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CATÁSTROFE NO RS: "Uma vida inteira debaixo d'água", diz moradora que tenta voltar para casa em Novo Hamburgo

Enquanto alguns moradores dedicam o fim de semana para a limpeza dos imóveis, outros não têm ideia de quando a água vai baixar

Publicado em: 11/05/2024 17:14
Última atualização: 11/05/2024 19:02

A chuva que retornou ao Estado deixa moradores da região ainda mais apreensivos. Em Novo Hamburgo, ainda há muitas famílias desabrigadas e desalojadas. Mesmo sem saber se as águas voltarão a subir, alguns moradores de Canudos passaram a manhã deste sábado (11) tentando limpar e organizar residências, comércios e igrejas.


Casal limpa igreja no bairro Canudos Foto: Juliana Nunes/GEs-Especial

O pedreiro Derli da Silva Moura, 55, e a esposa, a dona de casa Ironita de Mello Vieira, 55, tiveram a casa, na rua Leopoldo Rodrigues, no bairro Canudos, totalmente alagada. Os moradores estão provisoriamente em um abrigo da cidade e neste sábado (11) se dedicam à limpeza da igreja evangélica da qual fazem parte, na Rua Presidente Costa e Silva.

"A água nunca tinha chegado neste nível. Conseguimos erguer algumas coisas, mas a água avançou muito rápido e perdemos as forças. Não sabemos quando a igreja vai reabrir e nem quando voltaremos para a casa. Não temos mais cama para dormir, não temos mais fogão, não sabemos como vai ser", conta Derli.

A fé é o que move o casal que encontra forças para seguir em frente mesmo diante de toda a dificuldade. "Olhamos para o lado e vemos gente muito pior que nós. Tem famílias que perderam parentes, gente que segue desaparecida. Nós teremos forças para recomeçar", diz Ironita.

Como voltar?


Ana vê sua casa de longe no bairro Santo Afonso Foto: Juliana Nunes/Ges-Especial

Na rua Assuncion, no bairro Santo Afonso, também em Novo Hamburgo, a técnica em enfermagem Ana Rodrigues, 31, espia parte de sua casa que não foi tomada pela enchente. Parte da via continua totalmente alagada e o máximo que a moradora consegue fazer é olhar de longe na esperança de que, logo, as águas comecem a recuar.

"A água chegou a cobrir toda minha casa. É uma vida inteira debaixo d'água. Venho quase todos os dias olhar a casa de longe. É um momento desafiador. No momento estou ficando na casa da minha mãe", explica Ana.

Mesmo com a perna imobilizada após fraturar o joelho em uma queda, a dona de casa Terezinha da Silva, 59, ajudou a família a organizar o que restou da residência que foi tomada pela água no bairro Canudos.

"Eu ajudei a limpar as paredes. Começamos a limpar a casa ontem (10), mas perdemos praticamente tudo. É a terceira vez que a água chega aqui, mas foi bem pior agora, foi tudo muito rápido", comenta Terezinha, que segue em um abrigo no bairro.

"Estou em um abrigo, tem comida, atendimento é bom, mas não é o cantinho da gente. Quero poder voltar logo, tirar esta tala da perna e começar a planejar sair daqui. Quero morar em Novo Hamburgo, mas em um lugar que não alague", relata a moradora de Novo Hamburgo.

 

 

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