Apesar de ainda ter ruas alagadas, grande parte do bairro Santo Afonso, em Novo Hamburgo, já está em fase de reconstrução. Moradores passam os dias descartando móveis e fazendo a limpeza de suas casas, mas mesmo com este trabalho sendo feito, o retorno definitivo ao lar ainda está longe, principalmente com a volta de fortes chuvas durante toda essa quinta-feira (23).
Clarice Maurício de Barros, de 47 anos, mora com o filho Cauã Neis de Barros, de 18, em uma casa na rua Dique da Amizade, bem próxima ao Arroio Luiz Rau e a menos de 800 metros do Rio dos Sinos. A água cobriu sua casa e o início da limpeza só foi possível na quarta-feira (22). “Nós estamos tentando ver o que é possível secar e recuperar entre os eletrodomésticos. Mas todo o resto está em escombros na frente de casa”, comenta.
Ela e o filho estão na casa de familiares, mas já precisaram “se mudar” quatro vezes para fugir da água. Por conta disso, a volta da chuva já lhe trouxe grandes preocupações. “A gente vem e limpa, conta com a ajuda dos amigos, da família, mas voltar pra casa ainda não dá, não temos segurança. Começa a chover e já vem o medo de uma nova enchente”, afirma.
Sem poder voltar para casa, Enio Alves de Oliveira ajudava Clarice na limpeza ao mesmo tempo em que ele nem mesmo sabia se teria casa para voltar. “É uma casa de madeira que ficou embaixo d’água e pelo que vi está desabando”, conta.
Uma semana para a retomada
Débora Prate de Mello, 37 anos, e Joel Nunes, 31, vivem na rua Punta Arenas com os dois filhos. Desde que tudo começou, estão todos na casa da mãe de Débora, em Portão. Nesta quinta (23), o casal voltou para casa para limpar e recuperar o que pudessem. Como quase todos os atingidos pela enchente, eles perderam tudo.
Já sem água perto de casa, o retorno ainda não será neste momento. Ela estima que levará pelo menos mais uma semana até que tudo esteja seco dentro de casa, além de se sentirem seguros para essa volta. “O tempo começa a fechar e já bate o medo de tudo acontecer de novo”, disse.
As vizinhas Estrelita Duarte, 30, e Júlia Rosa de Oliveira, 19, moram na rua Costa Rica e estão abrigadas com outros familiares. “A gente quer voltar de uma vez para casa, mas eu nem sei se vou ter casa para voltar. Vi uma foto em que mostra minha casa tombada. E com essa chuva, a gente não sabe se a água vai baixar ou vai subir”, lamenta Estrelita.