Se você viveu os anos 2000, certamente ouviu a banda Cogumelo Plutão. Basta escutar os versos “você é a escada na minha subida, você é o amor da minha vida, é o meu abrir de olhos no amanhecer, verdade que me leva a viver”, que a memória nostálgica traz de volta as lembranças de “Esperando na Janela”.
A música permaneceu entre as dez mais tocadas nas rádios do Brasil por seis meses consecutivos e foi parte da trilha sonora da novela Laços de Família, da TV Globo.
Agora, após uma pausa de sete anos, a banda está de volta com novas canções e uma turnê comemorativa de 25 anos, que passará por Novo Hamburgo nesta sexta-feira (12), em show no Abbey Road Bar. O trabalho que marca o retorno é o EP “Voando Pelo Campo dos Sonhos”, disponível em todas as plataformas musicais.
“Nós buscamos intensificar nossa essência romântica, característica marcante do Cogumelo Plutão. Em ‘Voando pelo Campo dos Sonhos’, as letras confessionais e a herança da tradição poética portuguesa estão mais presentes do que nunca”, comenta o vocalista, Blanch, que destaca também a inspiração em grandes nomes da literatura para a composição, como Oscar Wilde, Lord Byron, Fernando Pessoa e Florbela Espanca. “As novas faixas evocam um profundo sentimento de nostalgia e introspecção”, acrescenta.
A canção “E você se foi de mim” carrega a visão romântica de Wilde, enquanto “Madeira podre” denuncia questões ambientais de forma poética. “Todos os dias, todas as noites” é um aceno às antigas rádios românticas, celebrando o amor e suas nuances. “Queremos que nossa música seja tão bela e importante quanto uma ‘reserva ecológica’”, explica Blanch.
O EP também traz novas versões das faixas “Voando pelo Campo dos Sonhos” e “Saudade de Você”, originalmente lançadas no projeto paralelo de Blanch, Coquetel Diamante, em 2002. “Essas músicas mereciam estar no primeiro álbum do Cogumelo Plutão, mas os produtores preferiram deixá-las de fora. Agora, sentimos que era o momento certo para regravá-las”, revela Blanch.
Novo Hamburgo na rota de shows e dentro da banda
A Cogumelo Plutão retorna aos palcos com Blanch Van Gogh, vocalista, compositor e fundador da banda, Dan Adrian na guitarra, Max Perera no baixo e Fell Rios na bateria.
Fell é natural de Porto Alegre, mas morou em Novo Hamburgo dos 6 aos 16 anos, quando deixou a cidade rumo a São Paulo com sua antiga banda, a Delittus. Inclusive, já passou pelo Grupo Sinos ao trabalhar na adolescência no setor de vendas e mais tarde como colunista do caderno BAH!. Atualmente, retornou para Novo Hamburgo, onde mora. Dan e Max também são gaúchos de Porto Alegre, enquanto Blanch é natural de Natal (RN).
Após um longo período longe dos palcos, mas não dos estúdios, a banda está na estrada com a turnê que comemora seus 25 anos de atividade. “A pausa foi motivada pelo amor. Eu precisava resgatar o ‘espírito família’ após me tornar pai de duas meninas. Agora, reunimos antigos e novos músicos muito talentosos, e estamos prontos para uma grande turnê pelo País”, afirma Blanch.
Confira a entrevista com o baterista Fell Rios
NH: Primeiramente, de onde vem o nome “Cogumelo Plutão”?
Fell: Essa é uma história bem inusitada e que por muita coincidência tem relação com o RS. Blanch iniciou a negociação para a primeira demo da banda no final dos anos 90, com uma grande gravadora. Em uma das mesas de escritório havia um disco do nosso finado querido Júpiter Maçã, artista que até então ele (Blanch) não conhecia, mas ficou tão impressionado com a arte da capa e com o nome que resolveu batizar a sua banda de Cogumelo Plutão, fazendo uma espécie de jogo de palavras com o nome do cantor gaúcho.
NH: O que motivou essa volta em 2024 e quem são os integrantes?
Fell: Desde 2017 a banda não subia aos palcos, mas desde 2012 nosso guitarrista (Dan Adrian) tinha uma relação de amizade com o Blanch e o convenceu a retomar o trabalho para uma espécie de reconstrução e reorganização de toda obra, que tem suma importância para a música brasileira. Sobre os integrantes, o único da formação original é o Blanch, mas o Max já toca no grupo desde 2010, já eu (Fell Rios) e o Dan estamos aproximadamente a um ano no projeto.
NH: Como tem sido esse retorno, principalmente após um primeiro show no Rio Grande do Sul, em Lajeado?
Fell: Tem sido exaustivo por conta dos muitos ensaios e planejamentos, mas ao mesmo tempo gratificante ao sentirmos o carinho do público em relação aos sons antigos mas também aos sons novos que estamos divulgando.
NH: Além de resgatar a história, a Cogumelo vem com novas músicas. Onde a banda pode chegar com elas, considerando o atual cenário musical, bem diferente dos anos 2000?
Fell: Totalmente diferente. Blanch vem da época do CD, a banda vendeu milhões de cópias, coisa que hoje em dia é impensável para qualquer banda. Mas como somos de gerações distintas, acaba que todo mundo tem ideias e visões diferentes, o que soma na hora de colaborar para os lançamentos e planejamentos.
NH: Esperando na Janela foi escrita para Deus. Esperava-se que o público entendesse de cara para quem era?
Fell: Jamais! Blanch sabia que todo mundo iria interpretar como uma canção de amor entre um casal. Mas falar de Deus é falar de amor, então acredito que o mais bonito é ver a identificação que esse som causou nas pessoas, e continua causando. Seja qual for a interpretação. “Essa canção foi feita para Deus em 1997 e, surpreendentemente, tem salvado muitas vidas. É a música que mais gosto de cantar na vida”, diz Blanch.
NH: A banda estará pela primeira vez em Novo Hamburgo. O que o público pode esperar dessa noite e qual a expectativa de vocês?
Fell: Estamos testando repertório nesse momento, misturando nostalgia com novidades. Em Lajeado, foi super positivo e esperamos que NH tenha a mesma energia, é um show pra se divertir, pular, mas ao mesmo tempo relembrar uma época em que as coisas eram mais simples. As músicas novas abordam diversos temas relevantes que vem atingindo todo mundo que escuta de uma forma muito positiva e isso tem nos deixado orgulhosos. Esperamos todos vocês lá no Abbey Road nesta sexta-feira! Grande abraço!
Serviço:
- O quê: Show Cogumelo Plutão – Tour 25 Anos
- Quando: 12/07 (sexta)
- Onde: Abbey Road Bar – Avenida Pedro Adams Filho, 4434, Industrial
- Horário: 21h
- Ingressos: a partir de R$ 20,00 (+ taxas) neste link.
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