganhador do concurso virá pela primeira vez a Novo Hamburgo e afirma que se sente duplamente orgulhoso. “Primeiramente por ter tido uma obra minha escolhida para ser estreada neste evento e segundo por ser um festival preocupado exclusivamente com a arte e a capacitação musical dos estudantes que lá estarão presentes”, relata.
Serão, ao todo, 362 participantes, entre professores e alunos, já que além dos concertos, o festival vai oferecer aos participantes classes diárias e práticas de grupo como Orquestra Sinfônica, Orquestra Filarmônica, Banda Sinfônica, Big Band, Coro, Camerata de Violões e diversos grupos de câmara.
As apresentações do FeMusik para o público ocorrerão durante a noite. Além de serem realizados Teatro da Universidade Feevale, também serão apresentados na Fundação Ernesto Frederico Scheffel e no Teatro Municipal Paschoal Carlos Magno.
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