Em meio à devastação causada pela enchente em Novo Hamburgo, um aspecto essencial da recuperação das vítimas está recebendo atenção especial: a saúde mental.
A gerente de Saúde Mental de Novo Hamburgo, Sayonara de Matos, tem coordenado um esforço conjunto para fornecer apoio psicológico aos desabrigados abrigados na Fenac, com uma abordagem que combina assistência profissional e voluntária.
“Tem pessoas que passam várias horas conosco, estamos dando suporte,” explicou Sayonara. “Temos profissionais nossos, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais que são funcionários, que estão fazendo horas aqui e temos muitos voluntários.”
Esse apoio é crucial para ajudar as vítimas a lidar com a ansiedade, o medo e o trauma causados pela enchente, especialmente para aqueles que já vivenciaram eventos semelhantes no passado.
Promoção da saúde mental em meio ao caos
A criação de um ambiente de suporte e comunidade é um dos objetivos principais da equipe de saúde mental. Sayonara relatou que, além dos atendimentos individuais, estão sendo organizados grupos de saúde mental e oficinas diárias.
“Estamos começando a fazer grupos de saúde mentais e oficinas todos os dias,” disse ela. Essas atividades não apenas proporcionam um espaço para expressão e cura, mas também ajudam a construir uma sensação de normalidade e esperança.
Especificamente para as crianças, há um atendimento dedicado, reconhecendo que elas são particularmente vulneráveis em tempos de crise. “Temos atendimento específico para crianças,” afirmou Sayonara, destacando a importância de oferecer um espaço seguro e terapêutico para os pequenos.
Ações conjuntas
A integração de diferentes secretarias e voluntários de diversas áreas tem sido fundamental para o sucesso da assistência. “Todas as secretarias estão se unindo para atender eles, além de voluntários das mais diversas áreas,” explicou ela.
Entre as iniciativas, foi montada uma biblioteca e solicitadas doações de livros e brinquedos, essenciais para as atividades terapêuticas. “Fizemos uma biblioteca, pedimos bastante doação de livros, pois eles leem muito aqui,” disse ela.
Além disso, estão sendo planejadas oficinas profissionalizantes, visando proporcionar novas oportunidades para os desabrigados. “Queremos voluntários que possam dar oficinas profissionalizantes, para as pessoas poderem sair daqui com outra possibilidade,” afirmou Sayonara.
Sentimentos de ansiedade e esperança
Os sentimentos entre os desabrigados variam de ansiedade e medo até um senso de comunidade e esperança. Sayonara observou que muitas pessoas estão lidando com a ansiedade de visitar suas casas e ver a destruição.
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“As pessoas aqui estão bastante ansiosas, muitas estão indo bastante para suas casas e vendo a situação, com ansiedade em relação a como será depois,” disse ela.
Apesar do sofrimento evidente, há uma tentativa coletiva de estruturar uma nova comunidade dentro do abrigo. “Algumas estão bem deprimidas, mas, ao mesmo tempo estão estruturando aqui uma comunidade, se sentindo apoiadas,” comentou ela.
Desafios futuros
A situação ainda exige muitos recursos e apoio contínuo. Atualmente, segundo a gerente, os serviços de saúde mental do município estão operando com apenas 30 a 40% da capacidade normal, destacando a necessidade de mais voluntários e materiais para manter os atendimentos.
Pensando no futuro, Sayonara enfatizou a importância de continuar a oferecer suporte mesmo após o retorno das pessoas às suas casas. “Acredito que vamos precisar pensar em promoções intersetoriais de saúde física e mental no Estado,” afirmou ela.
Como ajudar
A Fenac é ponto de coleta de doações de alimentos não-perecíveis, roupas, toalhas, colchões e roupas de cama e está aberta das 9h às 19h. As doações recebidas estão sendo separadas e os abrigos estão recebendo parte destas doações.
Se você quer ser voluntário, pode entrar em contato pelo telefone whatsapp 51 98054- 9244 – somente por mensagem. Informe seu nome e os horários que tem disponíveis, ou vá direto na Fenac e diga que quer ser voluntário.