Enquanto observa a cheia do Rio dos Sinos recuar vagarosamente no Loteamento Integração, na Lomba Grande, a dona de casa Andrina Gonçalez, 35 anos, relata o drama vivido pela família em dois anos morando em Novo Hamburgo. A família veio da Venezuela para o Rio Grande do Sul.
A enchente registrada na última semana de setembro invadiu novamente a casa alugada pela família, no final da rua Alcido Osmar Klein, e fez com que perdesse todos os móveis e eletrodomésticos pela segunda vez em três meses. A primeira vez, foi na enchente de junho.
Desde quinta-feira (28), a família de venezuelanos está fora de casa e residindo em um imóvel emprestado por um vizinho, no mesmo loteamento. “Não tivemos tempo de salvar nada de novo, é difícil, mas não penso em sair daqui, pois é um lugar bom e calmo pra morar”, afirma.
Conforme ela, nas quatro cheias do Rio dos Sinos entre junho e setembro, em duas ocasiões a água invadiu a casa e nas outras duas não chegou a entrar no imóvel, mas chegou no pátio.
Neto ficou 38 dias na UTI por ingerir água da enchente
Na enchente de junho, o neto de Andrina Gonçalez, um menino de 3 anos, ficou 38 dias internado na UTI do Hospital Regina com uma infecção generalizada após ingerir água da enchente. “Os médicos falaram que ele foi contaminado pela água, ficou com as vísceras tomadas de infecção e precisou passar por três cirurgias para limpar o organismo”, recorda.
A criança, que reside em outra casa, mas na mesma ruas, segue se recuperando, mas a família vive com a aflição de o menino voltar a ter complicações devido às constantes cheias do rio. “Minha filha está com água na porta de casa e desde semana passada não coloca o pé pra rua para não expor o pequeno”, explica Andrina.
Situação neste domingo
De acordo com a Defesa Civil de Novo Hamburgo, a cidade registra 20 desalojados, que estão nas casas de familiares ou amigos, e nenhum desabrigado por conta da cheia da última semana.
A água atingiu casas em alguns pontos da cidade. Segundo o órgão de segurança municipal, na maioria dos casos apenas nos pátios ou ruas. Tiveram registros no Bairro Canudos, Vila Kroeff e em Lomba Grande. Conforme a Defesa Civil, os moradores não quiseram deixar as suas residências.
Na Rua Bruno Werner Storck, no Bairro Canudos, por exemplo, há um ponto de alagamento. Os moradores garantem que a água não entrou nas casas, porém o mau cheiro da água escura é um incômodo e gera preocupação com contaminação e possíveis doenças.
O ápice da enchente foi no sábado (30), quando o nível do Rio dos Sinos tingiu 7,03 metros no município. Neste domingo (1°), o rio teve recuo de 10 centímetros. Por volta das 7 horas, media 6,93 metros. Conforme o chefe operacional da Defesa Civil do Município, Arci Darci Fetter Junior, a situação ainda é de alerta. “A água deve deixar totalmente as ruas na faixa do 6,60 quando saímos do estado de Alerta para Atenção”, afirma.
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