NOVO HAMBURGO
Clube Esperança resgata memórias que vão muito além das piscinas
Lembranças despertadas vão além dos banhos de piscina e campeonatos esportivos
Última atualização: 24/01/2024 14:53
No fim de janeiro, o avanço das obras do condomínio Serena fez reaparecer não só as piscinas do antigo Clube Esperança, mas também lembranças. A memória coletiva de quem vivia em Novo Hamburgo na década de 1960 permitiu que, depois da publicação da reportagem sobre as antigas piscinas no Jornal NH, uma fração da história da cidade pudesse ser contada por quem a vivenciou.
A área onde será edificado o condomínio no bairro Canudos já foi sede do clube, mas antes pertenceu aos Irmãos Maristas. Essa história quem conta é o professor e irmão Marista no Pio XII Joaquim Luft, 79 anos. "O espaço que tem 36 hectares pertencia aos Irmãos Maristas. Havia criação de aves, gado leiteiro e varas de porcos, e verduras que serviam os internos do Colégio Marista São Jacó", conta.
É deste tempo que Luft se recorda. "Nos finais de semana a gente, do Pio XII, e os internos do São Jacó se reuniam lá para aproveitar. Sinto por não ter fotos da época, mas ficou na memória", declara Luft, ao lembrar do futebol e contato com a natureza.
Esporte em destaque no Jornal NH
O Clube Esperança foi por diversas vezes pautas em edições do Jornal NH, na maioria delas as matérias estampavam foto de capa ou manchete, a página de esporte foi edição de muitos eventos que ocorriam no clube.
Segundo o pesquisador Daniel Rönnau, que estuda sobre a história do futebol de Novo Hamburgo, a última sede do Esperança foi palco, além dos jogos de futebol, de outras atividades. "Tinha pedana de tiro, bicicross, piscina, boate, pista de motocross, CTG e o campo de futebol."
No futebol, o ponto alto com o time profissional foi em 1945, que, de acordo com Rönnau, o Esperança ficou em 3º lugar no Campeonato Gaúcho, ano que o Internacional foi campeão derrotando o EC Pelotas.
Um histórico do Esperança
Com as lembranças de lazer na antiga chácara dos Irmãos Maristas, Luft, que também escreveu diversos artigos sobre histórias de Novo Hamburgo, recordou a trajetória do Clube Esperança. "Essa sede, próximo à Prefeitura, que hoje está em obra de empreendimento, foi a quarta sede do Esperança. A primeira foi em frente ao Colégio Santa Catarina, que depois foi uma fábrica de calçados", conta o professor.
Conforme Luft, após o período do Esperança em frente ao Santa Catarina, o clube ganhou um espaço em uma fábrica de cerveja, que hoje é o Colégio Pasqualini.
"Em 1916 chegou o imigrante alemão Maximiliano Fischel e adquiriu áreas de terra de 11 hectares, abriu uma cervejaria e cedeu um estádio para os jogos do Esperança."
A terceira sede foi o Estádio 10 de Maio, em Hamburgo Velho, onde os esperancistas construíram pavimento administrativo e arquibancada para 1 mil pessoas. "Fim da década de 60, o internato fechou e foi aí que o clube comprou as terras dos Maristas. Quando se complicaram nos pagamentos do financiamento, eles pediram ajuda da Prefeitura e na época o então prefeito, Alceu Mosmann, comprou 6 hectares e, com isso, o financiamento do Esperança foi quitado", explica Luft.
Nos seis hectares foi criado o Horto Botânico. "Local lindo com espaços para produção de mudas e flores e as crianças de escola iam para lá em atividades", salienta o professor.
Grupo de Teatro do Esperança foi o primeiro que surgiu na cidade
Na pesquisa da história do clube, Rönnau acrescenta que em 1924 surge o primeiro grupo de teatro de Novo Hamburgo, formado no Esperança. Os artistas apresentaram a peça O Pequeno Polegar.
Entre os participantes estavam: Irmão Alvício, Frederico Lothar Ott, Silvino Ott, Fridolino Ott, Gradinho Bütten Kurt, Waldemar Scharden, Pedro Araújo, Carlos Jung, Lothar Blankenheimer, Walter Kunz, Emílio Hofmann, maestro Samuel Dietschi, Paulo Blankenheimer, Alvisio Klaser e Irmão Mário.
A partir da década de 50 não há mais registros de apresentações.
Nostalgia e boas lembranças dos tempos do futebol
"Lembranças são oportunidades de reviver momentos felizes e rever pessoas que já se foram", é o que diz o professor de educação física Jorge Geller, que relembra a dedicação que a mãe, Plácida Geller, tinha pelo clube. "Minha mãe era esperancista fanática, lembro dela desfilando pelo clube no 7 de setembro." conta Geller.
Geller também atuou no Clube Esperança, já na época das piscinas. "Em 1985 eu dei aulas de natação para os associados. O Esperança era o clube que tinha a maior área de terras, tinha campo de futebol, pista de motocross, ginásio e piscina. Como era morador de Hamburgo Velho, eu torcia para o Esperança junto com minha mãe."
O engenheiro civil Júlio Steffen, 72, também guarda boas recordações. Seu pai, o Breno Steffen, mais conhecido como Geada, jogou no Esperança de 1939 a 1947. "Quando eu entendia as coisas ele já não jogava mais, então tudo o que sei dele jogando foi o que me contou. Posso dizer que herdei as recordações do meu pai, pois as minhas lembranças são as dele", declara Steffen.
"Meu pai contava sobre o campeonato Floespe, em que os maiores rivais da época, Floriano e Esperança, se enfrentavam. Lembro de sentar com meu pai e ele me contar, meu pai era torcedor do Esperança, de todos os times ele sempre preferia o Esperança. Em Hamburgo Velho tínhamos uma turma que torcia para o time e também no São Jacó, onde eu estudava", reforça Luft.
No fim de janeiro, o avanço das obras do condomínio Serena fez reaparecer não só as piscinas do antigo Clube Esperança, mas também lembranças. A memória coletiva de quem vivia em Novo Hamburgo na década de 1960 permitiu que, depois da publicação da reportagem sobre as antigas piscinas no Jornal NH, uma fração da história da cidade pudesse ser contada por quem a vivenciou.
A área onde será edificado o condomínio no bairro Canudos já foi sede do clube, mas antes pertenceu aos Irmãos Maristas. Essa história quem conta é o professor e irmão Marista no Pio XII Joaquim Luft, 79 anos. "O espaço que tem 36 hectares pertencia aos Irmãos Maristas. Havia criação de aves, gado leiteiro e varas de porcos, e verduras que serviam os internos do Colégio Marista São Jacó", conta.
É deste tempo que Luft se recorda. "Nos finais de semana a gente, do Pio XII, e os internos do São Jacó se reuniam lá para aproveitar. Sinto por não ter fotos da época, mas ficou na memória", declara Luft, ao lembrar do futebol e contato com a natureza.
Esporte em destaque no Jornal NH
O Clube Esperança foi por diversas vezes pautas em edições do Jornal NH, na maioria delas as matérias estampavam foto de capa ou manchete, a página de esporte foi edição de muitos eventos que ocorriam no clube.
Segundo o pesquisador Daniel Rönnau, que estuda sobre a história do futebol de Novo Hamburgo, a última sede do Esperança foi palco, além dos jogos de futebol, de outras atividades. "Tinha pedana de tiro, bicicross, piscina, boate, pista de motocross, CTG e o campo de futebol."
No futebol, o ponto alto com o time profissional foi em 1945, que, de acordo com Rönnau, o Esperança ficou em 3º lugar no Campeonato Gaúcho, ano que o Internacional foi campeão derrotando o EC Pelotas.
Um histórico do Esperança
Com as lembranças de lazer na antiga chácara dos Irmãos Maristas, Luft, que também escreveu diversos artigos sobre histórias de Novo Hamburgo, recordou a trajetória do Clube Esperança. "Essa sede, próximo à Prefeitura, que hoje está em obra de empreendimento, foi a quarta sede do Esperança. A primeira foi em frente ao Colégio Santa Catarina, que depois foi uma fábrica de calçados", conta o professor.
Conforme Luft, após o período do Esperança em frente ao Santa Catarina, o clube ganhou um espaço em uma fábrica de cerveja, que hoje é o Colégio Pasqualini.
"Em 1916 chegou o imigrante alemão Maximiliano Fischel e adquiriu áreas de terra de 11 hectares, abriu uma cervejaria e cedeu um estádio para os jogos do Esperança."
A terceira sede foi o Estádio 10 de Maio, em Hamburgo Velho, onde os esperancistas construíram pavimento administrativo e arquibancada para 1 mil pessoas. "Fim da década de 60, o internato fechou e foi aí que o clube comprou as terras dos Maristas. Quando se complicaram nos pagamentos do financiamento, eles pediram ajuda da Prefeitura e na época o então prefeito, Alceu Mosmann, comprou 6 hectares e, com isso, o financiamento do Esperança foi quitado", explica Luft.
Nos seis hectares foi criado o Horto Botânico. "Local lindo com espaços para produção de mudas e flores e as crianças de escola iam para lá em atividades", salienta o professor.
Grupo de Teatro do Esperança foi o primeiro que surgiu na cidade
Na pesquisa da história do clube, Rönnau acrescenta que em 1924 surge o primeiro grupo de teatro de Novo Hamburgo, formado no Esperança. Os artistas apresentaram a peça O Pequeno Polegar.
Entre os participantes estavam: Irmão Alvício, Frederico Lothar Ott, Silvino Ott, Fridolino Ott, Gradinho Bütten Kurt, Waldemar Scharden, Pedro Araújo, Carlos Jung, Lothar Blankenheimer, Walter Kunz, Emílio Hofmann, maestro Samuel Dietschi, Paulo Blankenheimer, Alvisio Klaser e Irmão Mário.
A partir da década de 50 não há mais registros de apresentações.
Nostalgia e boas lembranças dos tempos do futebol
"Lembranças são oportunidades de reviver momentos felizes e rever pessoas que já se foram", é o que diz o professor de educação física Jorge Geller, que relembra a dedicação que a mãe, Plácida Geller, tinha pelo clube. "Minha mãe era esperancista fanática, lembro dela desfilando pelo clube no 7 de setembro." conta Geller.
Geller também atuou no Clube Esperança, já na época das piscinas. "Em 1985 eu dei aulas de natação para os associados. O Esperança era o clube que tinha a maior área de terras, tinha campo de futebol, pista de motocross, ginásio e piscina. Como era morador de Hamburgo Velho, eu torcia para o Esperança junto com minha mãe."
O engenheiro civil Júlio Steffen, 72, também guarda boas recordações. Seu pai, o Breno Steffen, mais conhecido como Geada, jogou no Esperança de 1939 a 1947. "Quando eu entendia as coisas ele já não jogava mais, então tudo o que sei dele jogando foi o que me contou. Posso dizer que herdei as recordações do meu pai, pois as minhas lembranças são as dele", declara Steffen.
"Meu pai contava sobre o campeonato Floespe, em que os maiores rivais da época, Floriano e Esperança, se enfrentavam. Lembro de sentar com meu pai e ele me contar, meu pai era torcedor do Esperança, de todos os times ele sempre preferia o Esperança. Em Hamburgo Velho tínhamos uma turma que torcia para o time e também no São Jacó, onde eu estudava", reforça Luft.
A área onde será edificado o condomínio no bairro Canudos já foi sede do clube, mas antes pertenceu aos Irmãos Maristas. Essa história quem conta é o professor e irmão Marista no Pio XII Joaquim Luft, 79 anos. "O espaço que tem 36 hectares pertencia aos Irmãos Maristas. Havia criação de aves, gado leiteiro e varas de porcos, e verduras que serviam os internos do Colégio Marista São Jacó", conta.
É deste tempo que Luft se recorda. "Nos finais de semana a gente, do Pio XII, e os internos do São Jacó se reuniam lá para aproveitar. Sinto por não ter fotos da época, mas ficou na memória", declara Luft, ao lembrar do futebol e contato com a natureza.