RIO DOS SINOS

CATÁSTROFE NO RS: Novo Hamburgo projeta pior cheia da história e mais um abrigo é aberto

Expectativa é que o nível ultrapasse a marca de 8,22 metros. Ginásio do Ciep do Canudos já está lotado

Publicado em: 02/05/2024 17:16
Última atualização: 02/05/2024 17:19

Assim como em Campo Bom, a cheia do Rio dos Sinos deve superar a enchente história de 2013 em Novo Hamburgo. A expectativa é de que o nível ultrapasse a marca de 8,22 metros na cidade.


Banhado da Avenida dos Municípios Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Às 9 horas desta quinta-feira (2), a marca era de 7,48 metros, e as 16h30, já tinha alcançado os 8,08 metros, ou seja, apenas 14 centímetros mais baixo do nível de 2013. Segundo a prefeitura, há uma elevação de cerca de seis centímetros por hora.

O alerta sobre a situação crítica foi feito pela prefeita Fatima Daudt em reunião nesta tarde. Por conta do cenário apresentado, a chefe do Executivo decretou situação de emergência no Município e determinou o cancelamento das aulas em toda a rede municipal de ensino na sexta (3).

Com o ginásio do Ciep de Canudos lotado, com 250 pessoas, e o ginásio do Colégio Sinodal da Paz com cerca de 50 pessoas, a Prefeitura vai abrir um terceiro abrigo no ginásio do Sesi, no bairro Rondônia, local que ainda será preparado.


Abrigo foi montado no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Um carro de som já está percorrendo ruas dos bairros Canudos e Santo Afonso alertando moradores para o risco de inundação em áreas que nunca haviam sido atingidas anteriormente. Além disso, veículos de entidades ajudarão na remoção de famílias.

Na manhã desta quinta-feira, muitas pessoas já retiravam seus pertences e se obrigaram a sair de casa na Vila Getúlio Vargas, bairro Canudos. Com o banhado do Rio dos Sinos cheio, o volume das águas nesta região crescia aos poucos.

Iago da Rosa Soares ficou com o carro dentro d’água e contou a ajuda de amigos para rebocar o veículo. No entanto, perdeu na enchente os documentos e o celular novo, que ainda estava pagando. Mas a sua maior preocupação era com a família, pois precisava resgatar a esposa e os quatro filhos que estavam em casa, incluindo um bebê de 19 dias.


Iago da Rosa Soares, 23 anos, ficou com o carro dentro da enchente e precisava retornar para resgatar a família Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Um pouco mais adiante, à margem da Avenida dos Municípios, a família de Paola Freitas da Luz, 19, construiu um galpão improvisado para acomodar todas os móveis e roupas que conseguiram tirar da casa, que já estavam tomadas pela água.


Paola Freitas da Luz, 19 anos, ficou de guardiã da barraca construída para acomodar as coisas que estavam dentro de casa Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Em outras enchentes, eles chegaram a acampar na beira da via pública, mas não se sentiram seguros. “As duas camas molharam quando a gente trouxe. Vamos ver o que fazer depois”, disse, ainda sabendo se passariam a noite ali ou encontrariam uma outra saída. De acordo com ela, o pai não tinha ideia de deixar o imóvel, onde moram há 11 anos, sozinho porque tem animais.


Enchente à beira da Avenida dos Municípios Foto: Débora Ertel/GES-Especial


No ginásio do Sinodal da Paz, a família de Vani Martins da Cruz, 57, foi uma das primeiras a chegar no local. Moradora da Vila Palmeira, viu a que água começou a subir à 1 hora desta quinta, sendo retirada pela Defesa Civil por volta das 17 horas. Deixou tudo para trás, com exceção de uma sacola com roupas e um cobertor.


Dienifer da Cruz Godoy, 15, Vani Martins da Cruz, 57, Jéferson da Cruz Godoy, 13, e Cassiano Godoy, 12, no abrigo municipal Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Com Vani, ainda vieram os filhos Jéferson e Dienifer da Cruz Godoy, 13 e 15, e o neto Cassiano Godoy, 12. “Nem recuperei nada do que perdi da outra vez ainda. O importante é que estamos vivos”, disse. Com uma gestação de risco, Ana Caroline Moraes da Silva Araújo, grávida de seis meses, também foi levada para o abrigo, recebendo os cuidados da equipe de saúde.


Já Gilson Juliano de Souza, 39, que necessita de um andador para se locomover por problemas de saúde, veio com a família e fez questão de trazer os cachorros de estimação para o ginásio.


Abrigo foi montado no Ginásio do Colégio Sinodal da Paz Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Durante a reunião de hoje, a prefeita pediu à Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI), à Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e ao Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) que disponibilizem caminhões e outros veículos para ajudar a remover pessoas. Os moradores poderão pedir pelos veículos no Ciep Canudos (Rua Amalie Thon, 50, entrada pela Rua Presidente Costa e Silva) e na Praça da Juventude (Rua Honduras, 150, bairro Santo Afonso).


Já a Companhia Municipal de Urbanismo (Comur) vai auxiliar no transporte dos móveis. “Quem tiver onde deixar móveis, como casa de parentes e amigos, poderá utilizar estes veículos”, antecipa a prefeita. Os abrigos receberão apenas itens pessoais.

A Prefeitura também vai providenciar a compra de 300 colchões, enquanto as entidades se comprometeram com a doação de 115 unidades.

Doações da comunidade, como colchões e roupas de cama, como cobertores, lençóis e travesseiros, devem ser entregues na Fenac, com entrada pelo portão da área administrativa na Rua Araxá, das 9 às 19 horas, incluindo sábado e domingo.


Enchente na Vila Getúlio Vargas, bairro Canudos, em Novo Hamburgo Foto: Débora Ertel/GES-Especial

“O desejo de ajudar é muito grande, mas o momento exige muito cuidado. As pessoas que moram próximas de áreas de cheias e que não inundavam antes devem levantar seu móveis e evitar se colocar em risco. Procurem abrigos em casas de parentes ou amigos ou ainda nos abrigos da Prefeitura”, concluiu a prefeita.

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